A relação entre Estados Unidos e China está complicada. A alegada amizade entre o presidente norte-americano Donald Trump e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, já teve melhores dias. Pequim não viu com bons olhos as últimas movimentações em Washington. No espaço de uma semana, a administração de Donald Trump impôs sanções a um banco chinês devido às relações que esta entidade financeira mantém com a Coreia do Norte, referiu-se à China como um dos piores países em matéria de tráfico de seres humanos e concluiu um negócio de venda de armas a Taiwan no valor de 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros). O The Guardian e a CNN falam no fim da lua de mel entre os dois líderes.
© REUTERS/Carlos Barria Xi Jinping e Donald Trump em Mar-a-Lago a 6 de abril
O timing escolhido para o anúncio das sanções e do negócio de armamento também parece não ter sido inocente, ao coincidir com a chegada de Xi a Hong Kong para as celebrações do vigésimo aniversário do regresso território a administração chinesa. "É simbólico e funciona como um balde de água fria para as cerimónias de Xi", refere ao The Guardian Bill Bishop, um especialista em questões relacionadas com a China.
Depois de na campanha eleitoral ter feito várias declarações que irritaram Pequim, Donald Trump e Xi Jinping aproximaram-se em abril, quando os dois estiveram juntos para um encontro bilateral no resort de Mar-a-Lago, na Flórida . O líder norte-americano disse então que o seu homólogo era um "grande amigo" e que havia química entre os dois.
Desde então, no entanto, a Coreia do Norte tem sido uma espinha atravessada na relação entre os dois países. Washington parece estar a perder a paciência com a inação chinesa para com Pyongyang. O Mar do Sul da China também tem contribuído para arrefecer a "química". A Trump não lhe agrada que Pequim continue a militarizar a zona.
A venda de armas a Tawain pode agora gerar um complicado conflito diplomático entre as duas superpotências, uma vez que a China considera a ilha uma província secessionista. Já depois de ter sido eleito mas ainda antes de tomar posse, Donald Trump irritou Pequim ao ter aceitado uma chamada telefónica de Tsai Ing-wen, a presidente de Taiwan, tendo dado a entender que Washington não fecharia a porta a reconhecer uma eventual declaração de independência da ilha em relação a Pequim. Mais tarde, o presidente dos EUA acabou por retroceder, afirmando que Washington continuava a defender a política de "uma só China".
"A venda de armas, proposta pelo nosso país no ano passado, vai melhorar em larga medida a nossa capacidade de combate por ar e por terra", pode ler-se num comunicado do ministério da Defesa de Taiwan, emitido depois da conclusão do negócio. Quem não ficou agradado foi Cui Tiankai, o embaixador chinês nos EUA. "A China apresentou o seu veemente protesto aos EUA e reserva-se o direito de tomar outras medidas", terá afirmado o diplomata segundo a imprensa de Pequim.
Na próxima semana, a 7 e 8 de julho, Trump e Xi voltarão a estar juntos durante a cimeira do G20 que irá ter lugar em Hamburgo, na Alemanha.
Fonte: Diário de Notícias