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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Balbúrdia no Oeste

André  Veríssimo
André Veríssimo | averissimo@negocios.pt 30 de julho de 2017 às 23:00

É cada vez mais difícil levar a sério esta administração norte-americana. O Presidente é incapaz de levar adiante a sua agenda política. O partido que é suposto apoiá-lo está fracturado. Para compor o ramalhete, vive-se uma guerra aberta e desbragada na Ala Oeste da Casa Branca.
Donald Trump foi buscar Anthony Scaramucci – um italo­-americano formado em Harvard, estrela em ascensão no mundo financeiro, ex-Goldman Sachs e gestor do seu próprio "hedge fund" – para ser o próximo director de comunicação. Na realidade, para ser algo mais do que isso.
Scaramucci é um tipo espalhafatoso e ultraconfiante, ao estilo Trump. A colagem chega a ter contornos algo sinistros, como usar os mesmos gestos de mãos do patrão, o mesmo recurso a superlativos, referir-se a si próprio na terceira pessoa e fazer do Twitter um jogo de setas de tiro ao alvo. O novo director é uma extensão do Presidente e, segundo o próprio, só a ele responde. A estratégia de comunicação, feita de meias e pós-verdades, tudo indica que é para manter.
A primeira missão entregue a Scaramucci foi correr com o seu suposto superior hierárquico, o chefe de gabinete de Trump, Reince Priebus. Em vez de ser o próprio Presidente a dizer que perdera a confiança em Priebus, enviou o novo director para o escorraçar com a acusação pública de era ele o chefe das toupeiras na Casa Branca. No dia seguinte era anunciado que Priebus, escolhido mais para agradar ao Partido Republicano do que por convicção própria de Trump, daria o lugar ao general John Kelly. Steve Bannon, o ideólogo e conselheiro principal de Trump, que já teve melhores dias no número 1600 da Pennsylvania Avenue, também já foi visado por Scaramucci.
Trump tem fama de fomentar relações de conflito no seu séquito. Desde que tomou posse que as quezílias na sua equipa têm feito notícia e provocado baixas. A lista de despedimentos e demissões já vai longa e inclui alguns cargos centrais na Casa Branca. O próximo pode ser o procurador-geral, Jeff Sessions. A estrela de "O Aprendiz" já se arrependeu da nomeação e poderá em breve soltar um "you’re fired" se Sessions não sair pelo seu pé.
A Casa Branca mais parece um faroeste e tem sido um festim para os humoristas. Noutros tempos, Mel Brooks não resistira a fazer desta balbúrdia uma comédia.
Trump não consegue pôr em ordem a sua própria casa – veremos se um general o conseguirá. Seis meses depois, o Obamacare continua por revogar. Assistiu à aprovação de novas sanções à Rússia, às quais se opunha. As reformas fiscais e económicas prometidas continuam sem sair do programa eleitoral. A investigação às relações entre a sua campanha e a Rússia colocam-lhe uma espada sobre a cabeça. É um Presidente a tentar sobreviver e não a governar.
Um Donald Trump sem força e autoridade, consumido em intrigas palacianas, pode até ser um alívio para muitos americanos e para o mundo. Ter um Presidente dos Estados Unidos nessas circunstâncias pode revelar-se um barril de pólvora.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Donald Trump: Obstrução à justiça? Esta é a maior caça às bruxas a que a América já assistiu

O presidente norte-americano recorreu à rede social Twitter para se defender dos rumores publicados na passada quarta-feira na imprensa americana que davam conta de que Trump estava a ser investigado por obstrução à justiça.

