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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Pedro e o abutre



por estatuadesal
(João Quadros, in Jornal de Negócios, 30/06/2017)
quadros
De repente, abriu-se uma nesga. Uma nesga na couraça de sorte e resultados positivos de António Costa. Passos Coelho vislumbrou um calcanhar de Ulisses na geringonça e atacou. Podemos dizer que o resultado foi uma espécie de burro de Tróia.

Baseado numa informação falsa, dada pelo responsável pela Santa Casa de Pedrógão Grande, o líder da oposição acusou o Governo, e a ausência de apoio psicológico aos familiares das vítimas, de serem responsáveis por suicídios ocorridos após o incêndio. Tudo isto é muito difícil de explicar, a não ser que Santana Lopes ainda aspire ao cargo de líder do PSD. Com tantos factos relacionados com o que falhou em Pedrogão Grande, Passos vai além do ocorrido e resolve inventar e usar o que não lembraria ao diabo.
Passos Coelho é o SIRESP de António Costa. Sempre que se vislumbra algum perigo, ele aparece e, com as suas acções, salva a geringonça. Mais uma vez com o seu discurso de tragédia, Passos fez de maluquinho da aldeia: "Vem lá o segundo resgaste! Vem lá o diabo! Há gente a suicidar-se por desespero!". Dá a sensação de que está na altura de alguém pagar um copo ao Passos.
Vinte e quatro horas depois, Passos Coelho veio pedir desculpa por não ter havido suicidas e de ter sido mal informado. Não chega. Passos não percebe que pior do que ter usado informação errada foi o que fez com ela. Passos Coelho pode ter lido a "Fenomenologia do Ser", de Sartre, mas ainda não entendeu a moral da história do Pedro e o Lobo.
E aproveito e recordo que o FMI considerou que "não anteviu a magnitude dos riscos" que Portugal, Grécia e Irlanda enfrentaram durante a crise, e que os programas português e grego "incorporaram projecções de crescimento demasiado optimistas" – ou seja, já não é a primeira vez que Passos confia em informações erradas e se dá mal. Vá lá que desta vez foi só ele.
Não é preciso inventar fantasmas, há muitas perguntas sobre a realidade que têm de ser feitas e respondidas. Não me interessa se, segundo o Relatório do SIRESP, o SIRESP foi absolutamente espectacular. O SIRESP pode funcionar muito mal, mas tem uma grande auto-estima. Conheço tanta gente assim. Se o SIRESP custou o que custou, deve achar que é muita bom.
Este é um daqueles momentos em que faz falta um bom líder da oposição. Se Passos Coelho não está capaz, se José Gomes Ferreira não tem tempo, e se Cristas é a mãe de todos os eucaliptos, está na altura de pensar em reformular a floresta e o deserto que é a oposição.

TOP 5  SIRESP
1. Costa admite indemnizar famílias das vítimas de Pedrógão se o Estado tiver responsabilidade dos lesados do SIRESP.
2. Polícias dizem que SIRESP não funciona de forma eficaz no Colombo e Meo Arena
- a grande questão é se o SIRESP funciona na Assembleia da República.
3. Relatório do SIRESP sobre o SIRESP diz que não houve falhas
- o SIRESP é como a minha empregada: nunca foi ela que partiu nada.
4. Aeroporto de Lisboa entre "zonas sombra" do SIRESP
- é por essas zonas-sombra que se piram os argelinos e marroquinos.
5. "Junto por todos foi um sucesso e angariou um milhão"
- conseguiu angariar para Pedrógão o equivalente ao subsídio de férias do Mexia. E aposto que foi culpa do SIRESP a Catarina Furtado estar tão vestida.

