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segunda-feira, 3 de julho de 2017

A queixinhas



(Por Estátua de Sal, 03/07/2017)
cristas9
A Dona Cristas parece uma daquelas meninas mimadas a quem um menino mau puxou os cabelos e vai logo fazer queixa ao paizinho. Hoje lá foi ao beija-mão ao Professor Marcelo para fazer queixa do governo das esquerdas (Ver noticia aqui). O Costa é o chefe da quadrilha dos meninos maus, e dentro da quadrilha foi a menina Constança e o menino Azeredo que puxaram os cabelos à Assunçãozinha.
Vai daí, ela pede a demissão dos ministros com um ar muito sério para demonstrar que não é uma questão de birra infantil mas sim uma grave questão de Estado, um assunto para pessoas crescidas e não para meninas mimadas. Gostava de ter visto a cara do Célinho a ouvir tanta aleivosia. Provavelmente deve ter-lhe dito que fazer queixinhas é muito feio, que uma boa cristã não faz queixinhas.  e que ainda não chegámos ao Brasil e não premiamos a delação.
As minhas perguntas, para a D. Cristas, são as seguintes:
1. Se o mau do Costa não demitir os ministros a Assunção pede a demissão do primeiro-ministro e a queda do governo?
2. Se, a seguir, o Costa assobiar para o ar e não se for embora - satisfazendo o pedido (ordem?!) da menina zangada -, e Marcelo não o demitir, irá pedir a demissão do Presidente da República?!
Como ambos os cenários acima são ridículos, fica a claro a caricata figura que a oposição anda a fazer em todo este folhetim, o triste papel que a D. Cristas, mais o Coelho, andam a desempenhar. Alguém os viu apresentar alguma proposta para resolver os problemas do fogo e das armas roubadas que andam a cavalgar? Apenas os ouvimos a pedir responsabilidades, a empolar o caos e a pedir demissões.
Triste país, onde ninguém discute a causa das coisas. A desagregação do Estado e dos serviços públicos que decorre da asfixia financeira que o serviço da dívida nos impõe, mais a exigência da redução do déficit público a mata-cavalos. Mas isso a D. Cristas não diz: ajoelha de mãos-postas no regaço do Schauble, pede-lhe a benção e que lhe seja ungida a testa, por ser muito devota e cumpridora.
Perante este cenário, e perante esta oposição de opereta, antes de demitir os ministros dever-se-ia por começar por demitir os líderes da oposição. Parece que Passos já está em queda livre, e já começaram a afiar-se as espadas dentro do PSD. A D. Cristas quer ter o chinelo maior que o pé e fala demasiado grosso, tendo em conta a valia eleitoral do CDS.
É que, como dizia Benjamim Disraeli, não há governo seguro sem forte oposição. E a oposição que temos não chega sequer a ser uma tragédia triste. É mais uma comédia de mau gosto.

Sessão solene do 24º aniversário da elevação de Esmoriz a cidade tornou-se comício do PSD


No passado dia 2 de julho, no auditório da Junta de Freguesia de Esmoriz, realizou-se a sessão solene das comemorações da elevação desta freguesia a cidade com intervenções dignas de quem as fez.
A primeira a entrar em cena foi Fátima Ramalho, presidente da Assembleia de Freguesia, que com a sua estridente e roufenha voz se despiu da pose institucional, que o cargo que desempenha exigiria, para assumir o pregão de uma vendedora de legumes em qualquer revenda e anunciar: “comprem, comprem fregueses porque estes serão os vencedores de todas as eleições que doravante se realizem por estas bandas”.

O segundo, de Bebiano como apelido, lá lhe foi atrás e arquitetou (à falta de obra real de um pregão tão conceituado) o sucesso da vitória laranja, aconselhando os presentes a meter todos os ovos no mesmo cesto. Como era dia de festa e um Presidente deve sempre justificar o salário e a presença, não teve pejo em revender pelo mesmo preço a giga dos legumes, onde então se meteu.
O desplante deste Bebiano chegou ao cúmulo de afirmar que as obras da Barrinha foram da autarquia. Pura mentira, porque as obras foram efetuadas com dinheiro da União Europeia e do atual Governo. Que desplante o deste Bebiano.

Como não há duas sem três e um salvador é um salvador, também lá foi atrás da primeira e do segundo mas esquecendo que, por acaso, se tratava do Presidente da Câmara e convidado. Salvador Malheiro esqueceu-se que estava a intervir em nome do Município e assumiu o papel de candidato do PSD a este órgão autárquico, não só fazendo campanha, mas, dando recados à base aérea de Maceda ou de S. Jacinto, disse: “O futuro não se faz com paraquedistas”. Com tamanha sabedoria, as mais altas patentes militares decidiram reunir hoje e de urgência o Conselho Superior do Exército que terá na ordem de trabalhos a análise do discurso favorável ao “partido único”.