"Inventaram uma falsa conspiração na história com os russos, encontraram zero provas, agora apontam para obstrução da justiça numa história falsa. Boa.". Foi desta forma que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu, primeiramente, à notícia ontem publicada pelo Washington Post.
O jornal norte-americano afirma que Donald Trump está a ser investigado por uma eventual obstrução à justiça na investigação que está a ser feita pelo procurador especial que lidera a inquérito sobre a possível ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas, em 2016, Robert Mueller.
Mas o Trump não se ficou por aqui. Uma hora depois, o presidente americano voltou a recorrer ao Twitter para classificar a notícia como a "maior caça às bruxas na história política americana - liderada por pessoas muito más e conflituosas".
Na semana passada, na sua audição do antigo diretor do FBI, James Comey, perante a câmara alta do Congresso, declarou que o Presidente o despediu com o objetivo de interferir na investigação sobre a alegada ingerência da Rússia nas presidenciais de 2016 e respetivas ligações à campanha de Trump.
"No meu entender, fui despedido por causa da investigação sobre a Rússia. Fui despedido para, de alguma forma, alterar - ou o objetivo era o de alterar - a forma como a investigação estava a ser conduzida", disse Comey sob juramento.
Numa declaração escrita enviada ao Congresso, James Comey tinha adiantado que Donald Trump lhe sugeriu que abandonasse a investigação a Michael Flynn, ex-conselheiro envolvido no caso da alegada ingerência russa nas presidenciais. Comey disse depois na audição que o Trump não lhe ordenou, especificamente, que parasse a investigação, mas que entendeu a conversa de Trump como "uma instrução" nesse sentido.
Na audição, Comey deixou poucas dúvidas sobre se acredita ou não nos relatórios de espionagem que confirmam a ingerência da Rússia nas presidenciais de novembro último. "Não deveria haver qualquer dúvida sobre isto. Os russos interferiram. Aconteceu", disse Comey, sem hesitações.
O Presidente Trump tem vindo a sugerir que não acredita que a Rússia tenha algo a ver com o resultado das eleições de novembro, afirmando que todo o tema é uma "artimanha" e classificando a investigação como "uma caça às bruxas".

Fonte: 24.Sapo.pt

terça-feira, 6 de junho de 2017

Apoio à destituição de Trump já é superior à sua taxa de popularidade

Decisão de retirar EUA do Acordo de Paris sobre o Clima explica nova queda na popularidade de Donald Trump.
A recente primeira viagem de Donald Trump ao estrangeiro elevara os seus níveis de popularidade para os 42%. Um recorde. Mas no fim de semana regressou aos 35% e o apoio dos norte-americanos à sua destituição ronda os 43%.
Este é o resultado das últimas sondagens publicadas nos EUA, nomeadamente esta segunda-feira pela Gallup e que se segue ao anúncio de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima - tendo ainda em pano de fundo a investigação sobre as eventuais ligações da sua campanha eleitoral à Rússia.
Segundo a publicação Newsweek, mesmo empresas de sondagens conotadas com a direita norte-americana como a Rasmussen Reports revelam uma quebra no apoio ao desempenho de Donald Trump como presidente dos EUA: 54% dos norte-americanos criticam a sua atuação.

© EPA/MICHAEL REYNOLDS

Embora os resultados difiram entre as várias sondagens, todas elas revelam uma tendência de queda significativa na popularidade de Trump durante o fim de semana e na sequência da decisão sobre o acordo climático.
O crescente apoio à abertura do processo de destituição de Donald Trump coincide com a defesa pública dessa medida por vários congressistas democratas.

Fonte: DN

quinta-feira, 1 de junho de 2017

O clube secreto onde se discute o rumo do mundo

As reuniões do Bilderbeg começam hoje. Donald Trump é um dos principais temas de conversa para a fina flor que reúne os maiores empresários do mundo e vários governantes. Este ano, Durão Barroso convidou José Luís Arnaut e António Mexia
Dizem que é uma convenção privada, mas o secretismo à volta das reuniões do Bilderberg dão-lhe aquela aura de clube, onde só entra quem a direção convidar. O que é verdade.
De hoje, 1 de junho, até dia 4, 131 participantes de 21 países vão discutir o que se passa no mundo. Nada do que vai acontecer no hotel The Westfields Marriott, em Washington, nos EUA, pode ser revelado. Não são feitos relatórios escritos, não há resoluções nem votações. Há conversa, debate e, depois, cada um reflete para si próprio.
Mas o que faz do Bilderberg assunto internacional? É que é ali que vão estar vários governantes, a fina flor da academia, os presidentes das maiores empresas do mundo, especialistas em economia finanças e patrões dos media.
Este ano, e como não poderia deixar de ser, Donald Trump é assunto. O primeiro ponto em contenda será sobre a nova administração norte-americana. “The Trump Administration: A progress report” vai ser falado a poucos quarteirões da Casa Branca e Trump tem lá a sua “guarda pretoriana” para o defender, como McCaster (conselheiro nacional de segurança), Wilbur Ross (secretário do Comércio) e Chris Liddell (um dos seus estrategas).
O clube secreto onde se discute o rumo do mundo© Sean Gallup / GettyImages O clube secreto onde se discute o rumo do mundo

Mas se Trump está na agenda, também a Rússia e a China fazem parte do “cardápio” de assuntos. Do lado chinês estará presente o próprio embaixador da China nos EUA, o que parece transformar o debate numa reunião institucional, já que este tema será tratado entre o secretário americano do Comércio, os maiores investidores americanos na China, incluindo a Google, e dirigentes de topo da CIA (a agência de informações de segurança).
E há mais. O rumo da União Europeia, o crescimento do populismo, a guerra da informação, o nuclear ou as alianças de defesa são outros pontos na ordem de trabalhos.