Fim da lua de mel entre Trump e a China

A relação entre Estados Unidos e China está complicada. A alegada amizade entre o presidente norte-americano Donald Trump e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, já teve melhores dias. Pequim não viu com bons olhos as últimas movimentações em Washington. No espaço de uma semana, a administração de Donald Trump impôs sanções a um banco chinês devido às relações que esta entidade financeira mantém com a Coreia do Norte, referiu-se à China como um dos piores países em matéria de tráfico de seres humanos e concluiu um negócio de venda de armas a Taiwan no valor de 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros). O The Guardian e a CNN falam no fim da lua de mel entre os dois líderes.
Xi Jinping e Donald Trump em Mar-a-Lago a 6 de abril© REUTERS/Carlos Barria Xi Jinping e Donald Trump em Mar-a-Lago a 6 de abril

O timing escolhido para o anúncio das sanções e do negócio de armamento também parece não ter sido inocente, ao coincidir com a chegada de Xi a Hong Kong para as celebrações do vigésimo aniversário do regresso território a administração chinesa. "É simbólico e funciona como um balde de água fria para as cerimónias de Xi", refere ao The Guardian Bill Bishop, um especialista em questões relacionadas com a China.
Depois de na campanha eleitoral ter feito várias declarações que irritaram Pequim, Donald Trump e Xi Jinping aproximaram-se em abril, quando os dois estiveram juntos para um encontro bilateral no resort de Mar-a-Lago, na Flórida . O líder norte-americano disse então que o seu homólogo era um "grande amigo" e que havia química entre os dois.
Desde então, no entanto, a Coreia do Norte tem sido uma espinha atravessada na relação entre os dois países. Washington parece estar a perder a paciência com a inação chinesa para com Pyongyang. O Mar do Sul da China também tem contribuído para arrefecer a "química". A Trump não lhe agrada que Pequim continue a militarizar a zona.
A venda de armas a Tawain pode agora gerar um complicado conflito diplomático entre as duas superpotências, uma vez que a China considera a ilha uma província secessionista. Já depois de ter sido eleito mas ainda antes de tomar posse, Donald Trump irritou Pequim ao ter aceitado uma chamada telefónica de Tsai Ing-wen, a presidente de Taiwan, tendo dado a entender que Washington não fecharia a porta a reconhecer uma eventual declaração de independência da ilha em relação a Pequim. Mais tarde, o presidente dos EUA acabou por retroceder, afirmando que Washington continuava a defender a política de "uma só China".
"A venda de armas, proposta pelo nosso país no ano passado, vai melhorar em larga medida a nossa capacidade de combate por ar e por terra", pode ler-se num comunicado do ministério da Defesa de Taiwan, emitido depois da conclusão do negócio. Quem não ficou agradado foi Cui Tiankai, o embaixador chinês nos EUA. "A China apresentou o seu veemente protesto aos EUA e reserva-se o direito de tomar outras medidas", terá afirmado o diplomata segundo a imprensa de Pequim.
Na próxima semana, a 7 e 8 de julho, Trump e Xi voltarão a estar juntos durante a cimeira do G20 que irá ter lugar em Hamburgo, na Alemanha.

