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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O ensaio Ventura

28/08/2017 por João Mendes 25 comentários


Foto: Diário de Notícias
Li por aí algures, não me recordo bem onde, que a finalidade do candidato Ventura é a de permitir ao PSD de Passos Coelho ensaiar um novo tipo de discurso, a anos-luz da matriz social-democrata que o passismo fechou a sete chaves numa gaveta, para ver o que sai dali. Começou com generalizações sobre a comunidade cigana e os apoios sociais, ao melhor estilo da extrema-direita nacional, e foi cavalgando ondas de populismo, até chegar à reintrodução da pena de morte.
A polémica ganhou dimensão mediática, que, presumo, seria precisamente aquilo que André Ventura e a direcção do PSD pretendiam, custou-lhe o apoio do CDS, algo estranho considerando a quantidade de saudosistas do Estado Novo que militam no partido, porém, sem grandes surpresas, garantiu-lhe um novo aliado, ainda que temporariamente: o PNR. José Pinto Coelho, considerou Ventura “um dos meus” e até lhe dirigiu um convite para se juntar ao seu partido. No entanto, alguns dias e muitas críticas depois, Ventura demarcou-se do PNR e o líder fascista respondeu, acusando Ventura de roubar o discurso ao seu partido, afirmando ainda que o candidato do PSD lhe terá enviado a seguinte mensagem:
Importa, portanto, saber se o PSD subscreve as propostas e o discurso do seu candidato a Loures, nomeadamente no que diz respeito à reintrodução da pena de morte. Para quem tanto puxa dos galões europeus para disparar chumbo grosso sobre PCP e BE, seria bom recordar a direcção do PSD que a União Europeia há muito baniu a pena capital e a ela se opõe, mesmo quando os alvos são “pedófilos homicidas” ou terroristas. Porque hoje são os “pedófilos homicidas” e os terroristas, amanhã estamos todos sujeitos.
É urgente que PSD esclareça o país sobre se vai seguir o exemplo do seu parceiro húngaro no PPE na cruzada pelo retrocesso civilizacional. Até ver, é apenas cúmplice deste perigoso ensaio populista, demagogo e radical. E, a julgar pela recente tomada de posição do antigo governante social-democrata, Feliciano Barreiras Duarte, o problema é mais grave do que aparenta.

Foto: Nuno Fox/Lusa@Diário de Notícias
Fonte: Aventar

domingo, 27 de agosto de 2017

Os polémicos blocos de actividades*

Os polémicos blocos de actividades*

27/08/2017 por João Mendes

Inicialmente, de férias e afastado do mundo real, tomei conhecimento do polémico caso através das redes sociais. A tentação para me indignar foi imediata: havia um plano de discriminação de género em marcha, orquestrado pela Porto Editora e por um qualquer gangue de arrojas misóginos, através de cadernos de actividades que tratavam o macho como alfa e a fêmea como uma patega incapaz de concluir labirintos complexos.
Na rede circulavam as mesmas imagens, sempre as mesmas, e, a meu ver, saltavam à vista duas: a dos labirintos e aquela outra que confrontava a menina-doméstica que faz o lanche, mesmo como o Paulo Portas e a entourage da Cristas as querem, e o menino construtor de robôs. Sempre quis ter uma filha e nunca, mas nunca lhe ofereceria um livro de actividades que a levasse a crer que o seu lugar seria na cozinha. Já me/nos chega viver numa sociedade onde a igualdade de género simplesmente não existe, algo que facilmente se verifica, por exemplo, na atribuição de pastas ministeriais ao longo do período democrático: entre 1974 e 2015, Portugal conheceu 498 ministros. Apenas 31 eram/são mulheres (6,2%).


EXEMPLAR



MANIFESTACION EN BARCELONA " NO A LA GUERRA "
Exemplar a todos os níveis:
· 500.000 pessoas na rua, a expressarem repúdio pelo terrorismo e a recusarem submeter-se ao medo
· Participação, lado a lado, de todos: cristãos, muçulmanos, gente de esquerda e de direita, unidos contra a violência
· Não à islamofobia
· Afirmação da diversidade, da tolerância, da solidariedade, da força dos cidadãos.


Fonte: Aventar

O povo está com o MPLA?

ANGOLA
Posted: 26 Aug 2017 01:13 PM PDT
De acordo com os dados finais provisórios das eleições angolanas, o MPLA obteve 150 lugares na Assembleia Nacional de 220 membros, o que lhe permite obter à risca uma maioria parlamentar qualificada de 2/3. Com isto fica em condições de tomar decisões estratégicas - incluindo alterar a Constituição - sem negociar com a oposição. Esta era a vitória mínima que o partido no poder em Angola necessitava para poder continuar a governar o país como tem feito até aqui - ou seja, num regime político que é multipartidário na forma, mas de partido único na prática.
A julgar pelo tom da imprensa portuguesa, agora só resta desejar ao novo parlamento e, em particular, ao putativo presidente João Lourenço, toda a inspiração e sucesso para a nova legislatura, esperando que dela resulte um país mais próspero, mais justo e mais estável. Acontece que está longe de ser claro que a extensão da vitória do MPLA anunciada pela Comissão Nacional Eleitoral corresponda aos resultados efectivamente obtidos nas urnas. Vários observadores internacionais (incluindo os deputados portugueses lá presentes) deram conta do bom funcionamento das mesas de voto), mas não se pronunciaram acerca do processo de contagem desses votos. Sobre isto, há vários sinais que suscitam inquietação.


sábado, 26 de agosto de 2017

Huguinho, o ponta-de-lança



por estatuadesal
(Por Estátua de Sal, 26/08/2017)
Huguinho Badocha 3
Imagem In Blog 77 Colinas
Ainda a poeira da transferência de Neymar não tinha assentado no chão e já uma outra contratação de vulto está a dar que falar. Passos contratou um novo ponta-de-lança para colocar os centrais do governo à defesa. Marcação cerrada. Santos Silva ( o tal que em tempos disse que "quem se mete com o PS leva"), já começou a ter aulas de artes marciais para enfrentar a "fera". Carlos César já contratou dois ex-agentes do KGB, antigos seguranças de Putin, não vá o diabo tecê-las e aparecer mesmo...
Agora regressando a um registo mais sério. Se na política portuguesa só temos as boas intenções do PS e de António Costa, titubeantes perante a TINA que sopra de Bruxelas e pela ameaça do espilro dos mercados. Se da Dona Cristas só saem disparates embrulhados em vestidos estampados às bolinhas verdes. Se o PCP e o BE não chegam aos 20% do eleitorado.  E se no PSD Passos continua de pedra e cal, ao que parece, a preparar golpes baixos, como a antecipação das eleições directas, para se manter no poder até às calendas, não vejo a curto prazo grande futuro político para o País.
E mais, Passos continua a contratar pistoleiros, qual deles o pior, como este Huguinho, para já não falar do Ventura, outro iluminado bombista.
O meu espanto é como ainda há tanto eleitor a dar crédito a esta seita pafiosa, sem mérito, sem qualidade oratória, sem ideias para o país, novos por fora mas mais que obsoletos pelas teses alucinadas que defendem e propõem. Porque não é o país e o mercado de trabalho que precisam de "reformas estruturais". A direita, que tanto fala em reformas devia, ela sim, começar por se reformar de cima abaixo. Mas não é com personagens destes, personagens de banda desenhada de mau gosto que lá vai.