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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O CDS-PP em Ovar e a síndrome de Trump-Ventura



BE - SímboloComunicado de Imprensa


O CDS-PP em Ovar e a síndrome de Trump-Ventura


O Bloco de Esquerda vem, por este meio, lamentar que a síndrome de Trump-Ventura tenha tomado dimensões de pandemia e alcançado a freguesia de Esmoriz. A nossa candidatura à freguesia tomou conhecimento das declarações proferidas pelo cabeça de lista do CDS-PP a Esmoriz (https://www.facebook.com/carlos.alexandre.1420/posts/1624043610962468?pnref=story), que pretende desmerecer várias candidaturas à Assembleia de Freguesia de Esmoriz (salientando o carácter de exceção das candidaturas da direita), pelo simples facto de serem encabeçadas por cidadãos não naturais da freguesia. Sobre a pretensa ausência de vivência cívica e política da freguesia, por parte do nosso cabeça de lista, João Santos, ou de qualquer outro membro da nossa candidatura, não comentaremos. A militância política e cívica não se fazem só da ribalta, da procura de destaque ou outras formas de visibilidade. Há militância e vivência mais discretas e nem por isso menos militantes. Há política e há politiquice. E lamentamos que a politiquice da síndrome Trump-Ventura e a tentativa de capitalização do voto demagógico e bairrista tenha subido novamente à cabeça do CDS-PP.
Gostaríamos de ver esclarecidas, por parte desta candidatura, as seguintes questões: (i) o que torna uma candidatura mais legítima que a outra? (ii) Qual o período mínimo de residência numa freguesia para que um candidato possa ser um bom candidato? (iii) Que lei informal vigora na freguesia: o jus solis (só candidatos naturais da terra são bons candidatos) ou o jus sanguinis (só os candidatos filhos de esmorizenses são bons candidatos)? Lembramos que, de acordo com a lei nacional, estrangeiros residentes há mais de cinco anos têm direito a votar e a constituírem-se candidatos nas eleições autárquicas. Alertamos ainda a candidatura do CDS-PP que entre o bairrismo exacerbado e o nacionalismo exacerbado a diferença é apenas de grau. Para o CDS-PP, qual o limiar razoável para que um freguês seja um bom candidato esmorizense? E dizemos CDS-PP pois a julgar pela aprovação (os famosos “likes” do facebook), por parte dos restantes cabeças de lista do partido (à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal), das palavras do candidato à Assembleia de Freguesia de Esmoriz, esta é provavelmente a posição oficial do partido! Ficamos a pensar o que pensaria o mais proeminente líder deste partido, Paulo Portas, que durante anos a fio se elegeu para a Assembleia da República por um distrito que não o viu nascer – o de Aveiro. E o que terá a candidatura autárquica do CDS-PP de Ovar a dizer ao seu anterior líder partidário? Por outro lado, em jeito de provocação didática, fica a pergunta: se um candidato nascido no concelho de Santa Maria da Feira, residente em Esmoriz há cerca de uma década e com militância política na freguesia é um candidato de “mas”, que palavra usaria o CDS-PP para descrever um candidato estrangeiro que se tenha tornado residente há mais de cinco anos?
A ligação de uma pessoa a uma terra é afinal coisa de sangue, de solo... ou de coração, como tantos “bons esmorizenses” gostam de salientar? Por fim, pensamos ser pertinente lembrar o CDS-PP que uma boa parte dos residentes em Esmoriz não nasceu na freguesia e que não é com discriminação que se atrai novos fregueses para Esmoriz.

Candidatura do Bloco de Esquerda à freguesia de Esmoriz – Autárquicas 2017
e Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda – Ovar
Esmoriz, 30 de Agosto de 2017

Porque o proletário é estúpido como uma porta, não é mesmo?