Fonte: Diário de Notícias

Quem tem medo compra um cão



por estatuadesal
(Por Estátua de Sal, 29/06/2017)
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Estive a ver a Quadratura do Círculo e fiquei um pouco perplexo. Foram todos atrás do Lobo (o Xavier) - talvez por o assunto ser o fogo de Pedrogão e é normal ser nas florestas que se perseguem os lobos -, e só o Jorge Coelho conseguiu, em parte, deixar de morder o isco.
Xavier, está muito preocupado. Diz que a gestão da crise pelo governo de António Costa é deplorável, e a sua preocupação e a grande questão que lançou para o debate, para provar a ineficácia do governo foi esta: Podem as pessoas estar seguras daqui para a frente? Sentem-se as pessoas seguras, em função da actuação do governo?
Ora, esta pergunta é um malabarismo de publicitário rasca, mas todos os intervenientes lhe deram corda. Vejamos.
Onde é que existe um governo que possa dar segurança aos cidadãos perante um terramoto, um tsunami, um incêndio ou uma outra catástrofe natural de grandes dimensões?! Esta análise parte do princípio que a Natureza é perfeitamente domesticável pelas acções da governação e pretende passar a ideia de que os malefícios decorrentes das catástrofes são todos imputáveis à acção humana, nomeadamente à acção (ou inacção) dos governantes. Se a PAF fosse governo, o Xavier diria que a Natureza é inclemente, onde se viu um governo conseguir domesticar furacões, que com o vento não se brinca, e que fogos a somar a ventos em fortes rajadas são ainda muito menos domáveis e controláveis.
O senso comum sabe isso. Que perante um acidente grave, uma intempérie, não pode estar à espera que seja o governo a servir-lhe de para-raios. Logo, nesse sentido, ninguém se pode sentir seguro e, por isso, a pergunta do Xavier, não tem qualquer cabimento nem utilidade.
A não ser a utilidade que a direita retira de tentar semear a intranquilidade tirando benefícios políticos da tragédia, quais hienas prontas a refastelar-se num festim à custa dos cadáveres das vítimas.  De tal forma que, para Xavier, a actuação de Passos Coelho, usando a notícia de suicídios como forma de combate político, é perfeitamente aceitável, só pecando por a notícia ser falsa. Conclusão: foi execrável Passos, mas ficámos a saber que Xavier não lhe fica atrás.
Deveria usar um adjectivo mais forte para qualificar tais actos, mas limito-me a qualificar este "folhetim" do Xavier como ridículo. Tão ridículo que ele deve julgar que os cidadãos quando acordam de manhã, a primeira pergunta que fazem a si próprios é : Vejamos, sinto-me seguro? Sinto-me mais seguro hoje do que ontem?
E nós já sabemos qual a resposta que o cidadão Xavier dá a si próprio. Desde que o PS é governo com o apoio da esquerda, sente-se muito mais inseguro. Mas de certeza que não é por receio que António Costa não saiba apagar fogos. Deve ser mais por sentir a falta na governação da protecção da mão amiga do seu correlegionário, Pires de Lima, o ministro Super Bock.

A tragédia de Pedrógão e a vertigem necrófaga do PSD


por estatuadesal
(Por Carlos Esperança, in Facebook, 28/06/2017)
joão_marques
O Provedor de Pedrogão - Um pequeno cordeiro imolado para salvar a pele do Coelho

Hoje já não tenho dúvidas de que o aproveitamento político da tragédia nacional que enlutou o País e levou a morte e a desolação, especialmente ao concelho de Pedrógão Grande, foi urdido na reunião da bancada do PSD onde um deputado lamentou que o PR fosse “o primeiro a lançar a ideia de que foi feito tudo o que era possível”, quando se limitou, como devia, nesse momento, a procurar acalmar as populações.
Pedro Pimpão e Maurício Marques, respetivamente deputados por Leira e Coimbra, visitaram os locais da tragédia. O primeiro disse logo que “Os deputados do PSD têm o dever de não deixar isto ser silenciado” lançando o mote para o aproveitamento político, até à exaustão, de uma tragédia de dimensões dantescas.
O deputado Maurício Marques, ex-presidente da Câmara de Penacova afirmou de forma ungente que “…teve de se fazer à estrada para acudir a familiares que não conseguiam o apoio das autoridades”, acrescentando que a sua própria filha “foi encaminhada para a "estrada da morte", e só se salvou porque passou por debaixo dessa estrada e se dirigiu para a A13, em vez de seguir o caminho fatal de outros automobilistas”, afirmação a exigir investigação sobre o eventual crime de quem fez o alegado encaminhamento.
Enquanto as autoridades procuravam os suicídios [plural] atribuídos por Passos Coelho à ausência de apoio psicológico às vítimas do incêndio, e o ainda presidente da Câmara de Pedrógão, Valdemar Alves, um independente eleito pelo PSD, pedia que ‘corressem com os boateiros’, Duarte Marques, deputado eleito por Santarém, insistia no boato em conversa online: “É verdade”. E, antecipando já que PPC não chegará às legislativas, acrescentava: “Eu não o diria em público”.
A ânsia de aproveitar os cadáveres para efeitos eleitorais levou Passos Coelho a afirmar: “Tenho conhecimento de vítimas indiretas deste processo, pessoas [plural] que puseram termo à vida, que em desespero se suicidaram e que não receberam o apoio psicológico que deviam. Devia haver um mecanismo para isso. Tem havido dificuldades. Ninguém me convence de que não há responsabilidades. O Estado falhou e continua a falhar.”
O “familiar” que o informou foi um correligionário que a comunicação social referiu de forma neutra, “Provedor da Santa Casa da Misericórdia”, sem indicar que João Marques é também o líder da comissão política do PSD de Pedrógão, que durante 16 anos foi o presidente da Câmara Municipal”, cargo a que não pôde concorrer no último mandato, por imposição legal, e que é de novo candidato, designado em 4 de janeiro pela referida comissão política, a que ele próprio presidiu, com 9 votos a favor e duas abstenções.
Enquanto assistimos ao suicídio político de Passos Coelho, João Marques continuará a ser presidente da Santa Casa da Misericórdia, por vontade episcopal, e voltará a ser o Presidente da Câmara de Pedrógão Grande, pelo PSD, se o eleitorado reincidir no voto.

