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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Quem nos protege?




por estatuadesal

(Daniel Proença de Carvalho, 26/10/2017)

Daniel Proença de Carvalho

O debate na Assembleia da República da moção de censura ao governo teve o mérito de contribuir para compreender de forma mais sistematizada as responsabilidades dos governos ao longo das últimas décadas no acumular de erros que culminaram nas tragédias dos incêndios que vitimaram vidas humanas e privaram tantos de casa, fábricas, explorações agrícolas e florestais. Numa síntese, falhou o Estado numa das suas principais funções: garantir a segurança das pessoas e dos seus bens. Ao acusarem-se mutuamente dos atos e omissões cometidos nos vários governos que antecederam o eclodir desta catástrofe, os deputados e representantes do governo deram uma ajuda à compreensão das causas remotas e próximas do que aconteceu. A verdade é que todos têm a sua parcela de responsabilidade, não só os que estiveram no governo mas também os que sempre estiveram na oposição.

Nenhum deles colocou como prioridade as funções de soberania do Estado, nenhum deles concebeu uma estratégia de combate ao abandono do interior rural, à estrutura fundiária que conduziu à impossibilidade material de cuidar dos campos, em suma, às causas remotas da situação de perigo em que vivem as populações nessas regiões abandonadas à sua sorte. Como lapidarmente disse o nosso Presidente, essas pessoas foram abandonadas, porque não têm capacidade nem voz reivindicativa, não contam para as contas dos partidos.

Portugal fez grandes progressos na Saúde, na Educação, na Segurança Social - áreas em que o Estado e os privados investiram e competem.

O Estado investiu nessas áreas porque os benefícios estendem-se por todos os eleitores, sendo certo que o maior número destes votam nas zonas urbanas e no litoral. Os privados investem, naturalmente, onde está o mercado. Quem se interessa pelas populações do interior, que não dão votos aos partidos nem receitas aos privados?

A dimensão da tragédia fez-nos ver, a todos, mesmo aos que ignoram o mundo rural, que desta vez o Estado tem de agir. Esperemos que o faça com o concurso de todos e de forma competente.

Outra das lições do que se passou tem que ver com a descoordenação e a falta de liderança dos sistemas de ataque aos incêndios. A forma atabalhoada e sem coordenação eficaz dos vários agentes envolvidos pôs uma vez mais a nu uma administração a precisar de um choque de liderança e eficiência.

Mal refeitos do trauma dos incêndios, uma sentença de um tribunal superior confronta-nos com outro setor desprezado pelos políticos, entregue a uma autogestão à margem de qualquer escrutínio e à mercê de preconceitos que se sobrepõem ao império da lei. Dirão alguns que dois juízes não representam a Justiça e um acórdão não faz jurisprudência. Está enganado quem assim pensa.

O sistema de justiça não dá confiança aos cidadãos e às empresas, como está comprovado por todos os estudos conhecidos que recolhem e avaliam as opiniões dos cidadãos.

E o problema não está nas leis, está numa organização que funciona em autarcia, fechada sobre si própria, em regime de irresponsabilidade.

Quando o órgão competente para a "nomeação, colocação, transferência e promoção dos Juízes (...) e o exercício da ação disciplinar" (artigo 217.º da Constituição da República Portuguesa) se declara impotente para agir perante decisões de juízes que citam a Bíblia para desculpar ou atenuar a culpa de agressores de mulheres, sob o pretexto de salvaguardar a sacrossanta independência dos magistrados, estamos, aqui também, perante o falhanço do Estado em proteger pessoas indefesas.

Com a agravante de que, neste caso, o poder político diz que nos temas da justiça não se mete! Ou seja, não temos defesa perante os abusos de um dos mais poderosos poderes (passe o pleonasmo) do Estado.

Como sou advogado, com uma carreira já muito longa, acrescento que conheci e conheço muitos juízes e juízas que não se reveem nestes comportamentos, que são pessoas inteligentes, competentes e sensatas. Mas custa-me não ouvir uma única voz, nem dos sindicatos que os representam, a criticar comportamentos que deveriam envergonhar-nos a todos.





