Por ZAP
Referendo na Catalunha
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27 Outubro, 2017
by rui a.
Em política, quando certos factos ocorrem, é quase impossível reverte-los. É o que me parece estar a suceder com o processo de secessão da Catalunha, em que o estado e o governo de Espanha têm vindo a reboque dos acontecimentos ditados pelos independentistas. Ainda ontem, Rajoy terá ficado à espera que Puigdemont resolvesse marcar eleições para Dezembro (o que provavelmente lhe terá sido prometido) e foi mais uma vez toureado pelos independentistas catalães, que não só não marcaram eleições, como declararam hoje a independência. Rajoy perdeu, assim, mais uma vez, a iniciativa política, que entregou de mão beijada a Puigdemont. Qualquer coisa que faça, a partir do momento em que a «independência» foi declarada, será sempre avaliada em razão desse facto. As eleições de 21 de Dezembro, que marcou tarde e a más horas, serão um referendo à declaração de independência de hoje e não uma votação para eleger um governo autonómico que reponha a legalidade constitucional espanhola. Com um rei frágil e sem a autoridade que tinha o seu pai, com um primeiro-ministro desautorizado e um líder socialista radical, de quem se pode esperar sempre o pior, o processo de secessão caminha, a passos largos, para uma inevitabilidade.
por Autor Convidado |
Maria João Moreno
Politicamente, isto é uma tristeza franciscana. Por um lado, é emocionante ver as pessoas manifestarem-se em massa veemente, decidida e pacificamente. O silêncio nas manifestações é eloquentíssimo e não dá a mínima possibilidade de intervenção policial (esperemos!). Mas por outro lado, esta fratura com a Espanha (herança do Franco, monarquia, repúblicas falhadas, entre outras) cria uma fratura na própria sociedade catalã e o modus operandi tem muitas lacunas (sobretudo tendo em conta que quem lidera a "revolução" pertence ao partido reacionaríssimo, que entretanto só mudou de nome por causa da corrupção). E é triste ver que, nos grupos reivindicativos em que nos movemos, em geral, as pessoas que se manifestam contra este processo (pela maneira como é feito e pelos seus impulsionadores) se sentem marginalizadas.