Reis e governantes

Se a Holanda marca presença com o ministro da Defesa e o próprio rei, Guilherme Alexandre, a Alemanha tem, por exemplo, o presidente da Airbus e da Bayer, assim como o do Deutsch Bank.
De Portugal estarão lá Durão Barroso que, no ano passado, substituiu Francisco Pinto Balsemão no Comité Diretor de Bilderberg (quem faz os convites), José Luís Arnaut, ministro nos Governos de Durão Barroso e Santana Lopes, atualmente advogado e conselheiro da Goldman Sachs, e António Mexia, presidente da EDP.
Em 2015, o jornalista Rui Pedro Antunes escreveu o livro “Os planos de Bilderberg para Portugal”. A investigação levou-o a concluir: “Dos 73 portugueses nos encontros, 43 foram (ou são) ministros, oito desempenharam funções como secretários de Estado, 12 foram líderes dos três partidos do 'arco da governação', cinco foram primeiros-ministros e um foi Presidente da República [Jorge Sampaio]” . Agora já são dois Presidentes, já que Marcelo Rebelo de Sousa esteve presente na reunião de 1998, quando era presidente do PSD.
O jornalista acentua que estas reuniões estão vocacionadas para o chamado bloco central. "Em Portugal o limite será o PS, não é convidado ninguém do PCP ou do Bloco de Esquerda”
Recorde-se que Bilderberg é o nome do hotel holandês onde, pela primeira vez, em 1954, se reuniu este grupo.

Fonte: MSN

terça-feira, 11 de abril de 2017

Síria: Fissão Tóxica (estatuadesal)

 