Não pode valer tudo!

Paula Santos

Paula Santos

25.10.2017 às 14h08

Ontem assistimos a um exercício inaceitável protagonizado pelo CDS – a instrumentalização de uma situação dramática vivida e sentida por milhares de pessoas na sequência dos incêndios que deflagraram no nosso país com o objetivo de retirar dividendos políticos.

O próprio texto da moção de censura é muito elucidativo quanto aos seus objetivos. No texto não se vislumbra qualquer consideração sobre as causas desta tragédia dos incêndios, nem uma única proposta para resolver o problema da floresta. Acho que está tudo dito!

No debate o CDS insistiu na tese de que o Estado falhou, quando o que falhou foram as opções da política de direita prosseguidas por sucessivos governos do PS, PSD e CDS.

Percebe-se que não queiram discutir a verdadeira origem da tragédia, falar sobre as causas dos incêndios, nem sobre as consequências da política que defenderam e implementaram. Não querem falar porque isso implica discutir as suas enormes responsabilidades na atual situação da floresta, no desinvestimento e no abandono do mundo rural, assim como no desinvestimento nos meios de combate a incêndios.

Não nos esquecemos das opções políticas do anterior Governo do PSD e CDS. Reduziram a capacidade de intervenção do Estado na área da floresta, nomeadamente com o encerramento de serviços desconcentrados de apoio aos setores produtivos e concentraram serviços no ICNF; reduziram o número de trabalhadores; reduziram o orçamento na área da defesa da floresta em 20 milhões de euros e na área da proteção civil em 8 milhões de euros; impuseram a lei da liberalização do eucalipto; retiraram a isenção das taxas moderadoras aos bombeiros. Opções políticas que se centraram sempre na perspetiva do menos Estado, na privatização de serviços, substituindo a intervenção pública pela lógica do mercado, com o objetivo de satisfazer os interesses dos grupos económicos.

No início desta semana os deputados do PCP visitaram os concelhos mais afetados pelos incêndios do passado dia 15 de outubro nos distritos de Aveiro, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Porto e Viseu. Constatámos o rasto de destruição deixado pelos fogos. Arderam hectares de floresta, arderam habitações, arderam empresas e perderam-se milhares de postos de trabalho. Perdeu-se capacidade produtiva.

As populações sentem-se abandonadas. Na visita que fiz ao concelho da Sertã, à semelhança do que ocorreu noutras zonas atingidas pela brutalidade dos fogos, houve investimentos realizados por pequenos produtores e que agora perderam tudo.

Vi uma floresta desordenada, sem qualquer planeamento, sem faixas de proteção, com uma mancha contínua sem qualquer quebra. Uma parte do que ardeu nos incêndios deste ano, já tinha ardido no grande incêndio de 2003. Verifica-se que durante estes 15 anos não houve alterações ao nível da gestão da floresta, apesar das sucessivas recomendações e estudos elaborados com medidas concretas que tardam em ver a luz do dia, no âmbito da prevenção e defesa da floresta.

Foi generalizada a opinião transmitida quanto à pouca rentabilidade na atividade florestal. Os preços da madeira são baixos, os preços dos resíduos igualmente, fatores que não contribuem para uma adequada gestão florestal.

Não se pode perder mais tempo. É prioritário o apoio e indemnização às vítimas dos incêndios, na reconstrução e na recuperação do potencial produtivo. É fundamental que se avance desde já com medidas concretas de defesa da floresta, de ordenamento florestal, de diversificação da floresta e de valorização do preço da madeira.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

JEUNESSE - A Nossa História

A Nossa História

One Team. One Family.
One Jeunesse

SABER MAIS

A nossa missão coletiva consiste em mudar a vida das pessoas, fazendo da Jeunesse uma marca de prestígio e de renome mundial com um espírito de família.

A Jeunesse nasceu no coração e no espírito de dois visionários: Randy Ray e Wendy Lewis.

