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domingo, 5 de novembro de 2017

QUAL O PREFERIDO DE MARCELO? COSTA, SANTANA OU RIO?

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 03/11/2017)

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A escolha do futuro líder do PSD não é indiferente a Marcelo Rebelo de Sousa; o almoço com Santana Lopes, cuja notícia alguém deixou escapar para os jornais de forma intencional, representou para o ex-primeiro-ministro desastrado uma espécie de bênção. Para muitos militantes do PSD a ascensão ao poder implica que sejam feitas as pazes entre Marcelo e o partido, pelo que o almoço foi entendido por muitos eleitores internos do partido como um sinal, o Presidente prefere Santana.

Mas quererá Marcelo coabitar com Pedro Santana Lopes? O país entraria num novo PREC, o PREC dos abracinhos e beijinhos, com o primeiro-ministro e o Presidente da República a participarem numa corrida aos afetos, o próprio Santana lançou a sua candidatura dizendo que ia dar muitos beijinhos, tal como Marcelo. Os afetos estão na moda, a própria Assunção Cristas já se tinha antecipado a Santana, durante as autárquicas.

Teríamos o país das maravilhas, com o Presidente a ir ao Porto servir refeições aos velhinhos e o Marcelo a reunir o conselho de ministros no meio das gaivotas das Berlengas.

Marcelo é um dos políticos portugueses que melhor conhece Santana Lopes e só se não estivesse no seu pleno juízo desejaria coabitar com ele no poder. Se conhece Santana, melhor conhece Rui Rio e dificilmente gostaria de ter como primeiro-ministro alguém que lhe bateu com a porta.

Rui Rio ocuparia melhor o espaço do centro direita que Marcelo considera ser agora seu, uma liderança do PSD por Rui Rio tiraria este partido da quase extrema-direita onde se encontra com a liderança de Passos e dos seus jovens tigres. Se um governo de Santana Lopes acabaria por ser uma paródia que acabaria por se virar contra Marcelo, um governo do bloco central reduziria Marcelo ao estatuto de reformado de Belém.

Com um governo de bloco central Marcelo perderia espaço político, não teria margem para criar fatos políticos, nem mesmo se ardesse o resto do país. Marcelo perderia todo o protagonismo e a sua presidência arrastar-se-ia sem grande chama.

O melhor primeiro-ministro para Marcelo é António Costa, com ou sem Geringonça. Desta forma os partidos à direita continuariam a apoiar Marcelo na esperança de receber uma ajuda, enquanto o Presidente ia gerindo a sua imagem à custa do governo. No caso de desgraça Marcelo supende a agenda e vai dar muitos abracinhos e beijinhos. Quando houver sucessos para festejar Marcelo antecipa-se e é ele a dar as boas notícias.

O Presidente da República e a transparência

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Por Carlos Esperança, in Facebook, 04/11/2017)

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(Este texto sugere-me a seguinte reflexão: será que o Governo não deverá, perante tantas delongas em dar a conhecer os resultados de um inquérito, escrutinar a Presidência, tal como esta não se cansa de advertir que o fará em relação ao Governo? Marcelo anda tão ocupado com beijos e abraços que não tem tempo para exigir que o dito inquérito seja concluído? Ou acha que, como a comunicação social esqueceu o assunto, não tem obrigação de prestar contas ao País?

Estátua de Sal, 04/11/2017)


O atual inquilino de Belém não precisava da comparação com o antecessor, o que, aliás, seria descabido, para ser considerado um cidadão probo em relação ao uso de dinheiros públicos ou à prática de negócios privados que desmerecessem o exercício do cargo, incluindo os gastos com o órgão de soberania cuja vigilância lhe cabe. É um cidadão honrado. Ponto.

Assim pudéssemos louvá-lo na defesa da laicidade do Estado ou na sobriedade exigível nas declarações políticas, quando excedem a competência das funções presidenciais, ou no derramamento de afetos ao domicílio!

Como excelente constitucionalista, qualidade que acrescenta a muitas outras, sabe que a CRP não lhe permite alimentar pretensões peronistas, se acaso as tivesse, e que Portugal não as aceitaria, ainda que dispusesse de uma Evita. Nesse aspeto estamos descansados.

