Translate

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O original de “Y Viva España” é belga

Aventar

por Rui Curado Silva

O país que serve de refúgio a Puigdemont é também aquele que criou o tema que serve quase de hino à Espanha (o verdadeiro hino é uma marcha militar sem letra) e que tem sido cantado durante as manifestações pró-espanholas na Catalunha.

O original intitulado "Eviva España" de 1971 era uma cançoneta para animar programas de televisão e festas para a terceira idade cuja ideia de Espanha remetia para o exotismo das férias de Verão, de letra simples e carregada de estereótipos sobre os povos ibéricos. Os autores são ironicamente flamengos, Leo Caerts e Leo Rozenstraten, e a cantora Samantha interpretava a música em flamengo. Tornou-se num sucesso quase global quando Manolo Escobar interpretou o tema em espanhol em 1973, sob o título "Y Viva España".

A democracia catalã está em prisão preventiva

Estátua de Sal

por estatuadesal
(Daniel Oliveira, In Expresso Diário, 06/11/2017)
daniel2
Com metade do governo catalão preso, instalou-se um debate semântico que é, como quase todos as disputas sobre palavras em política, um conflito político. Serão os ministros “políticos presos” ou “presos políticos”? A ideia de que são políticos presos nasce de um equívoco: a de que não há, em democracias, comportamentos ditatoriais.
Mais: a de que basta estar respaldado pela lei e pelos tribunais para que uma determinada ação seja aceitável em democracia. Até as ditaduras têm leis e tribunais. Isso não chega. A história das democracias, a começar pelas democracias coloniais (não pretendo fazer um paralelo com a relação de Espanha com a Catalunha), está cheia de abusos políticos utilizando os tribunais e as leis para os levar a cabo.
Os governantes catalães tomaram decisões políticas. São apenas e só decisões políticas. E tomaram-nas respaldados no mandato que receberam e onde se comprometeram a iniciar este processo. Podemos ser contra as suas aspirações. Podemos até considerá-las ilegítimas e inaceitáveis. Ou mesmo ilegais, como são sempre e em todo o lado todos os processos de autodeterminação não consentidos. Mas não podemos retirar aos atos destes governantes a sua natureza política. Um político preso é alguém que é, por exemplo, condenado por corrupção. Suspeita-se que Puigdemont poderia ser e que Rajoy também. Mas não é isso que está em causa aqui.
Não brinquemos com as palavras. Alguém que cumpre o mandato para que foi eleito e é preso por isso, criminalizando assim a vontade de parte do eleitorado, é um preso político. Não quer isto dizer que a decisão que tomou, por ter o apoio de quem nele votou, seja certa. Nem sequer quer dizer que seja legítima. Quer apenas dizer que estamos a falar de política e que estas prisões são políticas. E o facto de serem presos políticos numa democracia torna a situação mais grave - e não menos.
Os tribunais costumam impedir decisões inconstitucionais, usando até ao limite todos os instrumentos que estão ao seu alcance e no total respeito pela separação de poderes, para não confundir a ilegitimidade de um ato político com a criminalização dos eleitos. Não é habitual, como bem sabemos, prenderem os seus autores. É, aliás, uma das razões porque garantimos imunidade parlamentar. Porque isso transformaria as disputas políticas em disputas criminais e os argumentos políticos em perseguições policiais. Mesmo que haja prisões, em casos graves de violação dos direitos humanos ou do Estado de Direito, elas não se fazem de forma expedita, preventivamente e em vésperas de eleições. Neste momento, é a democracia catalã que está em prisão preventiva.
Tentemos não fingir que não percebemos o óbvio. Madrid marcou eleições antecipadas e, poucas semanas depois, a menos de dois meses do escrutínio e a dias do começo da campanha, metade do governo eleito e uma parte significativa dos dirigentes independentistas está presa preventivamente, sem julgamento e sem direito a fiança.
Estas prisões preventivas, mesmo tendo sido tomadas pelos tribunais, têm um objetivo político, não um objetivo judicial. E a manterem-se até ao ato eleitoral transformam as eleições catalãs numa farsa. Nenhum país democrático aceitaria um ato eleitoral onde os representantes de pelo menos metade da população são, a semanas do voto, postos atrás das grades.
O passo seguinte e mais perigoso foi dado ao transportar este conflito para o resto da Europa, envolvendo-a nesta espiral de loucura que um chefe de governo fraco e com pouco apoio popular não se importa de alimentar, até pela pouca relevância do PP na Catalunha. Rajoy encontrou na demonstração de força na Catalunha a sua tábua de salvação. E tudo indica que a Europa vai falhar de novo. Em vez de ser um elemento apaziguador e um possível mediador para que se encontre uma solução do problema, aceitará ser instrumento de repressão, chantagem e judicialização do conflito.

A direita não sai do seu velho ciclo

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog Aspirina B, 06/11/2017)

Mumia Cavaco SLopes

Para desespero da direita, ainda não foi desta que Bloco e PCP roeram a corda do Orçamento. O resultado das Autárquicas alimentou-lhes a esperança da vinda do tão esperado novo ciclo, como não aconteceu, alguns atacam o documento agora aprovado, enquanto outros usam como única arma de arremesso político a tragédia dos incêndios.

E há ainda os que misturam tudo como faz o Pedro Marques Lopes, esta semana, na sua crónica no DN.

Diz ele que “o Orçamento do Estado para 2018 é uma espécie de documento de “depois logo se vê”.” Confesso que demorei um bocadinho, mas acabei por concordar. Afinal, há aqui uma diferença, os orçamentos da direita eram mais do tipo “vê-se logo”. Via-se logo que eram inconstitucionais, via-se logo que as contas estavam aldrabadas e que seriam necessários vários orçamentos rectificativos e, sobretudo, via-se logo que o País continuaria a marcar passo. Mas fiquei a pensar e o “depois logo se vê” deve ter sido inspirado na campanha dos candidatos à liderança do PSD. É que, tirando o campeonato dos afectos, não se lhes conhece ideia alguma para o futuro do País. Aliás, “depois logo se vê” podia ser o lema do velho ciclo da direita. Adiante.

