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domingo, 14 de maio de 2017
O SUICÍDIO DO PSD (estatuadesal)
quinta-feira, 11 de maio de 2017
Sociopatas e assassinos com o mundo nas mãos
José Goulão
Dirigentes sociopatas e assassinos com o destino do mundo nas mãos estão livres e à solta, protegidos, acarinhados até como salvadores dentro da bolha mediática. Se não forem os cidadãos livres, inconformados e informados a dar o alerta quem o fará por eles?
«Wilbur Ross, secretário do Comércio de Trump, disse esta semana, durante uma conferência na Califórnia, que o bombardeamento contra a base de Cheirat na Síria, provocando a morte de vários civis, foi "uma sobremesa", um "divertimento" (...)»
A Mercedes no Cais do Sodré
Tiago Freire | tiagofreire@negocios.pt 10 de maio de 2017 às 00:01
A Mercedes no Cais do Sodré
Tal como acontece com a enxurrada do turismo, também as empresas estão a descobrir Portugal, e aquilo que os portugueses já sabiam: temos bom clima, um povo amistoso e aberto às outras nacionalidades, jovens profissionais com uma qualificação crescente e bons em línguas, temos segurança, boas infraestruturas tecnológicas e um custo de vida bastante aceitável.
E há, claro, aquilo que os investidores não gostam de salientar, mas que continua a ser muito importante: temos salários baixos e, como tal, competitivos. Não há que ter vergonha disto, ainda que António Costa insista, e bem, que não queremos apostar num modelo de salários baixos. As coisas são o que são, e esta é uma vantagem competitiva. Costa tem razão, porque como é evidente há muitos lugares no mundo com custos laborais mais baixos e uma legislação muito mais desregulada do que a nossa. Mas que ajuda, é indesmentível. O truque está no rácio dos vários factores, e aí somos, de facto, muito competitivos.
Não se conhecem os incentivos dados à Mercedes, a nível fiscal ou outro. Mas terão sido, certamente, generosos e bem dados. A captação de investimento estrangeiro é essencial num país sedento de capital. Falta agora que esta atitude pró-negócios se estenda também às empresas portuguesas, que criam riqueza e postos de trabalho. Sem preconceitos.
O rei, o bobo e o Porto
(Mariana Mortágua, in Jornal de Notícias, 09/05/2017)
Já conhecemos a fórmula de Rui Moreira: a cidade espetáculo da “marca Porto.”, a repetição de anúncios por concretizar, a guerra aos partidos. Assim se investiu vice-rei do Norte, ocupando o centrão nas impotentes barbas de PSD e PS.
Há quatro anos, Rui Moreira era o anti-Menezes: contra o político dinossauro e esbanjador, a aposta no independente antipartidos que bate o pé a Lisboa. Por conveniência, o PS submeteu-se à narrativa e, até ao fim de semana passado, ajudou a fazer de Moreira o produto final da decomposição política no Porto. Moreira é um caudilho que não hesita em devorar quem lhe abriu caminho, roubando-lhes o palco e os velhos métodos.
Hoje conhecemos melhor o presidente da Câmara do Porto. A política-espetáculo evita a mobilização democrática, para que nada faça sombra ao projeto pessoalizado e aventureiro. Politiquice primária e ausência de pensamento coletivo de um rumo para a cidade que não vem no postal, a que perde população, onde a pobreza persiste e é quase impossível arrendar casa.
Rui Moreira mandou no Porto, incluindo em Pizarro. Enquanto na Assembleia da República os dirigentes socialistas portuenses ajudavam a aprovar avanços importantes (como a lei das rendas apoiadas ou o imposto sobre património de luxo), na cidade calavam-se perante as críticas de Moreira a essas mesmas medidas. Isto para não falar do apoio, tão entusiasmado quanto acrítico, ao mandato do presidente. A subserviência foi inequívoca, de tal forma que o apoio do PS à candidatura de Rui Moreira foi decidido por unanimidade. Tal votação “não é comum com um candidato do PS, quanto mais neste cenário, o que reforça o caminho que os socialistas estão a fazer no Porto”, dizia há seis meses o deputado e líder da Concelhia do PS, Tiago Barbosa Ribeiro.
Manuel Pizarro foi mestre e executante deste processo de anulação política do PS. Enfrentou tudo e todos defendendo a continuação do apoio a Moreira. Foi preciso António Costa obrigá-lo a avançar, mesmo se a consequência é o vazio da política: como pode quem, até sexta-feira, tanto elogiava o mandato de Rui Moreira apresentar-se no sábado como uma alternativa política?
A candidatura de Manuel Pizarro à Câmara do Porto é uma impossibilidade programática. Quem durante quatro anos apoiou Rui Moreira, queimando as pontes à Esquerda, não pode ter um projeto credível.
Nesta história de cortesãos, cabe pouco Porto. Moreira e Pizarro esqueceram-se dele. Está fora das jogadas e do palácio, a ver a triste dança dos barões. E não tem de ser assim.
