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quinta-feira, 8 de junho de 2017

"Trump simplesmente mentiu", diz ex-diretor do FBI perante o Senado

James Comey está a ser ouvido no Senado. O ex-diretor do FBI afirmou que "não tem dúvidas" de que a Rússia interferiu nas eleições de 2016.


© Reuters

O ex-diretor do FBI James Comey, demitido no passado mês de maio por Donald Trump, compareceu esta quinta-feira perante o Senado, onde está a ser ouvido sobre a alegada ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas do ano passado.
Numa audição transmitida internacionalmente, o ex-diretor acusou Donald Trump de ter difamado o FBI, ao afirmar que a agência não estaria a fazer o seu trabalho. "A Casa Branca quis difamar-me", disse. Trump "mentiu, pura e simplesmente", sublinhou.
James Comey garantiu "não ter dúvidas" de que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais de 2016. Reconhece, no entanto, que não acredita que tenha havido qualquer alteração nos votos.
Depois, acrescentou que Donald Trump não lhe pediu especificamente para desistir da investigação à ingerência russa nas presidenciais.
Na sequência de um jantar com Donald Trump, James Comey admitiu que decidiu documentar a conversa, o que nunca aconteceu com os anteriores presidentes Barack Obama e George W. Bush, por “estar preocupado que o Presidente pudesse mentir”. Documentar as conversas, justificou, foi a forma que encontrou para "defender a integridade do FBI".
O ex-diretor da agência admitiu que foi surpreendido quando ficou a saber que tinha sido demitido pelo Presidente norte-americano, uma vez que, garantiu, Trump lhe terá repetido por várias vezes que estaria a fazer um “excelente trabalho”.
“Fiquei confuso quando vi na televisão que o Presidente me tinha despedido devido à investigação sobre a Rússia… Não fez qualquer sentido para mim”, afirmou Comey.

Fonte: Notícias ao Minuto

Consumo moderado de álcool também afeta o cérebro

Portugal registou uma redução ligeira do consumo de cerveja em 2014, mais por força da meteorologia do que do sentimento económico
Ana Baião

Estudo realizado durante 30 anos em 550 indivíduos revelou que o consumo moderado de álcool também pode ter impactos irreversíveis no cérebro

Que o consumo de álcool em excesso tem efeitos nefastos para a saúde já todos sabíamos. Pelos números da Organização Mundial de Saúde, todos os anos 3,3 milhões de pessoas morrem em todo o mundo de doenças relacionadas com a ingestão de bebidas alcoólicas em excesso.
Mas um estudo agora publicado no “The British Medical Journal” , revelou que nem é necessário abusar da bebida para que o cérebro se ressinta.
Os autores deste estudo, todos eles investigadores da conceituada Universidade de Oxford, no Reino Unido, chegaram a esta conclusão depois de ter realizado um ensaio clínico durante cerca de 30 anos (1985-2015) a um grupo constituído por 550 indivíduos.
O objetivo deste estudo era analisar a correlação entre o estatuto socioeconómico e a saúde cardiovascular de todas essas pessoas, cuja idade média rondava os 43 anos. Todos submeteram-se regularmente a diversos testes de medição das suas funções cerebrais bem como a ressonâncias magnéticas.
Os investigadores começaram por verificar que os indivíduos que consumiram grandes quantidades de álcool durante décadas tinham maior probabilidade de atrofia do hipocampo, um dano cerebral associado a défices de memória, entre outros problemas. Mas não ficaram por aqui.
Constataram ainda que aqueles que consumiam de forma mais moderada também tinham uma notável probabilidade de manifestarem alterações cerebrais quando comparados com os abstémios.
Ainda que, tal como os próprios investigadores fazem questão de notar, este estudo assenta na observação e não permite retirar conclusões definitivas, o trabalho de campo realizado é suficientemente sólido para que se continue a abordar o consumo de álcool, em excesso mas também de forma moderada, como um dos mais relevantes problemas de saúde pública da atualidade.
“Com a publicação deste estudo, a justificação de um consumo moderado no que diz respeito à saúde cerebral está em questão”, escrevem os autores.

