Translate

terça-feira, 23 de maio de 2017

Avaliar a política económica de Passos Coelho

 

(In Blog O Jumento, 23/05/2017)
selfies
 
O PS cometeu o erro de nunca ter promovido a avaliação da política económica de Passos Coelho e Vítor Gaspar, apadrinhada pelo defunto António Borges, tendo permitido que nos momentos de falhanço a direita se escondesse atrás do memorando com a Troika. A política económica de Passos Coelho foi muito além do previsto no memorando, Portugal foi um banco de testes para experiências de política económica.
Essa ausência de avaliação permite a Marcelo Rebelo de Sousa branquear muito do que se passou, passando a mensagem falsa de que há uma complementaridade ou continuidade no domínio da política económica. Marcelo tenta passar a ideia de que a política económica e a medicina são coisas parecidas, isto é, a economia portuguesa está doente e não há grande diferença entre Gaspar, Maria Luís Albuquerque e Mário Centeno, como se fossem médicos que aplicam ao doente a receita adequada a cada fase do tratamento.
Marcelo está tentando enganar o país, como se essa mentira fosse benigna por ser em nome do bem da Nação, do crescimento e do emprego. Se a abordagem da política económica por parte de Marcelo é muito honesta, esta forma de ver a democracia, em que chama a si o papel de eliminar diferenças é muito duvidosa.
A democracia é feita de confrontos o que justifica que Marcelo sempre tenha assumido os confrontos políticos, desde António Guterres, um dos seus melhores amigos, a Passos Coelho, seu sucessor na liderança do PSD. Agora que é Presidente Marcelo tenta fazer passar a ideia de que a democracia é paz e amor de mistura com muitas selfies.
A democracia é confronto de ideias e de projetos e é por isso que Passos caiu e Costa adota políticas contrárias e antagónicas às do seu sucessor. Como é possível que alguém tente dar a entender que não há diferenças no mérito de políticas diferentes, quando um dos trabalhos deste governo foi corrigir as asneiras e abusos do governo anterior?
Se, como Marcelo parece defender, as políticas não devem ser avaliadas e não passam de políticas idênticas e sem qualquer conflitualidade, para que servem as eleições e o debate político? Mas, ao mesmo tempo que Marcelo defende que o debate deve ser feito em águas mornas, chama a si o papel de meter o primeiro-ministro e o líder da oposição na linha. Umas vezes dá uma porradinha num, outras dá a porradinha no outro. Umas vezes passa a ideia de que um é muito otimista, nas outras deixa que os jornais sugiram que Marcelo está a ajudar a derrubar o outro.
Aos poucos o debate político está entrando num pântano onde só Marcelo consegue andar. É preciso contrariar esta estratégia de Marcelo e começar por lançar o debate em torno das políticas económicas. Já há dados mais do que suficientes para que se avalie a política económica conduzida durante o governo de Passos Coelho.
 
Ovar, 23 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

Casa para venda em Vieira de Leiria

Um amigo solicitou que colocasse um post neste Blog as imagens e as características de uma vivenda situada em Vieira de Leiria.

Anunciante Particular
Certificado Energético D
Mobilado Sim
Tipologia T3
Casas de Banho 4 ou mais
Área útil (m²) 540 m2
Condição Usado
 
 
 
anigif
 
 
Moradia com 540m2 de construção, em terreno de 2000m2, 1 suite, 2 quartos, 3 wc, sala com mesa de snooker, cozinha, despensa, escritório jacuzzi, alarme, recuperador de calor, aquecimento central, aspiração central, piscina, pomar com arvores de fruto, churrasco fechado com wc e forno a lenha, garagem na cave para vários carros com wc.
Zona calma e tranquila a 3 km da praia e a 1 km do centro da vila, vendida com mobília.
Aceita-se Permuta.
Também para arrendamento, 1000 Euros/ mês.
 
Qualquer pedido de informação deverá ser feito através do seguinte mail: Cátia Miranda Cpatricia@live.com.pt.
 