Coimbra, 11 de Maio de 2017
Álvaro Teixeira
Salvar o capitalismo para quê? (estátuadesal)
Robert Reich profere amanhã, quinta-feira 11, no ISCTE, uma conferência intitulada "Como a desigualdade nos Estados Unidos criou Trump: um aviso à Europa". Vale a pena assistir, como vale a pena conhecer as ideias e propostas deste economista norte-americano, professor de políticas públicas na Universidade de Berkeley, com uma intervenção cívica intensa na vida do seu país.
A originalidade de Robert Reich está em defender, simultaneamente, o capitalismo e mais justiça social. Afasta-se dos que, à esquerda, defendem um estado de grande dimensão e com forte presença na economia e é mais radical do que os defensores do Estado social europeu por defender mais distribuição da riqueza criada e não apenas mais redistribuição.
Reich combina nos seus trabalhos a análise rigorosa de dados históricos e séries longas de indicadores estatísticos sobre a evolução da economia norte-americana, com a formulação de propostas concretas de intervenção política, visando uma mudança das regras de constituição, funcionamento, regulação e controlo dos mercados, em quatro planos principais: propriedade, monopólios, contratos e falências.
No plano da propriedade, discute a necessidade de se imporem limites à apropriação e privatização de bens públicos, bem como à vigência e abrangência da propriedade intelectual e das patentes. Entre outros exemplos de práticas discutíveis, aponta o facto de a Google e a Apple terem, nos últimos anos, investido mais dinheiro a adquirir e a litigar sobre patentes do que a financiar investigação e desenvolvimento.
No plano dos monopólios, lembra que as leis antimonopolistas, quando foram inventadas, não se destinavam apenas, nem sobretudo, a defender os princípios da livre concorrência e a proteger os consumidores. Desde o início que, nos EUA, os "pais fundadores" tiveram a intenção de impedir a concentração do poder económico e a consequente emergência de agentes económicos com excessivo poder de influência sobre o poder político. E não se está a falar aqui de corrupção, mas apenas no poder de influência sobre a adoção de regras e escolhas que põem em causa o interesse coletivo e o bem comum. São numerosos os casos conhecidos, não apenas nos EUA, da incapacidade de os governos regularem e controlarem o funcionamento de certos mercados em consequência do excessivo poder de agentes económicos e da sua influência sobre as escolhas políticas e as suas condições de exercício.
No plano dos contratos, analisa a evolução das regras de regulação das relações de trabalho, observando a perda de capacidade negocial dos sindicatos e o impacto desta perda na degradação das condições de trabalho, sobretudo salariais, e no aumento das desigualdades. Conclui ser necessário reforçar todas as formas de negociação e de poder da parte mais fraca nas relações contratuais, sejam os trabalhadores ou os consumidores.
No plano das falências, analisa a evolução das regras da sua regulação, concluindo que, atualmente, a distribuição dos riscos resultantes das falências pesam muito mais sobre os trabalhadores e os contribuintes do que sobre os acionistas e os investidores. No caso da recente crise do sistema financeiro e das dívidas soberanas, pudemos observar como parte dos prejuízos privados foram transformados em prejuízos públicos, pesando sobretudo sobre os contribuintes.
Robert Reich defende a necessidade, antes de tudo, de políticas distributivas, como o salário mínimo, a negociação e a contratação coletiva e políticas fiscais fortemente progressivas. Defende-o muitas vezes de modo bem mais radical do que os sociais-democratas europeus. Mas é bastante distante da esquerda anticapitalista, porque defende a economia de mercado como essencial à democracia. De facto, se o capitalismo tem sobrevivido em todo o tipo de regimes políticos, a democracia tem florescido sobretudo em economias de mercado. Por isso o capitalismo deve ser salvo, mas, simultaneamente, profundamente reformado para que o seu desenvolvimento beneficie a maioria e não apenas uns poucos mais poderosos.
Ideias feitas
Os partidos são dispensáveis?
Não, os partidos políticos são indispensáveis à democracia.
Existe hoje quem manifeste, de muitas formas, uma fobia aos partidos políticos e uma adesão entusiasta às lideranças personificadas, apoiadas ou não em movimentos de apoio conjunturais e de fraca organização. Macron com o seu "En Marche", Rui Moreira com o seu "O Meu Partido é o Porto" são os exemplos desta semana.
Os partidos, enquanto instituições democráticas, existem por duas razões muito importantes: enquadrar e viabilizar a participação política dos cidadãos em torno de ideias políticas claras e coerentes e evitar o excesso de poder dos líderes políticos. Para atingir estes objetivos, ainda não inventámos melhores soluções.
Pode acontecer que os partidos políticos não estejam hoje a dar voz a todos, que não se esgotem neles os motivos de mobilização, ou que precisem de ser profundamente renovados. Mas não se retire daí que podem ser substituídos por nada ou por movimentos mais ou menos inorgânicos sem riscos maiores do que aqueles que se queria corrigir.
Coimbra, 11 de maio de 2017
Álvaro Teixeira