Cuidado, agora os comunistas comem eucaliptos!



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 29/06/2017)
eucal

Ao segundo dia do incêndio de Pedrogão avisei aqui que iríamos ouvir muitas vozes em defesa do eucalipto, só não esperava que no dia seguinte aos suicídios supostamente ocorridos naquela localidade fosse o próprio divulgador dos mesmos que mudasse tão rapidamente de tema, para se dedicar á defesa do eucalipto, uma árvore de que o próprio diz não gostar.
Passos Coelho que faltou deliberadamente a uma reunião com o primeiro-ministro para debater a floresta, tentando depois criar um falso incidente dizendo que não tinha sido convidado, vem agora fazer insinuações imbecis, acusando o governo de odiar o eucalipto por causa de um acordo com os Verdes. Estamos perante mais uma estratégia manhosa e desonesta do líder da oposição.
Em vez de debater a floresta Passos Coelho opta por se aproveitar dos incêndios e de uma iniciativa legislativa que ignorou e sobre a qual nunca se pronunciou, depois de se aproveitar dos mortos, depois de inventar suicídios, Passos mata dois coelhos com uma cajadada, vai de encontro aos interesses das empresas de celulose e lança o pânico entre os pequenos proprietários rurais que encontram no eucalipto uma importante fonte de rendimentos.
Passos acha que a melhor forma de debater os incêndios e uma reforma eleitoral é fazendo discursos incendiários nos jantares de lombo assado de apresentação de candidatos autarcas, como o seu comparsa de Pedrogão que durante a manhã faz rezas e juras de misericórdia e à tarde inventa mortos para ajudar o seu líder a sobreviver.
É óbvio que o eucalipto faz falta, é óbvio que as estevas ou os pinheiros ardem tão bem quanto os eucaliptos, é óbvio que todas as madeiras e matos ardem, é óbvio que sempre houve incêndios. Mas uma coisa é plantar uma floresta com regras e outra é encher as bermas da EN236 de eucaliptos, transformando-a num gigantesco inferno.
Mas Passos Coelho é um homem que não gosta de regras, não gosta da regra da boa educação e mente dizendo que não recebeu um convite, não gosta das regras constitucionais e queria governar contra a maioria parlamentar, não gosta de regras legais e cortou pensões sem respeitar promessas e leis, não gosta de regras de segurança e quer que se plantem eucaliptos em qualquer lado, não gosta de regras de decência e aproveita-se da desgraça para ajudar o lóbi das celuloses, não gosta das regras da honestidade política e lança o medo entre os pequenos proprietários rurais para se salvar.
É uma vergonha que depois da morte de 64 portugueses numa estrada nacional transformada em eucaliptal o país tenha agora um líder da oposição a recorrer a uma manobra suja para usar esses mortos em defesa da indústria interessada na promoção do eucalipto. Enoja-me que ainda antes da missa do sétimo dia dos mortos de Pedrogão e depois de centenas de imagens como a de cima, onde se pode ver um eucaliptal plantado até ao alcatrão, um líder partidário esteja tão preocupado com os eucaliptos e se recuse a discutir a floresta.
Estará preocupado com os portugueses ou com o negócio do eucalipto' Por este andar ainda algum familiar ou provedor de uma qualquer Santa Casa o avisa que há pequenos agricultores a suicidarem-se por não poderem plantar eucaliptos.