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domingo, 3 de setembro de 2017

Paulo Rangel, o pregador falhado



por estatuadesal
(Estátua de Sal, 01/09/2017)
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Esta coisa da Universidade de Verão do PSD é uma espécie de cartola de mágico de onde pode sair tudo em qualquer momento: coelhos, cavacos, rangeis e todos os outros génios do mal, à excepção do diabo que está em greve, por solidariedade com os trabalhadores da AutoEuropa.
Desta vez saiu, Rangel, o Paulo, pregador de vocação falhada. Não tem pose, não tem voz, restando-lhe apenas o dedinho curto com que ameaça os portugueses com as penas do inferno por darem crédito às "esquerdas radicais", expressão da qual abusa mas que roubou sem vergonha à D. Cristas que tem a patente registada.
E que aprenderam os jotinhas durante tão terrível prelecção? Pelos vistos não aprenderam grande coisa nem ligaram muito ao assunto. Alguns estavam a navegar no Facebook enquanto Rangel rangia a bom ranger. como se pôde ver nas televisões. Os jotas não estão lá para aprender nada de relevante mas para herdarem os contactos da rede clientelar laranja, os quais os poderão alcandorar no futuro a uma sinecura dourada.
Rangel rangeu e foi triste de ver. Um apoiante do governo pafioso que mais cortou no investimento, nos salários - públicos e privados -, e nos serviços públicos, vir agora acusar o actual governo de cortar no Estado Social, e dizer que todos os desastres recentes, os fogos, os mortos de Pedrogão, as armas de Tancos, as greves, os suicídios (os que aconteceram e os que não aconteceram), se devem a cortes na despesa pública feitos pela actual governação.
Onde estava Rangel quando Gaspar implementou o mais brutal aumento de impostos de que há memória em Portugal - atrevo-me a dizer -, desde o tempo de D. Afonso Henriques? Onde estava Rangel quando os orçamentos eram chumbados sistematicamente pelo Tribunal Constitucional, por não se conformarem com a lei e serem um roubo descarado a céu aberto aos portugueses? Onde estava Rangel quando Passos até os subsídios de desemprego queria taxar com impostos?
Pois eu digo-vos onde estava. Estava a lamber as botas de Passos Coelho (para não dizer a lamber outra coisa), de forma a entrar nas listas de deputados ao Parlamento Europeu, onde não há austeridade nas regalias e nos ordenados principescos desses eleitos, eleitos para não fazerem nada que se veja, mas apenas para criarem um palco onde se simula a democracia, enganando assim os povos da Europa.
Diz Rangel que não há Estado Social mas sim o "estado salarial" de António Costa. (Ver aqui). Que o PS dá com uma mão e tira com a outra. E eu digo, ó Rangel, até podes ter razão. Mas olha, sempre é melhor dar com a mão esquerda e tirar um pouco menos com a direita do que tirar com as duas mãos como o governo pafioso fez sem rebuço nem vergonha.
O problema da direita radical, de onde Rangel é oriundo, é que fica com azia e dores de cabeça sempre que vislumbra uma política que beneficie os salários dos mais carenciados. Trata-se de uma visão fascista da sociedade onde existem os eleitos, aos quais tudo deve ser dado por mérito de divino berço - e onde ele e os seus comparsas se incluem, claro -, e os pobres coitados aos quais é legítimo espoliar, explorar, espezinhar, porque são seres inferiores, animais de carga que só existem para servir a elite dos bem-nascidos. Esta é a ideologia de Rangel e de toda a direita que ele encarna e que tenta pregar aos quatro ventos com a sua exasperante vozinha de cana rachada.
Para Rangel, os eleitos tem o direito de se empaturrar com os recursos da sociedade, ficando refastelados até ao vómito. O que restar, as migalhas sobrantes, essas que sejam então distribuídas pela plebe faminta. E conseguem dormir descansados o sono dos justos, porque os pobres, para eles, não são gente, e não nasceram para terem o direito a ser felizes, tal como não se chora pelo boi quando se come um bom bife da vazia (os que comem).
É este o ideário da direita, de Rangel, e do actual PSD. Eles sim, radicais, déspotas iluminados por um pensamento retrógrado e fascizante. Foi este pensamento que os guiou enquanto foram governo. Como o bolo era curto, e como aos eleitos nada podia faltar, a solução, como sempre, foi a de cortar no bolo (leia-se nos salários e pensões) dos mais fracos. E fizeram-no sem dó nem piedade.
E quando o actual governo, apesar de timidamente - devido ao poder dos rangeis da Europa dos eurocratas, que pensam exactamente da mesma forma -, se atreve a inverter tais políticas, saltam cavacos, coelhos e rangeis desse ninho de lacraus, dessa escola de vícios, que é a dita Universidade de Verão.
Porque eles sabem que o bolo não estica por artes mágicas, e que cada euro que é restituído a quem trabalha é um euro a menos no bolso dos bem-aventurados do costume. É por isso que Rangel e Cristas falam em "esquerda radical".
Porque a esquerda "não radical", para Rangel, seria aquela que em vez de pugnar pela alteração do quadro jurídico e institucional que afecta e determina a repartição do rendimento e os direitos de quem trabalha, se limita a pedir esmola à porta das Misericórdias, contentando-se com as sobras da Dona Jonet. E para esse peditório, podemos sempre contar com Rangel e quejandos, como bons cristãos que se gabam de ser.