31/08/2017 por João Mendes
Imagem encontrada no Facebook do Ricardo M Santos, perigoso comunista
Está por aí um alvoroço muito grande, com cataclismos, resgates e pragas bíblicas à mistura, porque a malta da Autoeuropa, imagine-se o desplante, decidiu fazer uma greve. Estes esquerdalhos, sempre a querer lutar pelos seus direitos. Se fossem assaltar bancos ou adjudicar coisas a troco de robalos, luvas, putas e vinho verde é que eles eram gente de valor. Uma Maria Vieira a disciplinar cada um destes bandalhos era pouco.
Ao que tudo indica, e apesar da esmagadora maioria dos trabalhadores se ter manifestado contra as propostas decorrentes do pré-acordo entre a Comissão de Trabalhadores e a administração da empresa, que levaram à paralisação de Quarta-feira, a URUBU – União(-Nacional) Ressabiada Ultraliberal de Boys e outros corrUptos – veio já a público explicar o que se passou: a CGTP (ou, se preferirem, o PCP) terá levado a cabo um processo de lavagem cerebral a cerca de 2660 trabalhadores da Autoeuropa, removendo toda e qualquer réstia de razão que existisse nas suas pequenas massas encefálicas, que dada a sua condição proletária e potencialmente comunista, era já muito pouca.
O proletário, como muito bem sabem as nossas esclarecidas elites, é estúpido como uma porta, a ponto de não ter ainda percebido que o seu lugar é na linha de montagem, quieto, calado, desejoso do chicote e sem paragens para hidratação ou descarga de fluidos. Por este motivo, mais do que nunca, é urgente colocar em marcha uma reforma laboral, que previna que as condições de trabalho de qualquer operário sejam defendidas ou contestadas pelo próprio operário.
Para acautelar esta prioridade, sugiro a constituição da Comissão para a Verdade Laboral, sediada na Católica Business School, onde à CIP se juntarão os representantes dos bancos, seguradoras e fundos de capital de risco, assessorados por figuras de referência como João César das Neves, Camilo Lourenço, José Manuel Fernandes, Rui Ramos e, claro, Maria Vieira.
Acresce a isto, tão certo como a desintegração da Geringonça em 2015, o resgate de 2016, a chegada do Diabo ou a profecia da impossibilidade de atingimento do défice de 2016, que o que se segue agora é o desmantelamento da unidade de Palmela, que, como seria de esperar, não resistirá à primeira – e ao que tudo indica a última – greve da sua longa existência. Que é para esses proletários, esquerdalhos e geringonços, aprenderem a bater a bola baixa e deixarem de ser estúpidos.

Fonte: Aventar

Economia portuguesa nunca criou tanto emprego como em 2017


por estatuadesal
(Sónia M. Lourenço, in Expresso Diário, 30/08/2017)
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Condutor de tuk tuk é um dos novos empregos impulsionado pelo turismo

Nos primeiros sete meses deste ano, a população empregada em Portugal aumentou em 86,2 mil pessoas face ao final de 2016. É o valor mais elevado desde que o Instituto Nacional de Estatística passou a divulgar dados, em 1998.

Os anos da troika - e de desemprego em máximos históricos - parecem cada vez mais longe no mercado de trabalho em Portugal. Não só a taxa de desemprego tem registado uma trajetória descendente acentuada - em julho, segundo a estimativa provisória do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgada esta quarta-feira, manteve-se nos 9,1%, inalterada face a junho e o valor mais baixo desde novembro de 2008 -, como o emprego tem estado a aumentar consecutivamente, todos os meses, desde março do ano passado (a única exceção foi setembro de 2016).
Contas feitas, nos primeiros sete meses deste ano, a população empregada em Portugal aumentou em 86,2 mil pessoas face ao valor registado no final de 2016, atingindo um total de quase 4,7 milhões de pessoas, segundo as estimativas provisórias agora divulgadas pelo INE (dados ajustados de sazonalidade).
O número impressiona e ainda mais quando se analisa a série histórica do INE sobre a população empregada em Portugal. Os dados começam em 1998 e, desde então, o aumento da população empregada, de janeiro a julho de cada ano (em relação ao final do ano anterior), nunca foi tão elevado como em 2017. Ou seja, desde que há dados disponíveis, a economia portuguesa nunca criou tanto emprego como este ano.
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Turismo, uma das chaves do crescimento
O mais perto do aumento de 86,2 mil empregos registado em 2017 aconteceu no ano passado, quando, no mesmo período, a população empregada subiu 80,1 mil pessoas. O terceiro melhor registo é de 2015, quando de janeiro a julho (em relação ao final de 2014) o incremento do emprego em termos líquidos atingiu 61,6 mil pessoas.
Taxa de desemprego interrompe trajetória de descida
Segundo os números avançados esta quarta-feira pelo INE, a taxa de desemprego em Portugal em julho ficou nos 9,1% (estimativa provisória).
Desta forma, a taxa de desemprego (valores ajustados de sazonalidade) mantém-se inalterada em relação a junho, já que o INE reviu em alta o valor do mês passado, de 9% (estimativa provisória) para 9,1% (estimativa definitiva).
O desemprego em Portugal mantém-se, assim, no valor mais baixo desde novembro de 2008, quando estava nos 8,9%. Contudo, interrompeu a sua trajetória de descida pela primeira vez em seis meses.
Segundo a estimativa provisória do INE, em julho estavam desempregadas em Portugal 470,1 mil pessoas, menos 89,1 mil pessoas do que um ano antes (redução de 15,9%). Já em relação ao mês anterior (junho), a população desempregada aumentou em 1,2 mil pessoas (mais 0,3%).
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Quanto à população empregada, atingiu as 4692,4 mil pessoas em julho, segundo a estimativa provisória do INE. Este valor representa um aumento de 122,8 mil pessoas empregadas em Portugal em relação a julho de 2016 (mais 2,7%). Em relação ao mês anterior (junho de 2017), a população empregada aumentou em 11,8 mil pessoas (mais 0,3%).
Em relação aos jovens (dos 15 aos 24 anos), a taxa de desemprego ficou nos 23,8% em julho, segundo a estimativa provisória do INE. Este valor representa uma descida de 3,3 pontos percentuais em relação a julho de 2016. Contudo, em relação ao mês anterior (junho de 2017), a taxa de desemprego dos jovens subiu 0,1 pontos percentuais.