(Por Pepe Escobar, in Brasil247, 07/04/017)
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"Esses atos odiosos do regime Assad não podem ser tolerados." Assim falou o presidente dos EUA. Tradução instantânea: Donald Trump – e/ou toda a sopa de letras das agências de inteligência dos EUA, sem qualquer investigação detalhada –, estão convencidos de que o Ministério de Defesa da Rússia está simplesmente mentindo.
É acusação gravíssima. O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, major-general Igor Konashenkov, reforçando que se tratava de informação "absolutamente objetiva e verificada",  identificou  um ataque da Força Aérea Síria lançado contra um depósito "rebelde moderado" a leste da cidade de Khan Sheikhoun usado pelos rebeldes para produzir e estocar ogivas carregadas com gás tóxico.  Konashenkov acrescentou que os mesmos produtos químicos foram usados pelos "rebeldes" em Aleppo no final do ano passado, conforme amostras recolhidas por especialistas militares russos.
Pois mesmo assim Trump sentiu-se compelido a telegrafar a linha que, hoje, virou sua pessoal linha vermelha na Síria: "Militarmente, não gosto de dizer quando e o que faço. Não estou dizendo que não farei coisa alguma de um modo ou de outro, e com certeza não diria a vocês (à mídia.)"
Por seu lado no gramado da Casa Branca, o patético reizinho de Playstation da Jordânia elogiava a "abordagem realista [de Trump] para os desafios na região."
Poderia passar por sketch de Monty Python. Desgraçadamente é de verdade.
O que está em jogo em Idlib.  Histeria à solta – mais uma vez –, a opinião pública ocidental esquece convenientemente que as armas químicas que Damasco declaradamente  possuía foram destruídas  faz tempo, em 2014, a bordo de um navio dos EUA, sob supervisão da ONU.
E a opinião pública ocidental convenientemente esqueceu que antes que Barack Obama transpassasse teoricamente a linha vermelha das armas químicas, um relatório secreto da inteligência dos EUA  já deixara bem claro que Jabhat [Frente] al-Nusra, codinome: al-Qaeda na Síria, já dominava todo o ciclo de produção e emprego do gás sarín e era capaz de produzi-lo em quantidade.
Para nem dizer que o governo Obama e seus aliados Turquia, Arábia Saudita e Qatar firmaram um pacto secreto em 2012 para lançar um ataque com gás sarín e culpar Damasco, criando o cenário indispensável para um replay da operação "Choque e Pavor". O dinheiro necessário para o projeto veio da conexão OTAN-CCG combinada a uma conexão CIA -MI6 também conhecida como linha de rato, para transferir todos os tipos de armas, da Líbia para jihadistas-salafistas na Síria.
Assim sendo pois, aquelas armas tóxicas que "desapareceram" – em massa – dos arsenais de Gaddafi em 2011 terminaram por ser 'um upgrade' para a al-Qaeda na Síria (não para o Estado Islâmico/Daech), rebatizado como Jabhat [Frente] Fatah al-Sham e amplamente descrita em toda a Av. Beltway do Departamento de Estado dos EUA, como "rebelde moderada".
Encurralados na província Idlib, esses "rebeldes" são hoje o principal  alvo do Exército Árabe Sírio (EAS) e da Força Aérea Russa. Damasco e Moscou, diferentes de Washington, estão empenhadas em esmagar toda a galáxia jihadi-salafista, não exclusivamente o Daech. Se o Exército Árabe Sírio continua a avançar, e se esses "rebeldes" perdem Idlib, é fim de jogo.
Assim sendo, a ofensiva de Damasco tinha de ser impedida, custasse o que custasse, e bem à vista de toda a opinião pública global.
Mesmo assim, absolutamente não faz sentido que apenas dois dias antes de nova conferência internacional sobre a Síria, e imediatamente depois de a Casa Branca ter sido forçada a admitir que "cabe ao povo sírio escolher o próprio destino" e que ninguém mais falaria de "Assad tem de sair", Damasco lançaria um ataque com gás tóxico que absolutamente   contrário a todos os seus próprios interesses e antagonizaria todo do universo OTAN.
A coisa aí anda – e fala – mais como o velho tsunami de mentiras que anunciou o início da operação Choque e Pavor em 2003, e com certeza anda e fala como alguma mesma velha campanha da "al-CIAda" returbinada. A [Frente] Jabhat al-Nusra nunca deixou de ser a garotinha da CIA, no cenário preferencial de mudança de regime sírio.
As crianças de vocês não são suficientemente tóxicas A embaixadora de Trump à ONU, quadro da Heritage Foundation, Nikki Haley, girou como neomíssil embriagado, como se poderia prever, monopolizando todo o ciclo ocidental de noticiosos de TV. Apagado, também previsivelmente, foi o vice-embaixador da Rússia à ONU Vladimir Safronkov, que reduziu a pó de traque a "obsessão do ocidente com mudar o regime" na Síria, que é o que sempre emperra esse Conselho de Segurança".
Safronkov repetiu que o chamado 'ataque químico em Idlib estava baseado em "relatórios falsificados dos Capacetes Brancos" – organização "há muito tempo desacreditada". Pura verdade. Mas agora os Capacetes Brancos até já ganharam um Óscar , e essa medalha de honra da cultura pop   os torna inacusáveis – para nem dizer que os imuniza contra os efeitos do gás sarín.
Inventem Trump e o Pentágono o que quiserem, analista independente da inteligência dos EUA, avesso a pensar corporativamente é bem claro: "Ataque aéreo contra a Síria, só se for coordenado com a Rússia, e a  Rússia não permitirá ataques aéreos contra Assad. A Rússia tem os mísseis de defesa bem ali e pode bloquear o ataque. Terão de negociar.  Não haverá ataque, porque qualquer ataque pode precipitar uma guerra nuclear."
As "crianças sírias" mortas são agora peões de jogo muito maior, muito mais perverso. O governo dos EUA pode ter assassinado um milhão de homens, mulheres e crianças no Iraque – sem qualquer 'indignação' manifesta entre as "elites" em todo o espectro OTAN. Há uma criminosa de guerra ainda à solta, que admite diante das câmeras   que o assassinato direta e indiretamente de 500 mil crianças iraquianas foi "justificado".
Por seu lado, Barack [Nobel da Paz] Obama instrumentalizou a Casa de Saud para que pagasse – e armasse – coisa como 40 grupamentos "selecionados" pela CIA na Síria. Vários desses grupamentos já estavam fundidos, ou haviam já sido absorvidos pela Jabhat [Frente] al-Nusra, atualmente Jabhat [Frente] Fatah al-Sham. E todos eles dedicados aos seus próprios massacres de civis.
Enquanto isso, o Reino Unido segue alegremente armando  a Casa de Saud, em sua empenhada luta para reduzir o Iêmen a uma vasta terra devorada pela fome, semeada de "danos colaterais" em seus túmulos. Ninguém no espectro da OTAN chora por aquelas crianças iemenitas mortas.
São crianças mortas pouco tóxicas.
 
