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sábado, 23 de setembro de 2017

O sublime a que temos direito



por estatuadesal
(António Guerreiro, in Público, 22/09/2017)
Guerreiro
António Guerreiro
As catástrofes naturais anunciadas com hora marcada, como é o caso dos furacões, provocando o êxodo temporário de populações urbanas, são sempre uma “decepção”. O mundo inteiro prepara-se para o espectáculo da destruição radical, actualizam-se as narrativas e representações do Dilúvio, o tom milenarista e teológico sobe a um elevado nível de amplitude, abrem-se instruções ao processo da teodiceia, como fez Voltaire, no século XVIII, depois do terramoto de Lisboa de 1755, mas tudo acaba mais ou menos em cálculos para as seguradoras, nos países ricos, e em prolongamentos da catástrofe regular e permanente, nos países pobres.

A Sagrada Catalunha



por estatuadesal
(João Quadros, in Jornal de Negócios, 22/09/2017)
quadros
João Quadros
A Guarda Civil espanhola anunciou, na passada quarta-feira, a detenção do principal colaborador do vice-presidente da Catalunha, Josep Maria Jové. Segundo a comunicação social espanhola, o executivo prendeu 12 membros do governo catalão por causa do referendo pela independência. Ena, Espanha voltou a ter presos políticos.

Queria aproveitar a mão pesada do governo de Rajoy para denunciar o Barcelona por ter emitido um comunicado onde "condena as acções da passada quarta-feira" e expressa o seu apoio ao referendo que considera ser o desejo da "maioria dos catalães". Há aqui posições claramente anticonstitucionais e até um cheiro a rebelião. Fazem favor de prender uns quantos jogadores titulares do Barça, de preferência, antes da próxima quarta-feira.

Ontem e hoje



por estatuadesal
(José Faustino, in Facebook, 20/09/2017)
1964_2017
Ano 1964:
Depois de passar 15 dias com a família atrelada numa caravana puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, ou passar esses 15 dias na praia do Castelo do Queijo, terminam as férias. No dia seguinte vai-se trabalhar e os miúdos para as aulas.
Ano 2017:
Depois de voltar de Cancún de uma viagem com tudo pago, terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e caganeira.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A batota autárquica dos “fake likes”

por Bruno Santos


Coisas curiosas vão ocorrendo nas redes sociais, uma vez que se transformaram num dos principais veículos de propaganda política e eleitoral. O número de “Gostos” é um sinal aparente de popularidade e adesão, servindo para fazer passar uma ideia de notoriedade que, por vezes, não corresponde integralmente à realidade. Aquilo que de facto se verifica é uma gigantesca operação de falsificação de “gostos”, com candidatos autárquicos a recolhê-los em lugares tão distantes como o Sri Lanka, o Paquistão, os Estados Unidos ou a Índia. A compra de “likes” do Feicebuque é um modo de fazer batota e de induzir em erro os eleitores que se deparam com um grau de popularidade dos candidatos sem qualquer correspondência na realidade. Mas a verdade é que por meros 15 dólares é possível comprar 1000 likes de pessoas que nem sequer existem.
A título de exemplo, atente-se na página da recandidatura do actual presidente da Câmara de Gaia, analisada pelo “Facebook Like Checker”, uma aplicação citada hoje pela SIC Notícias e pelo  jornal Expresso, e usada numa interessante reportagem daquele canal de televisão.


Catalunha: se a Espanha aprendesse com o Reino Unido…



por estatuadesal
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 21/09/2017)
Daniel
Daniel Oliveira
Diz que paira sobre a Europa o espetro dos nacionalismos. Não apenas porque crescem os partidos que o defendem, à esquerda (no sul) e à direita (no norte), no campo democrático e fora dele, não apenas porque o projeto europeu está em crise, mas porque movimentos independentistas voltaram a ganhar força em várias nações dependentes. Perante isto, os mesmos que celebram a independência de Portugal arrepiam-se com o separatismo catalão.
Não sou um defensor da independência da Catalunha assim como não fui um defensor da independência da Escócia. É um assunto que só os próprios podem avaliar. Sou um defensor do direito à autodeterminação dos povos, o que obviamente inclui catalães e escoceses. E tenho uma certa dificuldade em compreender o que distingue a vontade de independência da Ucrânia ou da Croácia, celebrada por tantos supostos europeístas, da vontade de independência das nações do Estado espanhol ou do Reino Unido.