Fonte: Expresso

quarta-feira, 7 de junho de 2017

O KO no Gomes Ferreira


(Por Estátua de Sal, 07/06/2017)

costa_entrevista

Estive a ver a entrevista a António Costa. Em grande forma. O pafioso Gomes Ferreira até trazia gráficos para provar que o déficit desceu à séria com Passos, e que a economia já estava a crescer quando o Passos foi à vida para ocupar o cargo de primeiro-ministro no exílio. Ou seja, o Gomes Ferreira queria provar que o bom sucesso atual da economia portuguesa é da responsabilidade do Coelho e não deste governo.
Pois tenho que reconhecer que António Costa, com o qual nem sempre concordo mas que reputo ser um dos poucos políticos sérios deste país, é também um político muito hábil. Respondeu ao Ferreira com a citação do que este lhe tinha dito, à um ano, quando também o entrevistou na SIC. E nessa altura, Ferreira dizia a Costa que o país estava à beira do abismo, que a política seguida era uma catástrofe, tal como também o dizia o Passos. Ou seja, se o país estava tão mal como eles diziam, se a política seguida era tão horripilante, como podem os bons resultados ser da responsabilidade do governo anterior e não deste?
Em suma, o Ferreira queria provar três teses:
1. Que o país não está tão bem como António Costa pensa que está.
2. Que mesmo naquilo em que está melhor, o mérito é de Passos Coelho!
3. Que a austeridade continua, na prática, ainda que o governo queira fazer crer que já acabou.
António Costa esteve à altura. Desmontou os argumentos do Ferreira com grande argúcia e inteligência, mesmo que o entrevistador possa ter alguma razão, nalguns dos tópicos que avançou. Só que, Ferreira perde toda a razão quando usa esses tópicos para engrandecer as políticas pafiosas e desmerecer os méritos do actual governo.
Um entrevistador deve ser isento e tentar pôr o entrevistado a falar e a comunicar as suas opções e opiniões, respondendo a perguntas pertinentes. Ferreira não faz entrevistas, faz debates. Como se fosse candidato a uma qualquer eleição e tivesse António Costa como seu adversário político. É como se o árbitro fosse também ele jogador, calçando chuteiras e tudo.
O problema é que as chuteiras do Gomes Ferreira são alaranjadas com umas listas azuis, as cores pafiosas. E ele nem sequer faz questão de o esconder. Antes de entrar em campo deve telefonar ufano a Passos Coelho e dizer: "É hoje, vou dar cabo dele". Só que, mais uma vez, foi á tosquia e saiu tosquiado.

Testemunhos para memória futura


por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 07/06/2017)
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António Mexia

Mal rebentou o caso EDP Passos Coelho apressou-se a limpar-se declarando que o seu governo tinha sido o único a baixar as rendas da energia elétrica; depois dele o Sor Álvaro, ministro da Economia até que o Portas correu com ele para promover Pires de Lima, também veio a público fazer o seu autoelogio, repetindo a declaração de Passos Coelho.
Mas vale a pena recuar a Março de 2012, nesse dia era anunciada a demissão de Henrique Gomes, o então secretário de Estado da Energia. À boa moda soviética uma fonte não identificada dizia à Lusa que a demissão se devia a «motivos de índole pessoal e familiar». Mas a TSF esclarecia que «Henrique Gomes tinha em mãos um plano com potencial para incomodar muita gente. O objetivo, imposto pelo acordo assinado com a troika, é reduzir as rendas que o Estado paga aos produtores no setor energético e que o secretário de estado classificava como «excessivas» [TSF]. Isto é, o secretário de Estado era demitido a pedido da EDP.
As causas da demissão foram abafadas e o PSD e o CDS chumbaram hoje uma proposta do PCP para ouvir no Parlamento o ex-secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, e o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. António Mexia terá festejado a saída do governante com champanhe; quem o declarou foi o Sor Álvaro num livro que escreveu mais tarde “Sei que a saída de Henrique Gomes do Governo causou polémica e sei mesmo que houve até produtores de energia que chegaram a celebrar com champanhe a sua partida” [Expresso]. O que ele não explicou foi porque razão não teve a coragem de defender o seu secretário de Estado.
Para o lugar de Henrique Gomes foi Paulo Trindade e, coincidência das coincidências, em 2015 era notícia que «o pai do secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, é consultor da EDP desde 2013, confirmou à Lusa fonte oficial da elétrica, na sequência de uma denúncia feita hoje pelo empresário Manuel Champalimaud.» [Jornal de Negócios]. Isto é, o rapaz não perdeu tempo, o mesmo sucedeu, aliás, com Maria Luís Albuquerque que meteu o marido a ganhar uns cobres na EDP.
É uma pena que o Sor Álvaro se tenha esquecido de esclarecer duas coisinhas, o motivo porque demitiu o seu secretário de Estado das Energia e que o corte das rendas feito pelo seu governo estava decidido no memorando com a Troika, mas ficou aquém do desejado. Aliás, o mesmo Henrique Gomes declarava em 2015 que "em vez do corte das rendas e redução de custos, o Governo aumentou os preços da energia aos consumidores" [Jornal de Negócios]. E quanto aos cortes nas rendas as suas contas diferem muito das do Sor Álvaro:
«Faz as contas para dizer que em vez dos cortes que o Governo reclama de 4,4 mil milhões de euros até 2020 nessas rendas, o que se conseguiu cortar foram 1.600 milhões, tendo conseguido, por outro lado, uma receita adicional com a contribuição extraordinária (CESE) de 200 milhões. "No total teremos 1.800 milhões que se contrapõem aos 4.400 milhões de euros que o Governo reclama", escreve o ex-governante.»
Longe de mim pensar que o Sor Álvaro também terá bebido Champanhe com Mexias ou que haja algo de corrupção no emprego do pai do secretário de Estado nomeado para o lugar do governante mandado sanear ou no lugar que do marido da ministra das Finanças conseguiu na EDP, já para não referir que a presidencia da EDP atribuída a Catroga, o negociador do memorando com a Troika em representação de Passos Coelho, tivesse algo de corrupto. Digamos que em tempo de crise e de cortes de rendimento se tratou de atos de generosidade por parte de Mexia. Ninguém terá mandado uma cartinha anónima para a PGR?