Ovar, 11 de Abril de 2017
Álvaro Teixeira

sábado, 8 de abril de 2017

Trump rendeu-se; Putin será o próximo a render-se? O ataque químico é um evento orquestrado por Washington (estatuadesal)

 

( Dr. Paul Craig Roberts, in GlobalResearch.org, 07/04/2017, trad. Estátua de Sal)
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Washington reabriu o conflito com um ataque com mísseis Tomahawk contra as bases da Força Aérea Síria. Os sistemas de defesa aérea russo / sírio não evitaram o ataque.

O establishment de Washington reassumiu o controlo. Primeiro Flynn e agora Bannon. Todos os que restam no governo Trump são os sionistas e os generais enlouquecidos que querem guerra com a Rússia, China, Irão, Síria e Coreia do Norte.
Já não há ninguém na Casa Branca que consiga detê-los.
Um beijo de adeus às relações normalizadas com a Rússia.
Foi dado o tiro de partida para o conflito sírio ser reaberto. Esse é o significado do ataque químico, assacado ao regime sírio por Washington, apesar da ausência de qualquer evidência que tal comprove. É completamente certo que, segundo relatos, o Secretário de Estado dos EUA, Tillerson, advertiu a Rússia de que já estão sendo dados passos para remover do poder o presidente sírio Assad. Trump concorda.
O afastamento de Assad permitirá que os EUA imponham outro fantoche de Washington aos povos muçulmanos, removendo outro governo árabe com uma política independente de Washington, removendo outro governo que se opõe ao roubo da Palestina por Israel e permitindo que Tillerson da Exxon e os hegemonistas neoconservadores interrompam a compra de gás natural russo pela Europa, e substituindo-a por um gasoduto controlado pelos EUA, que ligará o Qatar à Europa via Síria.
Ignorando todas essas vantagens dos EUA, o governo russo hesitou em completar a libertação da Síria do Estado Islâmico, que é consabidamente apoiado por Washington. Os russos hesitaram, porque tinham esperanças, totalmente irrealistas, de conseguir uma parceria com Washington através de um reforço da luta conjunta contra o terrorismo.
Essa era uma ideia ridícula, pois o terrorismo é a arma de Washington. Se Washington puder afastar a Rússia do caminho, ou com ameaças ou com mais equívocos dos russos de esperanças de "cooperação" com Washington, o terrorismo será dirigido contra o Irão em grande escala.
E quando o Irão cair, o terrorismo começará a operar na Federação Russa e na província chinesa que faz fronteira com o Cazaquistão. Washington já deu à Rússia uma amostra do poder do terrorismo apoiado pelos EUA na Chechênia. Mais está por vir.
Se o governo russo não tivesse hesitado em limpar o Estado Islâmico da Síria quando a Rússia inesperadamente assumiu a liderança desse combate do Ocidente, a Síria não enfrentaria os riscos de ser retalhada nem a renovada determinação dos EUA de derrubar Assad pelas razões acima expostas. Mas os russos, hipnotizados por sonhos de cooperar com Washington, colocaram a Síria e colocaram-se a si próprios numa posição difícil.
Os russos agarraram a iniciativa e surpreenderam o mundo, aceitando o convite do governo sírio e entrando no conflito. Washington estava desamparado. A intervenção russa de imediato levou o Estado Islâmico a somar derrotas. Só que, de repente, Putin anunciou uma retirada russa, afirmando como Bush no porta-aviões, "Missão Cumprida".
Mas a missão não estava cumprida, e a Rússia voltou a entrar, mantendo ainda a iniciativa, mas recuou um pouco após a sua retirada irracional. E, se nos recordamos, este entrar e sair no terreno sírio aconteceu um par de vezes. Então, quando a Rússia já tinha a guerra contra o ISIS ganha, é no final que ela recua, na vã crença de que Washington iria finalmente cooperar com a Rússia na eliminação do último baluarte do ISIS. Só que, em vez disso, os EUA enviaram forças militares para bloquear os avanços russos / sírios. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros queixou-se, mas a Rússia não usou a sua superioridade militar no terreno para afastar as simbólicas forças militares dos EUA em presença, e pôr fim ao conflito.
Agora, Washington dá "advertências" à Rússia para não se meter no caminho de Washington. Será que o governo russo ainda não aprendeu que a cooperação com Washington tem apenas um significado: assinar como um vassalo?
Agora, a única alternativa da Rússia é dizer a Washington para ir para o inferno, e que a Rússia não irá permitir que Washington afaste Assad. Mas a Quinta Coluna russa, que está aliada com o Ocidente, vai insistir que a Rússia pode finalmente chegar à cooperação com Washington se decidir sacrificar Assad. Naturalmente, a aquiescência da Rússia destruirá a imagem do poder russo e será usada para privar a Rússia das divisas provenientes da venda de gás natural à Europa.
Putin disse que a Rússia não pode confiar em Washington. Esta é uma dedução correta dos fatos, logo por que razão se coloca Rússia num dilema procurando a cooperação com Washington?
"Cooperação com Washington" tem apenas um significado. Significa render-se a Washington.
Putin apenas em parte conseguiu limpar a Rússia. O país continua repleto de agentes secretos americanos. Será que Putin se vergou ao poder do Establishment de Washington exatamente como Trump?
É extraordinário como a imprensa russa parece entender tão mal o perigo que a Rússia está a correr.
 