Escravatura moderna = "flexibilidade" = "desvalorização interna" = euro. Qual é a saída?

Posted: 29 Aug 2017 08:41 AM PDT
A luta contra a precariedade laboral só pode ser feita no quadro de uma luta mais geral contra a política económica que nos impõe a desvalorização dos sindicatos e da contratação colectiva - negociar na empresa é pôr frente a frente o forte e o fraco -, a política de esmagamento salarial em nome da competitividade-preço. Dentro do euro, dizem-nos, não há alternativa (TINA). E é que não há mesmo!
Se ficarmos sentados, à espera de melhores dias, a situação descrita no texto abaixo irá alimentar o desespero e o voto na direita xenófoba e violenta. É o que está a acontecer na Europa e nos EUA, tal como nos anos 30. Mudar isto exige muita indignação organizada e um grande esforço para a construção de uma alternativa política vitoriosa.
Com experiência do trabalho em comércio, fora de Portugal e, desde há cinco anos, de novo no país natal, Rafael diz que nunca sentiu “tanta pressão, humilhação, desvalorização, e uma escravatura mental, de tal maneira que, nos últimos dois anos, só no meu departamento, já perdemos à volta de 10 colegas, por variadíssimas razões: desde carga horária, reduções salariais, regime de turnos com escalas completamente loucas, que faz com que muitos casais não possam estar com os filhos ao fim de semana e os mais jovens estarem com a família”. Rafael garante que tal ambiente tem reflexos na saúde dos “colaboradores que andam esgotados, tanto física como mentalmente – depressões, esgotamentos, estão estampados no rosto de todos. Há um certo cheiro no ar chamado receio”. Do ponto de vista dos negócios, a “empresa não quer saber, porque sabe que vai buscar novos colaboradores aos cursos [financiados pelo IEFP] que dão internamente para pagarem o ordenado mínimo”. Por enquanto, vai aguentando...

