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sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Pedrógão Grande espera



por estatuadesal
(João Quadros, in Jornal de Negócios, 08/09/2017)
quadros
Já me pus a pensar e, se calhar, metade da massa de Pedrógão foi para o SIRESP. São os que mais precisam. Até estranho a malta do SIRESP não nos cravar leite e barras energéticas.

Quase três meses depois, o dinheiro doado para ajudar as vítimas de Pedrógão Grande ainda não chegou a todos os que precisam. Entre donativos de anónimos, famosos e várias contas solidárias abertas, o valor já chega aos quinze milhões de euros. Eu acho que esta notícia tem tudo que ver com outra que marcou esta semana. A confiança dos portugueses alcançou os 82 pontos, no segundo trimestre deste ano, o valor mais alto alguma vez registado em Portugal. É impossível não associar uma à outra. É o problema da confiança dos portugueses estar a níveis nunca vistos. Estamos demasiado confiantes. Entregamos o dinheiro a qualquer pessoa e confiamos que vai mesmo para Pedrógão.
Já me pus a pensar e, se calhar, metade da massa de Pedrógão foi para o SIRESP. São os que mais precisam. Até estranho a malta do SIRESP não nos cravar leite e barras energéticas. Ou: "Tragam um cozido à portuguesa, aqui à sede do SIRESP, que os nossos quadros superiores estão cheios de larica."
Se eu fosse a Porto Editora, editava um labirinto, unissexo, com vinte páginas, onde tínhamos de ir dar com o dinheiro de Pedrógão Grande. Onde é que anda a massa? Eu começo logo a imaginar como estão as casas dos indivíduos que ficaram com a massa de Pedrógão. Aposto que têm piscina. As pessoas de Pedrógão, depois do que passaram, têm de andar atentas porque há uns focos de gatunagem? "Ai, estamos desconfiados que isto é gamanço posto."
Entretanto, o Governo já admitiu que pode estar a ser feito um aproveitamento abusivo de subsídios. Apesar de afirmar que "o risco é muito limitado", o ministro Vieira da Silva avisa que se algum problema for detectado, a justiça entrará "em campo". E depois de uma investigação, a PSP vai concluir que foi um raio que atingiu o dinheiro de Pedrógão.
Segundo li, as Misericórdias gastaram, até agora, apenas perto de 12.000 euros do fundo de 1,6 milhões e, provavelmente, foi num jantar, numa marisqueira, para combinar quando entregam o dinheiro. Sempre são três meses a render juros. Tenho a teoria de que a Cáritas anda a criar excêntricos todas as semanas.
Custa assim tanto pôr o dinheiro onde é necessário?! As Misericórdias não podiam contratar o ex-motorista do Sócrates? Três meses?! Só se é porque agora é que eles estão a ver a dificuldade de viver no interior, e estão há três meses a tentar lá chegar com o dinheiro e não conseguiram transporte.
Somos um país que demora três meses a fazer chegar 15 milhões a Pedrógão Grande mas onde, num instantinho, se põem vários milhares de milhões nas ilhas Caimão. O dinheiro dos pobres rasteja, o dos ricos voa.

TOP-5
Onde está a massa
1. Madonna vive em suite de hotel com 400 metros quadrados - O filho da Madonna é o jogador do Benfica com melhor casa.
2. Um aeroporto em Coimbra - Está mesmo a pedir ideias para praxes.
3. Depois do furacão Harvey, três furacões, Irma, José e Katia, progridem em simultâneo no Atlântico - Se o Trump fosse esperto dava nomes muçulmanos aos furacões.
4. Já se pode tomar banho na praia de Carcavelos - Já não há ratazanas mortas, elas agora já nadam e estão muita fixes.
5. Uma empresa portuguesa misteriosa de nome Yupido está registada com um capital social de quase 29 mil milhões de euros, o maior de Portugal - Com isto da Yupido, a Madonna deixou de ser interessante e passou a ser de classe média.
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“NÃO DAR UM PASSO MAIOR QUE A PERNA…”



por estatuadesal
(Joaquim Vassalo Abreu, 08/09/2017)
passo
(Este texto reflecte apenas a opinião do seu autor, sobretudo no que toca à sua declaração negativa de voto eleitoral. Esta página não faz declarações de voto explícitas, nem a favor nem contra, até porque as Estátuas não votam.
Estátua de Sal, 08/09/2017)