Ovar, 8 de abril de 2017
Álvaro Teixeira

quinta-feira, 2 de março de 2017

Procurador-geral dos EUA reuniu-se com embaixador russo durante a campanha

 

RTP 02 Mar, 2017, 07:22 / atualizado em 02 Mar, 2017, 11:49 | Mundo
Procurador-geral dos EUA reuniu-se com embaixador russo durante a campanha
| Kevin Lamarque - Reuters

O procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, manteve dois encontros com o embaixador da Rússia durante a campanha, um contacto que já desencadeou apelos para que Sessions se afaste da investigação sobre a interferência de Moscovo nas presidenciais que conduziram Donald Trump à Casa Branca.

Jeff Sessions, um dos primeiros apoiantes do Presidente, Donald Trump, e assessor político do candidato republicano, não divulgou que manteve essas comunicações na audiência do processo da sua confirmação, em janeiro, altura em que foi questionado se "alguém afiliado" à campanha presidencial tinha tido contacto com os russos.
Em defesa do agora procurador-geral dos Estados Unidos, a porta-voz do Departamento de Justiça dos Estados Unidos defendeu na noite de quarta-feira que "não havia nada de enganador na resposta" de Sessions.
"Mentir sob juramento"
Essa resposta não convenceu, contudo, os democratas que exigem que Session peça escusa da investigação federal em curso. A líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, acusou o procurador-geral de "mentir sob juramento" e exigiu que renuncie.
Jeff Sessions manteve mais de 25 conversas com embaixadores estrangeiros na qualidade de membro de um comité do Senado, e duas interações, separadas, com o embaixador da Rússia, Sergey Kislyak, uma informação já confirmada pelo Departamento de Justiça norte-americano.
Uma das visitas teve lugar no outono, segundo Sarah Isgur Flores, enquanto a outra decorreu no âmbito de um encontro de um grupo após um discurso de Sessions na Heritage Foundation no verão, quando vários embaixadores - incluindo o russo - o abordaram posteriormente.
Os contatos foram inicialmente revelados pelo Washington Post que falou com os outros 25 membros do comité dos Serviços Armados para saber se também tinham mantido contactos com o diplomata russo. Dos 20 que responderam, todos disseram que não.
Pedido afastamento da investigação