Fonte: Ladrões de Bicicletas

O mestre da perfídia


por estatuadesal

(Por Estátua de Sal, 30/08/2017)
Mumia
Cartoon in Blog 77 Colinas
Confesso que nunca percebi muito bem esse acontecimento que dá pelo nome pomposo de "Universidade de Verão do PSD". Fico na dúvida se será uma fábrica de doutores que conseguem um canudo apenas a estudar durante um verão - na senda dos feitos doutorais do famigerado Miguel Relvas, esse doutor de alta prestação -, ou se será apenas uma reciclagem de doutores já feitos, jotinhas fresquinhos a precisar de actualizar o seu parco e anquilosado software.
Em qualquer dos casos, como as "aulas" não ocupam o verão inteiro e não duram mais que uma semana, são necessários mestres de grande qualidade e eloquência para em tão pouco tempo dar conta do recado. E assim tem sido. Por lá tem passado todas as pequenas e grandes sumidades da direita, desde Durão a Moedas, desde Passos a Maria Luís, tendo cabido desta vez a tarefa ao ressuscitado Cavaco Silva. A palestra foi triste e deprimente e,  como sempre ao bom estilo de Cavaco, uma peça de insidiosos recados. (Ver aqui)
A esquerda - nomeadamente o PS -, está encarniçada contra Cavaco. Pensa ela que a maioria dos recados de Cavaco lhe foram dirigidos. Talvez em parte. Cavaco, ressabiado como é, ainda não engoliu totalmente o sapo que foi ter que dar posse ao governo actual, ao qual vaticinou as maiores agruras e insucessos,  e que apesar de todas as pragas que lhe rogou, está a apresentar os melhores resultados económicos deste século. Quando um político fundamenta os seus discursos nos seus pequenos ódios em vez de os fundar na realidade, só podemos - para sermos magnânimos - receitar-lhe a aposentação. Eu sei que Cavaco já está aposentado - e bem -, mas seria bom que se convencesse disso em definitivo, o que parece que ainda não sucedeu.
Mas Cavaco não se ficou pelos recados ao Governo a quem ele continua a rogar pragas. Marcelo também não foi poupado. É o "presidente da verborreia". Comparar Marcelo a Macron, pela negativa, não lembra ao diabo, mas foi o que Cavaco fez para, de forma sibilina, se comparar ele próprio a Macron. Ora Macron é uma construção artificial em plástico dos meios de comunicação social franceses, a soldo dos grandes interesses financeiros internacionais, que o venderam ao eleitorado,  santificado, e ungido pelos deuses, uma espécie de reizinho gaulês descido dos céus. Pois bem, ficámos a saber que é nesse papel celestial que Cavaco sempre se reviu enquanto Presidente. O rei Cavaco era parco em palavras e distante da povo porque, para Cavaco, os reis não falam com a plebe, apenas a mandam ajoelhar quando esta se apresenta ao beija-mão real.
Mas a parte mais pérfida e oculta dos recados não foi em grande parte descodificada à esquerda. Tratou-se de uma mensagem para os jotinhas, e directamente dirigida para o interior do PSD. E a mensagem é simples: não alinhem nos cantos das sereias que vos querem vender propondo-vos nova liderança, meus jovens: eu sou grande, eu sou o vosso líder até à eternidade e Passos Coelho é o meu profeta.
E é nesse contexto que deve ser entendido o ataque de Cavaco à comunicação social, aos jornalistas, aos comentadores. Sim, porque os comentadores são praticamente todos de direita, e a orientação das televisões é empolar as falhas e limitações do actual governo e, ao mesmo tempo, minimizar ou ocultar mesmo,  os seus sucessos, e por isso Cavaco devia colocá-los no altar em vez de os denegrir. Mas não. A razão é simples: a direita já iniciou o processo de destituição de Passos Coelho, porque não quer apostar de novo num cavalo perdedor. Desde o Expresso/SIC, passando pelo Observador, até ao pequenote Marques Mendes, todos estão a trabalhar com denodo para acelerar a queda de Passos Coelho a curto prazo. E é por isso que Cavaco zurze nos comentadores e nos jornalistas. Estão a atacar o seu prosélito, dilecto filho e obediente seguidor.
Se isto foi uma aula, foi uma aula de perfídia e de insensatez. Nada que os jotinhas não admirem, mas que não mereceu mais do que sorrisos amarelos e aplausos tíbios.
Porque, para encerrar com pompa, Cavaco tirou da cartola, a segunda edição da sua célebre máxima da "asfixia democrática". Incentivou os jotas a lutar contra a censura que, segundo ele, está instalada em Portugal. Perante esta tirada, ocorreu-me de imediato a pergunta: o que é que ele anda a tomar? Alguma droga que lhe provoque alucinações? Cocaína adulterada porque o dinheiro da reforma não chega para comprar da pura?
Depois reflectir cheguei à conclusão seguinte: Se o governo tem sucessos e Cavaco não gosta é porque existe "censura" que oculta os insucessos da governação pois os supostos sucessos que vem nos jornais não podem ser reais.
Eu pensava que apenas Passos Coelho é que padecia de esquizofrenia grave, tendo continuado durante muitos meses a julgar que ainda era primeiro-ministro e a comportar-se como tal. Afinal, Passos está semi-perdoado. Apenas seguiu as instruções e as práticas do seu querido e dilecto mestre, o qual continua a achar que ainda é Presidente da República, e sobretudo que a forma como exerceu o cargo ficará para os anais da história como tendo sido exemplar.
Um personagem que não consegue ainda interiorizar que, fosse ele rei como gostaria ter sido, ficaria na história com o cognome de Cavaco, o de triste memória, como mostram os níveis de popularidade que tinha quando se retirou, não tem da realidade mais do que uma distorcida visão. Visão com que insensatamente persiste em incomodar o país, sempre que sai do seu refúgio dourado que todos pagamos.
Era bom que Cavaco se convencesse de uma vez por todas que se deve apenas dedicar a escrever as suas memórias. Mas que as guarde para si e para os seus descendentes e não as publique nem as partilhe com a Nação. Porque as memórias de Cavaco são tristes memórias que Portugal se esforça por esquecer, um pecadilho e uma falha dos portugueses que elegeram mais que uma vez para os governar  um personagem de tão limitadas qualidades e de tão mesquinho e provinciano ideário.