Lentamente começo a actualizar-me e, agora que terminou o período estival e recomeça a disputa política, também eu vou retomando os meus velhos hábitos e vendo alguma TV.
E ouvi hoje esta lapidar frase de António Costa, que releva da sabedoria popular e do bom senso, não admitindo, por isso, qualquer relevante contraditório, e verifiquei de imediatos três tipos de reacções: Por um lado o ar estupefacto de Passos Coelho, que desejava realmente que Costa aceitasse, por pressão dos seus aliados, dar “um passo maior que a perna”, a de Catarina Martins, também estupefacta e dando uma resposta leviana e inconsequente e, por fim, a posição sempre sensata do PCP que prefere esperar para ver, mas sempre disposto a lutar pelo possível.
“Lutar pelo possível” disse eu e conscientemente o disse. Porque é disso mesmo que se trata.
Pois vejamos: Se os resultados da Economia têm sido francamente bons; se os valores das principais variáveis económicas e sociais têm tido um comportamento francamente positivo ( a confiança, o investimento, o consumo privado, as exportações etc e etc.), tudo isso tem por sustentação dois aspectos nitidamente relevantes: por um lado a sensação de que o Governo tudo tem feito para inverter o ciclo da austeridade e reverter rendimentos, mesmo que faseadamente e, por outro lado, a certeza de que tudo isso tem sido feito observando e respeitando integralmente as condicionantes que nos são impostas pelo controle do défice e pelo rating da dívida.
Assim sendo, constituindo esta notável melhoria da situação económica e global um desafio a uma estabilidade sustentável, não só desejável como imprescindível, ela não pode ser desperdiçada por desejos de um aproveitamento pontual que se poderá tornar malévolo num futuro próximo.
As posições do Bloco de Esquerda, imediatistas , não digo irresponsáveis mas no mínimo aéreas, não condizem minimamente com a aceitação da realidade nem com as suas exigência e mais me parecem a daquelas famílias que, tendo conseguido uma momentânea melhoria da sua situação orçamental, desatam logo a gastar sem cuidar de poupar ou antever uma crise futura.
Reivindicar, como faz o BE, para que depois o sucesso das medidas sejam obra sua, é o caso de uma política pouco responsável e até oportunista, que nada aporta nem ao bom senso nem à estabilidade.
Contrário é, como disse, o comportamento do PCP. O PCP elege temas comportáveis e realizáveis. Estuda-os e, movimentando-se na sombra, sabe perfeitamente da exequibilidade e de todos os contornos mas, sabendo serem medidas possíveis e compagináveis, não prescinde delas. É consequente e responsável.
O BE apenas quer louros e apresenta uma Catarina sempre mal disposta. Não é bem o Passos Coelho, embora às vezes pareça, mas coloca-se muitas vezes a jeito!
É que Passos Coelho logo veio dizer do seu desejo: que os Partidos de Esquerda que apoiam esta solução parlamentar se desentendam e deixem o PS a falar sozinho!
Isto é o que ele sonha, já que todos os seus sonhos se têm perdido no anedotário do tempo, a não ser que a Catarina ajude…
De modo que eu reafirmo, corroborando energicamente a frase de Costa, que “ Não dar um passo maior que a perna”´ é o que impõe o bom senso e a razoabilidade!
O BE quer derrubar o Governo? Pois que derrube! Vai-se arrepender eternamente…
Não tenho nada contra o Bloco, mas nunca nele votaria!
É a minha opinião! Apenas minha!
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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Abaixo o crescimento do país!