Ovar, 23 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

segunda-feira, 22 de maio de 2017

O que ainda é excessivo

Celso  Filipe
Celso Filipe | cfilipe@negocios.pt 22 de maio de 2017 às 00:01

O que ainda é excessivo

Este clima de desanuviamento económico e social que o país atravessa é propício para fazer mudanças capazes de tornar o país mais competitivo. Se este Governo se limitar a fruir este presente, é certo e sabido que o futuro será sombrio. Por isso, esta é a hora de António Costa escolher o seu caminho.
Na política, tal como na vida, o presente é também o resultado de acções passadas e o futuro é condicionado pelo que se faz no presenta. Esta segunda-feira, Bruxelas deverá recomendar a saída de Portugal do procedimento dos défices excessivos. É uma boa notícia, na medida em liberta o país de um espartilho e ainda mais relevante porque abre caminho para que as agências de notação financeira melhorem o "rating" de Portugal.
Estes dois factores alimentam uma narrativa de optimismo, mas devem ser uma razão adicional para que o Governo tome medidas para ir eliminando o que ainda tolhe o crescimento da economia. Em Portugal subsistem muitos excessos. De pequenos e fátuos poderes, de burocracia, de lentidão na justiça, de escassez de mão-de-obra qualificada e de imprevisibilidade fiscal que afugentam os investidores, sejam eles nacionais ou estrangeiros, e consomem recursos desnecessariamente.
Este clima de desanuviamento económico e social que o país atravessa é propício para fazer mudanças capazes de tornar o país mais competitivo. Se este Governo se limitar a fruir este presente, é certo e sabido que o futuro será sombrio. Por isso, esta é a hora de António Costa escolher o seu caminho.

O CEO Trump
Para muitos, a investigação a Donald Trump, destinada a averiguar se  bloqueou uma investigação oficial sobre  assuas relações com a Rússia, é meio caminho andado para um "impeachment" ao presidente dos Estados Unidos.  Percebe-se a ânsia de afastar uma personagem tão potencialmente perigosa da Casa Branca, mas é um erro transformar esse desejo num facto, mesmo levando em linha de conta a sua baixa taxa de aprovação.
Trump não é um político tradicional. Olha para os Estados Unidos como uma empresa e tem aliados fortes que lhe sustentam esta visão. Enquanto CEO, pouco lhe importa que a sua eventual ligação à Rússia seja questionável, o que lhe interessa são os benefícios que pode garantir. O CEO Trump depende dos mercados e da economia. Enquanto os primeiros acreditarem que ele vai fazer as reformas prometidas e a segunda estiver a crescer, as questões éticas e securitárias ficarão confinadas ao território da indignação.
O CEO Trump irá continuar na Casa Branca enquanto obtiver resultados que satisfaçam os maiores accionistas da sua empresa. 
 
Ovar, 22 de Maio de 2017
Álvaro Teixeira

A desfaçatez não tem limites

 

(Por Estátua de Sal, 22/05/2017)
passos_discursa
Tinha que escrever sobre a saída do Procedimento de Deficit Excessivo.
Em primeiro lugar deve referir-se como uma ficção tem tanta importância e dá origem a tantos comentários. Sim, porque o deficit de 2% diz respeito ao ano de 2016 que já lá vai há cinco meses e celebramos agora um acontecimento que já é requentado. É ridículo aceitarmos de forma subserviente que a Comissão Europeia tenha o privilégio de carimbar um número, dizendo que dois é menor que três, como se pudesse fazer outra coisa  inventando uma matemática nova.
Em segundo lugar deve dizer-se que a direita e os seus comentadores de serviço estão, no mínimo, em estado de choque, e deveriam escolher um fato negro escuro e gravata preta como se fossem a um funeral.
Para amenizar tentam colar-se ao sucesso do feito alcançado. Foi uma caricatura burlesca ver Passos Coelho entrar nas televisões, ao meio dia em ponto, para saudar o acontecimento como se fosse ele o Primeiro-Ministro em funções, e tentando assim recolher também os louros do evento. Uma desfaçatez de grande gabarito só mesmo ao nível desta personagem que teima em não sair de cena.
Tendo Passos ameaçado com o diabo e previsto as maiores catástrofes decorrentes das políticas deste governo, como pode agora vir dizer que com outras políticas também teria atingido a mesma meta? Se as políticas de Costa, para Passos, sendo más, horríveis e pronunciadoras do cataclismo, conseguiram um resultado que ele aplaude agora, como pode ele querer juntar-se ao sucesso alcançado, se passou meses a criticar o programa económico que permitiu lá chegar?
Só a falta de vergonha de Passos Coelho e de toda a direita, bem acolitada pelo coro dos seus comentadores de serviço leva a que digam que o governo anterior teve um grande papel neste conseguimento.
Eu não duvido que Passos, se não tivesse sido apeado da governação, também teria colocado o deficit abaixo dos 3%. O que tenho a certeza é que não o conseguiria subindo salários e pensões, e baixando impostos sobre os rendimentos do trabalho. Venderia mais umas coisas aos chineses, baixava os impostos sobre o capital, mandava os portugueses emagrecer mais uns furos, em suma, continuaria a política de devastação que prosseguiu nos seus quatro anos de mandato. E também tenho a certeza que não teríamos o crescimento económico que já hoje se verifica e as perspetivas de que ainda se vai acelerar no curto prazo.
É por isso que é de uma hipocrisia lamentável a direita, a Comissão Europeia, e todos os neoliberais de pacotilha que enxameiam no espaço público, congratularem-se com o evento e ao mesmo tempo virem chamar a atenção para a necessidade das reformas estruturais. Ora, as reformas estruturais são exatamente o oposto daquilo que este governo seguiu e que, como a realidade acabou por demonstrar, levou à redução do deficit. Ou seja, apesar dos resultados serem bons, o que se pretende é que se venham de novo a prejudicar os rendimentos do trabalho em detrimento dos rendimentos do capital, diminuindo em simultâneo o efeito redistributivo que decorre da existência de um Estado Social eficaz e atuante.
O que me leva a concluir que o deficit não passa de uma ficção que é usada como vaca sagrada para justificar as políticas da direita, de ataque aos salários e a quem trabalha. Porque agora, estando já o deficit nos eixos, continuam contudo a preconizar essas mesmas políticas e já inventaram outra fábula que é o deficit estrutural, uma nova montanha para trepar.
No fundo, o que está em causa, não é reduzir o deficit nem pagar a dívida. O que é mesmo importante é saber quem paga a fatura. O que dói a Passos e à direita é que, com este governo, os trabalhadores passaram a pagar um pouco menos. É triste, é muito triste que sintam tantas dores. Mas a avareza é a praia deles. E como dizem os Evangelhos, a avareza é um pecado muito, muito feio.
 