Já quanto à utilização da sua alta popularidade para condicionar o voto dos portugueses, goste-se ou não, é a vida. Nada podemos fazer quando nos agrada ou desagrada. Não se pode exigir a um conservador que seja progressista e que vá além do que a Constituição lhe exige.

Se o abuso das funções, por irrefreável devoção pia, o leva a beijar os anéis dos bispos e o do Papa, numa humilhação que envergonha a República, não pode ser aplaudido pelos que defendem a separação do Estado e das Igrejas, nessa alarmante perversão simbólica.

Quando, na euforia beata, se desloca a Fátima, na qualidade invocada de PR, e se afirma representante de crentes e não crentes, os últimos consideram-no um mero acólito numa infeliz peregrinação em que deu caução à burla das aparições, um ato para que lhe falta alvará e onde carece de legitimidade para representar os crentes.

Do que Sua Excelência não está livre é do escrutínio dos portugueses, quer pelo que faz, quer pelo que esquece. E, no que esquece, é bom lembrar que o País desconhece o que foi feito dos quadros do Museu da República que alegadamente o antigo Diretor levou para casa, dizendo que eram seus. Eram ou não eram?

Quanto ao inquérito, (Ver notícia de 21/06/2016, aqui), sobre a displicente vigilância sobre os gastos pelo seu antecessor, quando é que o atual PR divulga as conclusões? Ou o País não deve exigir conhecê-las?

sábado, 4 de novembro de 2017

Depois das misses

Estátua de Sal



por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso, 04/11/2017)

Daniel Oliveira

Em momentos trágicos como os dos incêndios deste ano o debate político costuma ser substituído por discursos de tipo “miss mundo”. Eles escondem as contradições entre diferentes interesses que qualquer mudança estrutural tem de enfrentar, fazendo parecer fácil e consensual o que é difícil e fraturante ou dividindo o país entre um povo em sintonia e generoso e políticos incompetentes e mesquinhos. Só que no dia seguinte é a política que tem que fazer escolhas, desafiar interesses legítimos e ilegítimos e enfrentar resistências. Um desses interesses já deu a cara e promete resistir. De dedo em riste e em tom comicieiro, Jaime Marta Soares ameaçou, perante um primeiro-ministro mais frágil do que antes, levar os bombeiros para a rua se os seus poderes fossem tocados.

Não foram os bombeiros que gritaram “basta!”. Foi um cacique local, quatro décadas presidente de uma câmara onde deixou um buraco de 30 milhões de euros, duas décadas deputado, dirigente desportivo e tudo o mais que se possa lembrar. Como escreveu João Miguel Tavares, Jaime Marta Soares é “uma personagem emblemática da vida política portuguesa”. Há uma rede política formal e informal, com um enorme poder, que está espalhada pelo país e especialmente presente em todas as estruturas que trabalham mais diretamente com as populações: direções de bombeiros voluntários, provedores das misericórdias ou responsáveis por IPSS. A fraca organização e descentralização da nossa sociedade civil está subordinada às únicas estruturas associativas com implantação e poder reais: os partidos políticos e a igreja católica. Jaime Marta Soares representa aqueles que usam os bombeiros voluntários como instrumento de poder político. E usará esse poder para impedir uma das reformas mais difíceis e mais urgentes no combate e prevenção de fogos: a profissionalização dos bombeiros, reservando para o voluntariado um papel complementar.

Quatro fatores explicam a dimensão e efeito dos incêndios: as condições climatéricas únicas; a mão criminosa; anos de erros e de incúria no ordenamento do território, política florestal e prevenção e combate aos fogos; e falhas graves deste Governo, sobretudo nas nomeações dos comandos da Proteção Civil e na alocação de meios. Todos merecem discussão e até é natural que haja mais atenção às responsabilidades de quem está atualmente no poder. Mas, por conveniência política, Marcelo concentrou o debate apenas neste Governo e ajudou a cristalizar a ideia de que os acontecimentos deste verão se devem quase exclusivamente a fatores políticos circunstanciais, o que tornará muito mais difícil mobilizar o país para mudanças estruturais.