Os mais recentes desenvolvimentos desencadearam já apelos de membros do Congresso para que Sessions seja afastado da investigação do FBI que analisa um eventual envolvimento russo na campanha presidencial.
"Se forem rigorosas as informações de que o procurador-geral Sessions - um proeminente substituto de Donald Trump - se encontrou com o embaixador Kislyak durante a campanha e falhou em revelar este facto durante a sua confirmação, é essencial que ele se abstenha de desempenhar qualquer papel na investigação à ligação entre a campanha de Trump e os russos", afirmou Adam Schiff, principal democrata membro do comité das Informações da Câmara dos Representantes.
Durante a sessão de confirmação de janeiro, o senador Al Franken alertou Sessions para as alegações de que teria havido contactos entre assessores de Trump e a Rússia durante as eleições presidenciais.
Em concreto, perguntou a Sessions o que faria se houvesse provas de que alguém da campanha de Trump tinha estado em contacto com o governo russo durante a campanha.
Sessions respondeu não estar a par dessas atividades e, depois, acrescentou: "Fui chamado de 'substituto' por uma ou duas vezes durante a campanha e não tenho, não mantive comunicações com os russos, pelo que não estou em condições de comentar sobre isso".
Resposta "enganadora"
A porta-voz do Departamento de Justiça considera que essa resposta que não foi enganadora: "Ele foi questionado durante a audiência sobre comunicações entre a Rússia e a campanha de Trump - não sobre os encontros que teve como senador e membro da Comissão de Serviços Armados", afirmou num comunicado, citado pela agência noticiosa norte-americana Associated Press.
O senador Al Franken, num comunicado também emitido na noite de quarta-feira, afirmou que lhe preocupa que a resposta de Sessions tenha sido, "na melhor das hipóteses, enganadora", afirmando que planeia insistir com Sessions sobre o seu contacto com a Rússia.
"É mais claro do que nunca que o procurador-geral não pode, em boa fé, supervisionar a investigação do Departamento de Justiça e do FBI sobre a ligação Trump-Rússia, e que deve recusar-me imediatamente", afirmou Franken.

Ovar, 2 de Março de 2017
Álvaro Teixeira


sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Risco político ao nível da Segunda Guerra Mundial em 2017

A consultora Eurasia prevê que a entrada no novo ano corresponda ao início de um período de "recessão geopolítica". O relatório anual da Eurasia prevê que a entrada no novo ano corresponda ao início de um período de “recessão geopolítica”, em que o risco de um conflito internacional ou do “colapso das grandes instituições governamentais” é descrito não como inevitável, mas como “concebível”.


Donald Trump


A vitória de Trump Há vários cenários associados à vitória de Trump que podem pôr em risco a estabilidade da economia global: o aprofundamento das relações com a Rússia, o ceticismo em relação à NATO e o alinhamento com partidos políticos de ideologia antissistema, como o francês Frente Nacional, de Marine Le Pen. A consultora ressalva, contudo, que embora esteja em causa a ordem global, não está fora de questão um reforço da posição dos Estados Unidos: “Podemos assistir em 2017 a um ambiente que, em termos geopolíticos, é de longe o pior das últimas décadas, mas em que o investimento nos mercados norte-americanos e a força do dólar aumentam”, explicou Ian Bremmer, o presidente da Eurasia. Liderança: China fortalecida, Alemanha enfraquecida A realização do 19.º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2017, pode também ser fonte de instabilidade global. Com todas as atenções sobre si, o chefe de Estado Xi Jinping pode reagir com maior agressividade a “desafios de política externa” que, consequentemente, podem criar ou agravar tensões entre a China e os Estados Unidos. Em território alemão, são vários os desafios para a chanceler Merkel: as eleições que se realizam no outono, as disputas decorrentes do Brexit, a crise da dívida grega e o crescente autoritarismo do regime turco, liderado pelo presidente Recep Erdogan, que ameaça o acordo entre a Turquia e a Europa para o acolhimento de refugiados. A Eurasia prevê a vitória de Merkel, mas garante que a necessidade de apaziguar as críticas internas vai afetar negativamente a sua liderança. Desafios internacionais, efeitos globais A Eurasia destaca ainda outros fatores que poderão conduzir ao incremento do risco político. Destacam-se a falta de reformas económicas em países como a Itália, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia e o Reino Unido, e a culpabilização, por parte do poder político, dos bancos centrais pelo agravamento das condições económicas. A consultora refere ainda o caso turco, marcado pelo crescente controlo de Erdogan sobre o governo e os meios de comunicação e pela crescente pressão sobre o banco central turco para a manutenção de taxas baixas e para a aposta no estímulo fiscal para compensar o crescimento reduzido. Destacam-se também, como fatores de risco, o programa nuclear da Coreia do Norte, que contempla os meios técnicos necessários para ataques aos Estados Unidos, e o posicionamento de Marine Le Pen para a vitória nas presidenciais francesas, que, a concretizar-se, contribui para o agravamento do “processo de desintegração gradual e em câmara lenta” que afeta a Zona Euro.
 
Dinheiro Vivo
 
Ovar, 6 de janeiro de 2017
Álvaro Teixeira