Ovar, 22 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

Um grande dia para Portugal e para os portugueses

 

(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 22/05/2017)
nicolau
A decisão da Comissão Europeia, “muito clara e unânime”, de retirar Portugal do Procedimento por Défice Excessivo representa uma extraordinária e importantíssima vitória para Portugal. Mas há muitas conclusões a retirar deste resultado.
O primeiro é que vale a pena lutar em Bruxelas pelas nossas ideias e convicções, em vez de aceitar acriticamente tudo o que a Comissão e o Eurogrupo recomendam. Por eles, nunca Portugal teria aplicado a política económica e orçamental que seguiu, de devolução de rendimentos, descida da carga fiscal direta, aumento do salário mínimo, reposição de vários apoios sociais e laborais.
Não só o Governo pôs em prática essas orientações, como conseguiu fazê-lo cumprindo as exigências de Bruxelas, nomeadamente no que toca à descida do défice, onde ultrapassou claramente a meta fixada pela Comissão (2% contra 2,5%).
Mais: todas as certezas que vieram do coração da União não se confirmaram. O crescimento fortaleceu-se em vez de abrandar. O número de postos de trabalho criados aumentou e o desemprego diminuiu. O défice orçamental diminuiu e o saldo primário manteve um excedente. Com o exterior continuou a verificar-se um saldo positivo. As exportações ganharam quota de mercado. E o investimento dá sinais de finalmente levantar a cabeça. Neste quadro, prever que a economia se vai deteriorar no próximo ano parece coisa de mau perdedor.
E essa má vontade só pode ser percebida, segundo ponto, porque o pensamento maioritário em Bruxelas continua a ser dominantemente neoliberal, detestando a solução política que governa Portugal e custando-lhe muitíssimo, do ponto de vista económico, aceitar que afinal uma estratégia alternativa à TINA (There Is No Alternative) não só existia e era viável com muito menos dor social, como poderia conseguir – como conseguiu - atingir e mesmo ultrapassar os resultados que eram exigidos ao país.
Terceiro: este resultado melhora extraordinariamente a imagem externa do país. Mas o trabalho não está acabado. Esperemos agora que as três agências de rating (Moody’s, Standard & Poor’s, Fitch), que continuam a classificar a nossa dívida externa como “lixo”, concluam finalmente que manter essa classificação já não é suportada em qualquer dado económico objetivo mas apenas em preconceitos ideológicos.
Quarto, este frágil caminho tem de ser protegido de decisões irresponsáveis. Quando chegou à liderança do PS, António Costa meteu no congelador um acordo que o seu antecessor, António José Seguro, tinha subscrito com o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, a descida anual de dois pontos na taxa de IRC. Isso é uma coisa, não desejável, mas encaixável no quadro de uma economia em crescimento. Mas uma subida do IRC, mesmo que seja a taxa marginal, como agora propõem o BE e o PCP, já não serve ninguém: nem o fisco, nem a imagem do país, nem a criação de emprego.
Quinto, é bom ter presente que os fatores externos condicionam fortemente estes bons resultados da economia portuguesa. O crescimento na União, em particular do nosso principal parceiro comercial, Espanha; e a forte insegurança que se vive no norte de África, desviando os fluxos turísticos para Portugal, são coisas que podem mudar a qualquer momento e a travar os dias felizes que vivemos.
Até lá, contudo, é tempo de brindar à saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo. Haverá imensas fragilidades e são muitos os que reclamam os louros. Mas o certo é que o país conseguiu aquilo que ninguém imaginava que pudesse atingir com este Governo e estas políticas.
 
Ovar, 22 de maio de 2017
Álvaro Teixeira