É verdade que o Presidente disse que mudar a política florestal e de combate aos fogos é a prioridade do seu mandato. Só que não é ele que o vai fazer. E ao enfraquecer o Governo nesta área, contribuindo para que ela fosse o centro da guerrilha partidária e institucional, Marcelo enfraqueceu o único poder que tem os instrumentos para impor esta reforma: o executivo.

As corporações sentem que estão, neste tema, perante um Governo fraco. O discurso incendiário do cacique dos bombeiros é sinal disso mesmo. E Marcelo teve um papel fundamental numa fragilização que não deixará de ser aproveitada por quem quer que tudo fique na mesma.




quarta-feira, 18 de outubro de 2017

O REI FALOU! Calem-se…


Estátua de Sal

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 18/10/2017)

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O Excentíssimo Sr. Presidente da República, quero dizer o REI, porque amigo do Povo como todos os Reis, falou e disse! Mas o que disse? Nada! Como todos os Reis…

Mas, como parêntesis, eu não posso ser considerado um adepto incondicional deste Rei porque, antes mesmo dele ser eleito, eu escrevi umas diatribes acerca do cujo e às quais, como estão escritas, eu não posso renegar! Foram escritas e publicadas no meu Blog, esse que todos conhecem!, nos dias 11 e 13 de Dezembro de 2015, O Marcelo nada!O MARCELO NADA (2).

Mas ele hoje falou e disse! O quê? Pouco mais que nada. Mas o Rei Marcelo é o supremo Comandante-em-chefe de todas as Forças Armadas, e chefe maior da Nação, o que quer dizer o seu principal responsável. O responsável supremo, melhor dito.

Ou não? Será ele apenas decorativo? Pois não parece! Pois ele quer saber de tudo e sobre tudo opinar…embora não emitindo veementes avisos como o outro…

Ele comanda, como disse ( mas será que é apenas decorativo?), tudo o que são Forças Armadas, da terra, do mar e dos céus, armadas e não armadas, e já agora ele é, para além disso, dono de tudo o que é político e não político, para além de todos os beijos e abraços e também das selfies

Mas, perante a calamidade, da qual todos devemos pedir desculpa às vítimas pela nossa inoperância e alheamento, os militares que ele tão galhardamente comanda foram para o terreno? Isso era com as chefias…

Demiti-los e já! E os tais meios humanos que faltavam e não apareceram, ficaram onde? Nos quartéis! Fazendo escalas e jogando à sueca, para nào falar em jogos mais “hard”? Isso é com as chefias…

Mas então para que serve o Sr. Presidente, Comandante-Em-Chefe de todas as Forças Armadas e Rei daqui e de além mar, pois temos a Madeira e os Açores para além das Berlengas e das Selvagens, num momento de crise aguda? Para inspeccionar as tropas em desfile, para beijar e para ” selfiar”! E para falar…Mas só!

Ele revista as tropas, certifica-se que estão bem alinhadas, fazem-lhe continência e ele segue hirto e educado. Como manda o protocolo, dele e dos outros todos! Mas que manda? Nada!

Aí ele faz, sem dúvida, de figura decorativa! Mas, no caso premente, o que faltou? O Exército! E todo o mundo notou, Sr. Presidente-Rei-Em-Chefe! Culpa do Governo? Não, de V.Exª, quer dizer, das chefias…já me ia esquecendo…

Mas mais, para além dos meios humanos que todos reclamavam (não há bombeiros para acorrer a mais de quinhentos fogos, já lhe ocorreu?)  faltou também a sua larga e extensivamente frota, de tudo o que imaginar se possa, pois eu vejo-a amiúde desfilando aqui pelas ruas da Póvoa e pavoneando-se como que dizendo: “nós existimos”!

Mas elas têm tudo para desfilar, assim como desfilam no dia glorioso da Pátria e da grei, para além de Camões e das Comunidades, como desfilam todos os arsenais que reservadamente possuímos! Só não desfilam os submarinos pois estes, para além de boiarem na Doca de Santos, só andam pelos fundos dos mares, cumprindo funções de elevadíssimo risco…pois estão debaixo de água e isso é sempre um risco!

