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terça-feira, 15 de agosto de 2017

Casa Bronca

por José Gabriel





Então estamos assim: Rex Tillerson, Secretário de Estado dos EUA, diz que devem iniciar-se negociações com a Coreia do Norte sobre a questão nuclear sem por em causa o regime. O manda-chuva da CIA, pelo seu lado, diz que a questão do regime tem de estar em cima da mesa. Trump, com a habitual subtileza estratégica, está-se nas tintas para complicações e diz que põe aquilo tudo a ferro e fogo. Às vezes - cada vez mais vezes...- não têm alguma saudade dos tempos em que o imperialismo tinha alguma racionalidade - uma racionalidade cruel, criminosa, sim, mas inteligível ?...


Fonte: Aventar

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Balbúrdia no Oeste

André  Veríssimo
André Veríssimo | averissimo@negocios.pt 30 de julho de 2017 às 23:00

É cada vez mais difícil levar a sério esta administração norte-americana. O Presidente é incapaz de levar adiante a sua agenda política. O partido que é suposto apoiá-lo está fracturado. Para compor o ramalhete, vive-se uma guerra aberta e desbragada na Ala Oeste da Casa Branca.
Donald Trump foi buscar Anthony Scaramucci – um italo­-americano formado em Harvard, estrela em ascensão no mundo financeiro, ex-Goldman Sachs e gestor do seu próprio "hedge fund" – para ser o próximo director de comunicação. Na realidade, para ser algo mais do que isso.
Scaramucci é um tipo espalhafatoso e ultraconfiante, ao estilo Trump. A colagem chega a ter contornos algo sinistros, como usar os mesmos gestos de mãos do patrão, o mesmo recurso a superlativos, referir-se a si próprio na terceira pessoa e fazer do Twitter um jogo de setas de tiro ao alvo. O novo director é uma extensão do Presidente e, segundo o próprio, só a ele responde. A estratégia de comunicação, feita de meias e pós-verdades, tudo indica que é para manter.
A primeira missão entregue a Scaramucci foi correr com o seu suposto superior hierárquico, o chefe de gabinete de Trump, Reince Priebus. Em vez de ser o próprio Presidente a dizer que perdera a confiança em Priebus, enviou o novo director para o escorraçar com a acusação pública de era ele o chefe das toupeiras na Casa Branca. No dia seguinte era anunciado que Priebus, escolhido mais para agradar ao Partido Republicano do que por convicção própria de Trump, daria o lugar ao general John Kelly. Steve Bannon, o ideólogo e conselheiro principal de Trump, que já teve melhores dias no número 1600 da Pennsylvania Avenue, também já foi visado por Scaramucci.
Trump tem fama de fomentar relações de conflito no seu séquito. Desde que tomou posse que as quezílias na sua equipa têm feito notícia e provocado baixas. A lista de despedimentos e demissões já vai longa e inclui alguns cargos centrais na Casa Branca. O próximo pode ser o procurador-geral, Jeff Sessions. A estrela de "O Aprendiz" já se arrependeu da nomeação e poderá em breve soltar um "you’re fired" se Sessions não sair pelo seu pé.
A Casa Branca mais parece um faroeste e tem sido um festim para os humoristas. Noutros tempos, Mel Brooks não resistira a fazer desta balbúrdia uma comédia.
Trump não consegue pôr em ordem a sua própria casa – veremos se um general o conseguirá. Seis meses depois, o Obamacare continua por revogar. Assistiu à aprovação de novas sanções à Rússia, às quais se opunha. As reformas fiscais e económicas prometidas continuam sem sair do programa eleitoral. A investigação às relações entre a sua campanha e a Rússia colocam-lhe uma espada sobre a cabeça. É um Presidente a tentar sobreviver e não a governar.
Um Donald Trump sem força e autoridade, consumido em intrigas palacianas, pode até ser um alívio para muitos americanos e para o mundo. Ter um Presidente dos Estados Unidos nessas circunstâncias pode revelar-se um barril de pólvora.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

O que ainda é excessivo

Celso  Filipe
Celso Filipe | cfilipe@negocios.pt 22 de maio de 2017 às 00:01

O que ainda é excessivo

Este clima de desanuviamento económico e social que o país atravessa é propício para fazer mudanças capazes de tornar o país mais competitivo. Se este Governo se limitar a fruir este presente, é certo e sabido que o futuro será sombrio. Por isso, esta é a hora de António Costa escolher o seu caminho.
Na política, tal como na vida, o presente é também o resultado de acções passadas e o futuro é condicionado pelo que se faz no presenta. Esta segunda-feira, Bruxelas deverá recomendar a saída de Portugal do procedimento dos défices excessivos. É uma boa notícia, na medida em liberta o país de um espartilho e ainda mais relevante porque abre caminho para que as agências de notação financeira melhorem o "rating" de Portugal.
Estes dois factores alimentam uma narrativa de optimismo, mas devem ser uma razão adicional para que o Governo tome medidas para ir eliminando o que ainda tolhe o crescimento da economia. Em Portugal subsistem muitos excessos. De pequenos e fátuos poderes, de burocracia, de lentidão na justiça, de escassez de mão-de-obra qualificada e de imprevisibilidade fiscal que afugentam os investidores, sejam eles nacionais ou estrangeiros, e consomem recursos desnecessariamente.
Este clima de desanuviamento económico e social que o país atravessa é propício para fazer mudanças capazes de tornar o país mais competitivo. Se este Governo se limitar a fruir este presente, é certo e sabido que o futuro será sombrio. Por isso, esta é a hora de António Costa escolher o seu caminho.

O CEO Trump
Para muitos, a investigação a Donald Trump, destinada a averiguar se  bloqueou uma investigação oficial sobre  assuas relações com a Rússia, é meio caminho andado para um "impeachment" ao presidente dos Estados Unidos.  Percebe-se a ânsia de afastar uma personagem tão potencialmente perigosa da Casa Branca, mas é um erro transformar esse desejo num facto, mesmo levando em linha de conta a sua baixa taxa de aprovação.
Trump não é um político tradicional. Olha para os Estados Unidos como uma empresa e tem aliados fortes que lhe sustentam esta visão. Enquanto CEO, pouco lhe importa que a sua eventual ligação à Rússia seja questionável, o que lhe interessa são os benefícios que pode garantir. O CEO Trump depende dos mercados e da economia. Enquanto os primeiros acreditarem que ele vai fazer as reformas prometidas e a segunda estiver a crescer, as questões éticas e securitárias ficarão confinadas ao território da indignação.
O CEO Trump irá continuar na Casa Branca enquanto obtiver resultados que satisfaçam os maiores accionistas da sua empresa. 
 
Ovar, 22 de Maio de 2017
Álvaro Teixeira