Ao nosso blogue e já chegaram algumas perguntas que eu tenho dificuldade de responder mesmo puxando dos meus galões de antigo combatente na Guerra Colonial. Escolho uma que estes “grandes democratas” terão oportunidade de responder: como os grandes espetáculos de paraquedismo se fazem nos campos de futebol, que tal mandar colocar uns pisos sintéticos, para que não haja acidentes como lá para os lados de Oliveira de Azeméis?
Responda quem souber.
Como já escrevi no Post "O caso dos convites", para esta gente, na política, vale tudo. Estão a seguir à risca, mas vergonhosamente, a "cartilha" do líder máximo do partido.
Fico a aguardar a reação dos partidos.

Ovar, 3 de julho de 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 2 de julho de 2017

Há uma outra pista para o início do incêndio em Pedrógão Grande

A tese que prevalece é que o incêndio começou com uma trovoada seca, mas na última semana surgiu um novo elemento sobre o ponto de ignição. Afinal, o raio causador do incêndio não caiu em cima de uma árvore. Terá atingido primeiro um posto de transformação das linhas de média tensão, sendo depois conduzido pelos cabos até onde o fogo começou, na zona de Escalos Fundeiros. Uma possibilidade que encaixa na informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera conhecida este sábado de que não caíram raios em Escalos Fundeiros na altura do início do incêndio.

Há uma outra pista para o início do incêndio em Pedrógão Grande
© rui duarte silva Há uma outra pista para o início do incêndio em Pedrógão Grande

Em Escalos Fundeiros, ponto zero do incêndio, a investigação à origem do incêndio está praticamente terminada. Mas na última semana foi comprovada a existência de um novo elemento sobre o ponto de ignição. Afinal, o relâmpago causador do incêndio não caiu diretamente em cima de uma árvore. A descarga elétrica terá atingido primeiro um posto de transformação das linhas de média tensão que passam no local e que depois conduziram o raio até lá. A sequência de eventos determina que no relatório final da PJ o incêndio de Pedrógão venha a ser classificado como tendo origem em “causa acidental de origem natural ligada a trovoada seca”.
Nas primeiras fotos do incêndio, tiradas por Daniel Saúde, que passava o fim de semana na quinta que tem naquela localidade de Pedrógão Grande, é possível ver os cabos eléctricos junto às chamas que ainda começavam. Foi ele quem ligou para o 112 às 14h38, quando viu fumo a surgir no horizonte, acionando os primeiros bombeiros da corporação de Pedrógão Grande.
O raio que iniciou o incêndio não foi visível. Nem o trovão ressoou no vale, como é costume em dias de trovoada, secas ou molhadas, o que levou os populares de Escalos Fundeiros a desconfiar da tese da Polícia Judiciária. Daniel, que estava do lado dos céticos, passou os últimos dias a ler estudos e pesquisas sobre relâmpagos, e aprendeu, diz, “que é possível haver descargas elétricas silenciosas e que poderá ter sido o caso”, admitiu ao Expresso. Por isso, quando, na quarta-feira, foi contactado pela Polícia Judiciária para ser inquirido, enquanto testemunha do início do incêndio, já estava mais propenso (mas ainda não totalmente convencido) a acreditar na teoria.

Fonte: Expresso

Semanada



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 02/07/2017)
road

Numa semana em que se poderia estar a debater quantos mortos e assaltos serão necessários para que Passos Coelho consiga ressuscitar, eis que alguém que anda na política há décadas e que até foi primeiro-ministro, decidiu inventar suicídios para conseguir culpabilizar um governo. Foi puro oportunismo político que serviu para se perceber a pequena dimensão do líder do PSD, ou o baixo nível de alguns dos seus candidatos autárquicos, como o provedor da Santa Casa de Pedrógão Grande.
Um dos maiores sinais de que o país mudou para muito melhor com a Gerigonça está no facto de ninguém ter comentado o pagamento antecipado da dívida ao FMI e o relatório simpático desta organização. Nos tempos de Passos isto daria direito a um orgasmo em direto de Paulo Portas e a mais um convite a Maria Luís para falar num seminário em Berlim, senão mesmo para a entrega de uma pasta de vice-presidente da Comissão Europeia, à senhora.
O PSD anda tão ocupado com as desgraças que até já se esqueceu das mensagens de Centeno ou das offshores, a falta de programa de Passos leva a que o PSD se comporte como um predador oportunista, que opta pela preguiça e a preferir ser necrófago. O PSD não tem agenda, não tem propostas, não tem ideias, marca as suas intervenções em função do telejornal da noite da véspera.
Passos usa as autárquicas para sobreviver e canibaliza o espaço e a imagem dos seus candidatos autárquicos. Nunca se organizou tantas convenções distritais e cerimónias de apresentação de candidatos, mas em nenhuma delas o país ouviu uma proposta autárquica ou viu a cara do candidato.
A campanha do PSD está transformada num road show de Passos Coelho, onde se fala do que foi notícia nos dias anteriores. É de tal forma que ninguém tem a mais pequena ideia de quem é o candidato do PSD no Porto, e até uma tal Teresa Leal qualquer coisa desapareceu.
Quem ganha com o comportamento de Passos Coelho é Assunção cristas que convidou Marcelo para ir a Bruxelas beber um copo acompanhado de uma sandes de courato nacional oferecida pela CAP. Enquanto Passos parece rezar para que morra alguém, a líder do C DS passa uma imagem construtiva, enquanto a líder do CDS propõe soluções o líder do PSD não esconde o desejo de ver desgraças.