Com um tremendo sucesso alcançado noutras empresas, o Randy e a Wendy deixaram a reforma para lançar a Jeunesse no dia 9 de Setembro de 2009 às 9:00 PM. O número 9, que representa a longevidade, reflete o desejo dos nossos fundadores não apenas de sobreviver, mas de prosperar.

Desejosos para partilharem os seus revolucionários produtos para intensificar a juventude com o mundo inteiro, Randy e Wendy criaram um dos planos de compensação mais gratificantes no setor das vendas diretas. Os resultados traduziram-se numa plataforma global de última geração, que explora e aproveita o poder da tecnologia, para partilhar produtos inovadores e proporcionar a formação e o apoio necessários aos seus membros.

Hoje em dia, milhares de pessoas em todo o mundo estão a ajudar a escrever a nossa história. Juntos, estamos a criar um movimento global, que permite às pessoas alcançarem o seu pleno potencial, independentemente da sua idade, raça, nível ou rendimentos. A nossa história está apenas a começar.

Nós somos Jeunesse. Nós somos Generation Young.
A NOSSA MISSÃO


A Família Jeunesse cria um impacto positivo no mundo ao ajudar as pessoas a parecerem e a sentirem-se mais jovens, incentivando-nos mutuamente a libertar todo o nosso potencial

Inovadores Na Indústria

Randy Ray

“Penso que é nossa responsabilidade proporcionar as ferramentas necessárias para que as pessoas possam ganhar a vida e construir os seus sonhos.”

Wendy Lewis

“Queremos que os nossos clientes se sintam bem, tenham uma vida mais longa e desfrutem a vida.”

Scott Lewis

“A família Jeunesse está a criar um movimento global de líderes, unidos pelo mesmo espírito, com a missão coletiva de criar um impacto positivo no mundo.”

Temos um enorme orgulho nos nossos distribuidores, que estão solidamente estabelecidos em todo o mundo. Os nossos distribuidores significam tudo para nós, porque fazem parte da nossa família.

MARCELO E A CONSTITUIÇÃO



MARCELO E A CONSTITUIÇÃO

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 26/10/2017)

Marcelo Tomada de Posse

Na sua conversa de Oliveira do Hospital, para fundamentar as exigências que fez ao governo através da comunicação social, para que o povo ficasse a saber quem manda, o Presidente da República apelou aos seus poderes constitucionais. Depois de uma parte do discurso elaborado para puxar pela lágrima de quem o ouvia e para ganhar mais likes junto do povo, Marcelo diz que foi eleito “para cumprir e fazer cumprir a constituição que quer garantir a segurança dos portugueses”; de seguida desenvolveu uma longa tese sugerindo que os portugueses ficaram fragilizados, tirando a conclusão de que estamos perante um problema de segurança, daí ter o poder de cumprir e fazer cumprir a Constituição para repor a sua segurança.

Perante um problema de segurança Marcelo usou dos seus poderes constitucionais passando a ditar as suas ordens ao governo, todos perceberam quais as ordens: um programa de combate aos incêndios decidido na hora, indemnizações rápidas e a demissão da ministra.

Marcelo usa de forma subliminar o seu estatuto de professor de direito para passar a ideia de que de Constituição é ele que sabe. Temos agora um presidente que interpreta livremente e circunstancialmente a Constituição, em função dos seus objetivos políticos e que usando os poderes que ele próprio entende que a Constituição lhe confere dá ordens ao governo em direto e através da televisão, como se o primeiro-ministro fosse um secretário pessoal, para não dizer uma criada de quarto.

Até aqui os únicos presidentes que vi darem ordens em direto aos governantes no meio de entrevistas ou discursos para a comunicação social foram Hugo Chavez e Maduro. Mas as consequências dos incêndios a tudo o autorizam, ainda que não explique por que motivo os mesmos incêndios não autorizam o governo a tratá-lo da mesma forma.