por António Fernando Nabais

Passos Coelho, enquanto foi primeiro-ministro, aumentou a dívida pública, provocou mais desemprego, causou a perda de rendimentos dos que tinham menos rendimentos, agravou radicalmente a perda de qualidade de muitos serviços públicos (graças também à privatização cega de áreas que não deveriam ser privatizadas) e pisou direitos laborais e, portanto, humanos, praticando uma subserviência cega a ditames de uma aparente união europeia que, na realidade, está ao serviço de poderes económicos que se caracterizam por uma absoluta desumanidade, ansiando por salários baixos e direitos sempre mais mínimos. Passos Coelho, relembre-se, fez tudo isto, depois de ter garantido que não faria o contrário, ganhando eleições com base num chorrilho de mentiras.
Depois de quatro anos de destruição, Passos Coelho, sempre com a mesma falta de vergonha na cara de quem é capaz de inventar suicídios, aparece agora a dizer que, com ele no governo, o país estaria a “crescer mais”. Desde que Luís Montenegro, essa luminária do passismo, declarou que o país estava melhor, mesmo que as pessoas não estivessem, fiquei insensível ao conceito de crescimento que povoa a mente desta gentinha alimentada a doses de cavaquismo e a restos da universidade de Verão e para quem as pessoas são abstracções, objectos puramente mentais que, portanto, não precisam de se alimentar ou de viver.
Declaro, portanto, que sou radicalmente contra o crescimento do país. Onde é que assino?

Fonte: Aventar
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O suicida de Pedrógão Grande



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 07/09/2017)
PASSOS_BEBE2
(Não é Água das Pedras, é vodka da pura. Passos Coelho é perito em enganar a malta. Só assim se explica tanta palhaçada falhada e tanto tiro no pé. António Costa deve andar a esfregar as mãos de contente.
Estátua de Sal, 07/09/2017)

Desde que os incêndios de Pedrógão ocorreram que o país tem assistido a uma catadupa de acontecimentos que nada têm que ver com a resolução dos problemas. O famoso assalto a Tancos ainda deu uma ou duas semanas de descanso a Pedrógão Grande, mas m al se percebeu que ali nada havia para explorar Passos e Assunção Cristas voltaram ao ataque.
Nos primeiros dias Cristas andou desaparecida e Passos ainda ensaiou uma postura de homem de Estado, visitou a Proteção Civil e poupou nas declarações. Poucos dias depois percebeu que podia fazer render as vítimas dos incêndios em seu favor e foi a correr para Pedrógão, ao que parece o candidato a autarca do PSD e senhor da Santa Casa local tinha boas novidades para o ajudar. Surge então a declaração de que alguns cidadãos se tinham suicidado, enquanto outros ficaram feridos por tentativas falhadas de suicídios. No mesmo momento em que contava a sua “boa nova” foi desmentido por um assessor, mas insistiu nas tentativas de suicídio que terá deixado feridos.
A culpa dos suicídios foi a ausência do Estado, as vítimas dos incêndios estavam a suicidar-se porque não aparecia ninguém para os ajudar. Começou aqui a saga do argumento usado até á exaustão “o Estado falhou!”, argumento que foi promovido a estratégia política e usado em todos os domínios.
Depois da barracada dos suicídios Passos andou fugido e escondido durante uns tempos, até que surge outra oportunidade. Uma maluquinha de Lisboa andou a contar mortos e concluiu que teriam morrido quase cem pessoas nos incêndios de Pedrógão. Tal como a SIC em tempos acreditou num falso “assessor do FMI” que condenava a austeridade, Passos não hesitou em acreditar na maluquinha dos mortos. Durante dias o país suspeitou de que António Costa teria escondido mais de trinta cadáveres nos galinheiros dos perus de São Bento.
Desmontada a falsidade dos mortos, quando depois de muitos dias o MP se ter decidido a contar a verdade, apesar de todo o alarme público que tinha havido, Passos voltou para as suas ausências prolongadas dos últimos dois meses. Ainda ensaiou uma tentativa de dizer que a ajuda não estava a chegar ás populações, mas rapidamente se calou quando foi desmentido.
Agora Passos voltou a fazer surf à custa das vítimas dos incêndios, revelando uma grande irresponsabilidade e um total desconhecimento da situação pensou que o Governo estava a gerir mal os donativos dos portugueses para as vítimas dos incêndios. Deu mais um tiro no pé, pela enésima vez foi oportunista e falhou.