Senhor eucalipto



por estatuadesal
(Francisco Louçã, in Público, 30/06/2017)
jose_manuel_fernandes

Assistir ao espetáculo de um adulto a comportar-se como um garoto cria uma certa vergonha alheia. Quando se trata de um debate importante para a comunidade, essa vergonha alheia transforma-se em pena. Tenho por isso pena do Dr. José Manuel Fernandes.
O Dr. Fernandes, que tem pergaminhos na imprensa – eu conheci-o na Voz do Povo, depois no Expresso e depois director do Público – capitaneia agora um projecto de agit-prop, o Observador, e nele entendeu que o incêndio de Pedrógão Grande seria a oportunidade de sacudir o país com uma intestina vaga de indignação. Se quem lê estas linhas deita os olhos a essa publicação online, já conhece o estilo da casa: Portugal é sempre uma crise alucinante, um governo trágico, um primeiro-ministro criminoso, tudo uma pepineira, pelo menos desde que Passos Coelho perdeu a maioria nas eleições. Portanto, nada de novo: na opinião da sempre fogosa brigada neoconservadora do Observador, este incêndio é só mais um fogo que arde para se ver, queime-se o governo e salvem-se os eucaliptos.
A querela é esta: os eucaliptos são ou não perigosos para a nossa floresta? Vejamos os factos. Diz o INE que Portugal tem 23% da sua área florestal entregue aos eucaliptos, ou cerca de 760 mil hectares. Só quatro países do mundo têm mais eucaliptal em termos absolutos do que Portugal: a China (mas é 104 vezes maior do que Portugal), o Brasil (92 vezes), a Austrália (83 vezes) e a Índia (36 vezes). Em termos relativos, nenhum país no mundo tem a superfície de eucaliptos de Portugal. Aos que me respondem com o argumento de “dá dinheiro”, pergunto só por que é que a Alemanha ou a Espanha não correm para este El Dorado. A resposta é que é perigoso, não é que os empresários alemães ou espanhóis sejam estúpidos. Sim, o nosso desordenamento florestal é grave, o abandono rural gravíssimo – mas é um desordenamento que promove os eucaliptos (77% do investimento na floresta em 2015 foi para eucaliptos), que são perigosamente combustíveis, sobretudo se plantados como o estão a ser. Portanto, mais vale travar a fundo e salvar a floresta deste negócio pirómano.
Mas o Dr. Fernandes não quer conversar. Quer bombardear. Por isso, ao teorizar sobre as razões para estarmos gratos aos eucaliptos, o Dr. Fernandes sente a necessidade de nos explicar, sobriamente, que não é um “miserável avençado das empresas de celulose”, do que não tenho dúvida. Mas, vai daí, acha-se obrigado a tratar os pontos de vista contrários como prova de “ignorância” (e repete “ignorantes”), “obsessão”, “arrogância”, “preconceito” e “confusão” de “cabeças conspirativas” (sic). Quem dele discorda, supremo atrevimento, são os “bota-faladura” (sic) (agradeço por isso que ele me inclua nesta lista como “sumo sacerdote”, o que pensariam os meus amigos se ele me esquecesse). Ler um texto de alguém que assina como jornalista e tão cheio de classificações insultuosas é confrangedor. O homem não se lembra de nada de quando foi director de um jornal de referência?
Mas ainda estava só a começar. Vem aí o melhor. São as “carinhas larocas” (sic) que o tiram do sério: “Quando a Catarina ou uma das manas Mortágua investe contra a chamada eucaliptolândia, os jornalistas que seguram os microfones quase acenam com as cabeças e depressa se esquecem de confrontar a sua doçura de hoje (quando morreram 64 pessoas num incêndio florestal) com a lendária agressividade dos tempos em que até as suas unhas encravadas eram culpa de Passos Coelho”.
O homem não gosta de ninguém, sobram os eucaliptos. Nem “da Catarina” nem das “manas Mortágua”, cuja “doçura” vitupera, pois contrasta com a sua “lendária agressividade” a respeito das “unhas encravadas”, nem dos jornalistas que, patetas, “acenam com a cabeça”. Se já chegou às “unhas encravadas”, não devemos mesmo ter pena do Dr. Fernandes?