Mais abaixo, o Pedro Marques Lopes, informa-nos que “a grande questão é que este Orçamento revela o labirinto sem saída desta solução governativa”, e que “o Orçamento grita isso, está bem à vista que os entendimentos em aspectos fulcrais para o país são impossíveis com esta solução governativa”. Até aqui, os aspectos fulcrais para o País têm sido o défice, a dívida, o crescimento da economia, o desemprego, etc.. Como esses aspectos estão bem encaminhados, e o Orçamento assim o prova, no entender de PML, e se calhar bem, os aspectos fulcrais passaram a ser “as mudanças na Segurança Social, prioridades para o investimento público, reformas no ordenamento do território, acordos para reformar a Justiça, entre outros.” E que os mesmos “são impossíveis de obter no quadro da geringonça.” Não sei se é impossível o Governo realizar essas reformas com o apoio do BE e do PCP, mas sei, e o PML também, que sem o acordo do PSD, pelo menos, são reformas com muito pouco alcance. Ou seja, não são reformas, são apenas umas medidas que o governo seguinte revogará assim que tiver oportunidade.

O que me leva ao tal labirinto. Ao contrário do que diz o PML, os labirintos normalmente têm uma saída e o PS, o BE e o PCP têm conseguido encontrá-la. Já no PSD não se movem num labirinto, isso implica percorrer caminhos, sendo que alguns até os poderiam levar ao entendimento com a esquerda para os tais aspectos fulcrais. Movem-se em campo aberto, mas, tendo em conta as coisas sem nexo que gritam, devem andar todos de olhos vendados.

João César das Neves(JCN) – Talibã romano, no DN

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Carlos Esperança, in Facebook, 06/11/2017)

Abominavel

( Ver artigo que o texto analisa aqui)

«Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso ao Senhor; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá» (Êxodo 35:2).

João César das Neves, pávido com as labaredas do Inferno, esquece a Bíblia e o sábado para divulgar a vontade do seu Deus, decifrada nas mais arcaicas sacristias.

Neste último sábado, 4 de novembro do ano da graça do calendário gregoriano, regressa à homilia contra a IVG, exaltando as ‘Caminhadas pela Vida’, desse dia, equiparando a IVG a “barbaridades extremas: guilhotina jacobina, holocausto nazi, ataque atómico ao Japão, massacres arménio e tutsi, entre tantos outros [sic]”.

O devoto misógino nunca se conformou com o fim da pena de prisão para mulheres que abortam por malformações fetais, violação ou risco de vida. Como poderá resignar-se à liberalização do aborto quem é capaz de ver na ejaculação um genocídio?

Talvez escreva estes textos pios depois da missa das sextas-feiras em que a ‘Comunhão e Libertação’ o expõe a longas inalações do turíbulo onde, por lapso, ardam outros pós, em vez de incenso.

Na pungência de tais odores, JCN vocifera contra “as crueldades cometidas no aborto, na eutanásia, na procriação assistida e em tantos outros atentados à vida e à família”, sem jamais perceber que o planeamento familiar, os contracetivos e a despenalização contribuíram para a drástica redução do aborto, em Portugal.

Para JCN, “um aborto é sempre um acto objectivamente abominável, arrancando à força um feto do seio da mãe grávida”, ainda que salve a vida materna ou condene à gestação de um anencéfalo. Com a sanha de Maomé ao toucinho, JCN afirma que esta “sociedade está apática, senão abertamente cúmplice, perante as crueldades cometidas no aborto, na eutanásia, na procriação assistida e em tantos outros atentados à vida e à família”.

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mt 5:3.)

Ficheiros Kennedy: Martin Luther King era “comunista” e cometia “aberrações sexuais”

Por EFE

6 Novembro, 2017

Martin Luther King em 1958
Os documentos tornados públicos sobre o assassinato do ex-presidente dos EUA, John F. Kennedy, contêm um relatório no qual o FBI acusa o reverendo Martin Luther King de ser comunista e de cometer “aberrações sexuais”.
Os documentos foram publicados por ordem do presidente Donald Trump, que determinou o fim do sigilo de grande parte dos documentos ainda secretos sobre a morte do presidente John F. Kennedy em 1963.
Entre eles está um documento sem relação aparente com o assassinato do ex-presidente: um relatório de 23 páginas no qual o FBI analisa o perfil de Martin Luther King. O arquivo tem a data de 12 de março de 1968, três semanas antes do homicídio deste célebre líder do movimento pela defesa dos direitos civis no país.
Não há referência a Kennedy no dossiê sobre Luther King e também não é claro o porquê do documento só ter sido publicado agora. As últimas duas páginas do relatório acusam o reverendo de participar em “orgias sexuais de bêbados”, pelo menos desde 1964, nas quais eram praticados “atos não naturais”.
“Durante os anos seguintes e até agora, King continuou a cometer estas aberrações sexuais em segredo, enquanto, em público, se apresentava como um líder moral de convicções religiosas”, indicou o FBI no relatório.
O documento também acusa King de ter tido uma filha com a esposa de um dentista da Califórnia com quem teve uma “aventura” desde 1962, e diz que manteve relações extramatrimoniais com outras três mulheres, uma delas a cantora Joan Baez.
Além disso, o FBI define King como um “marxista de coração“, que “apoiava em segredo o comunismo e que se cercava de assessores que tinham laços com esse partido nos EUA”.
// EFE