Mas, veja bem, ainda há quem pergunte, e só pode ser alguém que da sua própria Pátria mostra asco, para que servem as Forças Armadas e, concomitantemente, note a insinuação, o seu Comandante-Em-Chefe! Para desfilar, dizem eles, do fundo da sua enorme ignorância. Deus lhes perdoe, já que a Pátria tal não pode fazer…

Mas é isso, Sr. Presidente: Sua Exª disse nada, e nada é o que eu esperava ouvir, e sem surpresa!

Mas agora, digo-lhe com toda a franqueza Sr. Presidente, esperava mais de si! Para além de, sem quaisquer tibiezas, ter exigido do PM a demissão da Ministra e de toda a gente do aparelho de Estado, que como dizem os doutos comentadores falhou, enfim, que não da sua, o único imune a qualquer responsabilidade  como qualquer Rei deve ser, S. Exª, tal como a totalidade dos comentadores, opinadores, opinadores disto e daquilo e de tudo e de nada, sabedores e especialistas em tudo e até na “vox- populi”, não referiu nunca aquele pequeno pormenor: é que foram ateados mais de quinhentos fogos numa só noite!

A S. Exª, um ser tão arguto e de pensamento mais rápido que o do Lucky Luck, não lhe surgiu nada? Uma pequena estranheza que fosse? Nenhum assessor, na ausência de sua lembrança ( o Senhor pode ser dotado mas na intempérie de informaçào há sempre algo que pode escapar pois ninguém é sobre-humano, embora haja quem assim faça por parecer…), lhe insinuou sequer: Mas, Sr. Presidente  e Comandante-Em-Chefe de todas as Forças Armadas, do mar,da terra e do céu, é que são mais de quinhentos …! Eu sei, disse V. Exª seca e distraidamente…

E foi assim a decisiva intervenção das nossas Forças Armadas, neste inaudito e inusitado conflito entre as forças do bem e do mal, do mafarrico contra as gentes ordeiras, com o seu Comandante Supremo na chefia!

Tão grandiosa foi a vitória, pesem as mais de trinta vítimas (pedimos-lhe desculpa), que resta apenas dizer: Parabéns incendiários…great job!

PS: Perante as tamanhas alarvidades que eu tenho ouvido, as minhas banalidades são pormenor…

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Cavaco Silva: o regresso dos mortos-vivos


por estatuadesal
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 04/09/2017)
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A esta hora Cavaco deve estar a preparar uma viagem a Fátima, acompanhado da Maria, para pedir à Virgem que acabe com tanta porrada que tem levado nos últimos dias. Estava tão bem posto em sossego no Convento do Sacramento, gozando da sua parca reforma dourada, que em tempos disse que mal lhe dava para pagar as suas enormes despesas, e a destilar fel para o segundo volume das suas memórias, que acredito que perante tanta tosa, já se tenha arrependido de ter saído da toca.
Aqui vão mais umas bordoadas a preceito, dadas desta vez pelo Daniel Oliveira. Eu não tenho pena nenhuma do personagem, e aliás, fui dos primeiros a molhar a sopa.
A poucos se aplica melhor do que Cavaco o sábio ditado popular que assim reza: Só se perdem as que caem no chão.
Estátua de Sal, 04/09/2017


Durante quatro décadas um dos políticos profissionais há mais tempo no ativo apresentou-se como um técnico, um outsider, um antipolítico. Durante quatro décadas um dos políticos mais perdulários, responsável pela perda de uma oportunidade histórica, como primeiro-ministro, e com uma das casas civis mais dispendiosas da nossa democracia, que chocou o país ao dizer que 10 mil euros quase não davam para as suas despesas, apresentou-se como um político austero.
Durante a sua longa carreira política rodeou-se de homens como Duarte Lima, Dias Loureiro ou Oliveira Costa, mantendo com este último relações financeiras promíscuas, e isso não o impediu de dizer que era preciso nascer duas vezes para ser mais sério do que ele.
A dissociação entre o que Cavaco Silva é e a imagem que tem de si mesmo é o seu traço psicológico mais perturbante. Um traço megalómano que o aproxima, curiosamente, de José Sócrates.