O que levará um líder de um grande partido a ser tão oportunista, não hesitando em aproveitar todos os boatos e mentiras de maluquinhas, revelando um total desconhecimento dos dossiers e um grande desinteresse pepa realidade, preferindo boatos e mentiras? Passos já fez tanta asneira neste dossier, apesar de todas as sondagens lhe sugerirem que tenha juízo e seja mais rigoroso, honesto e competente, que não se compreende esta fixação nos incêndios como se fossem a sua boia de salvação. Passos ainda não percebeu que não há incêndio que o salve.
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Anomalias?

Posted: 06 Sep 2017 05:09 PM PDT

Ao resistirem à tentação de entrar no governo de Costa, optando por extrair concessões modestas mas tangíveis em troca do apoio parlamentar, o BE e o PCP traçaram um caminho entre o fechamento sectário e a neutralização política, mantendo a oportunidade de colocar em cima da mesa soluções mais radicais [da reestruturação da dívida à saída do Euro] para as dificuldades do país quando a próxima crise da Zona Euro chegar.
Excerto da principal conclusão política de uma análise com fôlego à evolução histórica recente da formação social portuguesa, “anomalias lusas”, publicada pelo historiador irlandês Daniel Finn na que é para mim a melhor revista de pensamento político em sentido amplo do mundo anglo-saxónico, a New Left Review.
A crónica de Owen Jones no The Guardian, talvez suscitada pela leitura deste artigo, ilustra também o renovado interesse no caso português. É uma crónica interessante, mas prejudicada pelos hábitos voluntaristas e europeístas típicos do comentário progressista. Esquece-se das circunstâncias políticas específicas do tempo e do lugar que tornaram possível a actual solução e que tornam difícil a sua repetição noutros contextos, incluindo a extensão do recuo histórico anterior, de resto em larga medida por reverter, dada a natureza necessariamente limitada do que foi conseguido. E lembra-se de colocar às esquerdas contraproducentes tarefas de reforma com escala europeia, que estas não estão em posição de prosseguir nessa escala, e de sobrestimar as mudanças no PS, cujas elites ainda dominantes não fizeram o tipo de ruptura ideológica de Corbyn e companhia com a Terceira Via.
Entretanto, do último número da New Left Review consta também uma extensa entrevista a Catarina Martins que vale a pena ler pelas perguntas e pelas respostas. Se exceptuarmos um momento de injusto paternalismo em relação a um PCP de que está próxima nas áreas fundamentais, incluindo direitos e liberdades, e uma sobrestimação do papel bloquista no arranque da solução governativa, a verdade é que Catarina Martins está em grande forma na avaliação da conjuntura e da estrutura nas várias escalas. Sem ilusões em relação à social-democracia realmente existente, revela uma aguda consciência da economia política europeia.
Com esta direcção, o BE está em condições de evitar o triste destino do Syriza, não se deixando cooptar, nem condicionar por uma certa opinião euro-liberal dita de esquerda, muito presente na comunicação social, mas sem grande relevância política fora dela: intransigência estratégica e flexibilidade táctica, função de uma correlação de forças que pode e deve ser mudada.

Fonte: Ladrões de Bicicletas

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