terça-feira, 6 de junho de 2017

BULE BRITÂNIA…


por estatuadesal

(Por José Gabriel, in Facebook, 06/06/2017)

may_corbyn
Só faltava esta: comentadores a defender que a queda eleitoral de Theresa May e correspondente subida de Jeremy Corbyn se deve aos atentados terroristas - alguns dos mesmos comentadores que os classificava, há poucos dias, como uma vantagem para os Conservadores. Parece que não conseguem interiorizar o simples facto de que os eleitores preferirem as mensagens e projectos de Corbyn por razões políticas. Independentemente do valor que se possa atribuir ao programa Trabalhista e aos comportamentos do seu líder e não havendo, em alguns tópicos, tanta distância como alguns de nós - e deles...- gostaríamos, há diferenças fundamentais e, o que mata os neurónios de muitos comentadores, Corbyn é um candidato muito mais à esquerda que a tralha blairista. Quer dizer, valha o que valer o seu programa, um bom resultado dos Trabalhistas com tal candidato tem um significado que ultrapassa em muito a conjuntura britânica. Theresa May, pelo seu lado, tem representado tudo o que há de repulsivo num político: catavento político e moral, capaz de defender tudo e o seu contrário desde que obtenha uma vantagem conjuntural, socialmente insensível e isolacionista em modo Trump.
Parece ser insuportável para muitos dos nossos opinantes esta situação. Assim, recorrem, como os jornalistas do Público e outras folhas de couve, à velha treta do modelo teórico da moda. As coisas são boas ou más consoante estão "a dar" ou não. É assim que pensa a nossa direita coelhista que, quanto mais reaccionária é, mais insiste em proclamar a sua "modernidade"."Foram buscar Corbyn ao frigorífico", "está fora do tempo", e outras apreciações que tais. Não é novo este recurso argumentativo. É que uma análise procedente dá um trabalho dos diabos e o seu resultado pode não ser do agrado dos patrões. Assim, rasteja-se no senso comum.
Parece, para muitos, insuportável a visão da coerência e do carácter. Mas aqueles que de nós que têm memória, lembram-se que o "velho" Corbyn foi um dos 13 - entre 650! - que levantou a voz - e o voto! - e se opôs às aventuras criminosas na Líbia e à invasão do Iraque, fontes de muitos dos problemas que agora enfrentamos, entre os quais releva o da escalada terrorista. A maioria dos terroristólogos que por aí anda raramente lembra estes factos. As raízes do terrorismo são tão desconfortáveis...
Não se trata aqui de subscrever tudo o que Corbyn propõe e afirma, cujo conteúdo deve ser julgado pelos seus méritos, mas de saudar esta aragem de decência política. Renovadora, venha de onde vier no espaço e no tempo, porque, ao contrário do que pensam os tolos, não se trata de saber se as ideias são velhas ou novas, mas se são justas. Nos sentidos de justeza e de justiça.