Amanhã há um acidente com problema num hospital, Marcelo invoca o seu poder de “cumprir e fazer cumprir a Constituição”, diz que lhe cabe garantir o acesso à saúde e que está quase a chorar por ver tantos velhinhos amorosos a morrer nas salas de espera das urgências e fica logo ali e por ele próprio autorizado a dar ordens ao governo. Que decida um plano de saúde a vinte anos até ao próximo sábado e de preferência depois de se demitir o ministro da Saúde e, quem sabe, sugerindo que se escolherem alguma pessoa da sua confiança será mais simpático no futuro. Se ocorrer um escândalo no ensino faz o mesmo em relação a este setor e o mesmo se pode dizer em relação a qualquer pasta governamental. Agora exige-se que se decida em dois dias para vinte anos e de preferência com um ministro demissionário ou demitido, mais irresponsabilidade é difícil.

Temos agora um presidencialismo à Hugo Chavez, demite-se o ministro e em três dias adotam-se medidas com um horizonte de décadas. Em vez das reuniões semanais dão-se as ordens em direto no meio de comunicações aos portugueses. É Marcelo que de forma errática e de acordo com as conveniências da gestão da sua imagem que define as prioridades do país e em questão de semanas deixa de ser a dívida para serem os incêndios ou outro qualquer tema.

O governo deixa de responder perante o parlamento, deixa de governar cumprindo um programa que foi legitimado nas urnas e aprovado no parlamento. O governo passa a ouvir as comunicações ao povo, as piadas na bica ou as conversas no meio das selfies para saber o que vaio para a agenda do Conselho de Ministros no dia seguinte. O governo deixa de pensar no longo prazo, decide na hora por encomenda de Cavaco e no dia seguinte até o deputado Amorim vem saudar as novas medidas. Mais ridículo é impossível, mas com Marcelo tudo tem muita graça.

Deixa de haver reflexão e mesmo debate parlamentar, é o presidente que em função da gestão dos seus likes e selfies que vai dando ordens diárias ao primeiro-ministro. Enfim, com este Presidente da República o político português com mais vocação para primeiro-ministro é Pedro Santana Lopes, até parece que foi feito à medida deste Presidente. Com este Presidente em vez de primeiro-ministro temos um mordomo e podem ser dispensados o Parlamento e o Tribunal Constitucional, porque é ele que sabe de Constituição e de quem o povo quer beijinhos, muitos beijinhos.





As Lições de Português do Professor Expresso

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por Francisco Miguel Valada

Andrew 'Andy' Osnard: No paper trail.

The Tailor of Panama

Domitius Enobarbus: And what they undid did.

Antony and Cleopatra

Avanço por aí
No gelo salgado
O meu hálito derrete
O teu corpo congelado

Rui Reininho

This is the glamorous life there's no time for fooling around.

— Lloyd Cole & The Commotions, "My Bag", Mainstream, October 26 1987 (obrigado, Nuno Miguel Guedes)

***

Por aí, leio o seguinte:

Há um discurso por aí que valoriza demasiado os erros ortográficos.

É verdade. Todavia, há outros discursos, como este (a reproduzir este), que os desvalorizam em demasia. Já agora, erros sintéticos?

De síntese? Ou sintácticos? De sintaxe? Ou *sintáticos? De nada?

Pelos vistos, o "por aí" criticado no texto será auto-referencial, pois o Expresso indica mais erros ortográficos do que "outros erros":

· «A Joana foi há escola» é erro ortográfico;

· «Ele tem uma obcessão por carros» também é erro ortográfico;

· «É um fato que existem alterações climáticas» é um erro ortográfico;

· «Eles vêm a dobrar» é efectivamente erro ortográfico;

· «Derepente a zanga começou» é objectivamente erro ortográfico;

· «É uma casa portuguesa, concerteza!» é de facto erro ortográfico;

· «Hádes conseguir escrever um livro» não é erro ortográfico;

· «Já fizestes os trabalhos de casa?» não é erro ortográfico;

· «Quero duzentas gramas de fiambre!» não é erro ortográfico;

· «A polícia interviu naquela confusão que houve na rua» não é erro ortográfico.

Curiosamente, como vimos, o texto em apreço debruça-se sobre Ler mais deste artigo