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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Texto politicamente incorrecto

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por José Gabriel

Na SICn o tema da noite é a "falha do Estado". O que é curioso é que esta gentinha confunde Estado com Governo de um modo que está longe de ser inocente. Chegaram ao ponto de tentar que Pacheco Pereira afirmasse que Portugal era um "Estado falhado"! Claro que o sr. José - dotado de mais neurónios que o par de entrevistadores juntos - não foi na conversa e deu-lhes uma palmada no ego. Mas o tema atravessa a noite. Os convidados especiais estão, na sua maioria, na onda. O presidente da Câmara de Viseu bradava contra a falha do Estado, como se o Estado fosse uma entidade longínqua e com a qual ele próprio nada tivesse. Tem! Ele é Estado também e tem obrigações. Ele e todos os autarcas. E, por muito que isso seja doloroso, é bom que alguém, tarde ou cedo, dê um murro na mesa e pergunte pelas responsabilidades dos que, nas suas terras, têm obrigações a que muitos se furtam sistematicamente para não perder a popularidade e os votos. Essas obrigações estão claras na lei e são, em tantos lugares, sistematicamente incumpridas por acção ou omissão. Elas são descritas no famoso relatório da comissão independente, mas não se fala nelas para que não se pense que se está a culpar as vítimas de que alguns autarcas se fazem lídimos representantes, tentando esconder a sua parte da responsabilidade. Compreendo, mas não aceito. Como compreendo o embaraço dos partidos e governantes em tocarem neste assunto. Por isso aqui deixo esta palavra. Por ela só eu respondo. Sim, os governantes têm mais responsabilidade - eu não digo culpa - do que afirmam os seus representantes. Mas quem autorizou o fogo de artifício dos srs. padres não deve ter sido nenhum ministro. Para citar um micro-exemplo...

A antiga casa do guarda florestal ainda não ardeu este ano

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por j. manuel cordeiro

Há muitos anos, ainda Vila Real de Santo António tinha um parque de campismo onde era possível passar uma semana agradável no Verão, ardia outro parque de campismo no Algarve, que isto de incêndios não é de agora, apesar de ter piorado. Um cavalheiro com idade para ter netos tinha deitado à minha frente uma beata de cigarro para o chão, ainda acesa, ali mesmo no meio do parque, abundante de caruma e pronto para um belo incêndio. Chamei-o à atenção, até porque se aquilo ardesse seria a minha preciosa tenda canadiana que se perderia. O que eu fui fazer. Só não houve porrada porque o cavalheiro, ao contrário de mim, era pessoa educada.

No passado domingo o país esteve novamente transformado num enorme braseiro. Li relatos sobre foguetes lançados em Aveiro e sei de um fogo que terá começado porque um velhote decidiu queimar os carolos no domingo à tarde. Não morreu ninguém e nem arderam casas, nem mesmo a do guarda florestal, tão abandonada quanto os pinhais que a rodeiam.

Haverá fogo de origem criminosa, sim, mas também há muita incúria. No país falta tanto de sanidade como de dinheiro que se gaste numa campanha continuada para educar as pessoas. Uma campanha bem feita funciona. Basta lembrarmo-nos da prevenção rodoviária e de como hoje em dia o uso de cinto se tornou algo aceite sem ser por receio da multa. Ou da campanha "se conduzir, não beba". Não será por falta de dinheiro que estas não se fazem, pois os Canadair não ficam baratos.

Hoje choveu. Talvez a velha casa do Guarda da Mata sobreviva este ano. Continuando assim, será apenas uma questão de tempo até que dela nem as ruínas restem do que foi a primeira linha de proteção da floresta. E, já agora, coloquemos nomes nos malfeitores. Sócrates iniciou a extinção do corpo de guardas florestais, Passos Coelho concluiu o serviço e Costa deixou andar.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Incêndios: claro que se vai repetir. Durante anos


Estátua de Sal

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 16/10/2017)

Daniel

Daniel Oliveira

Há uma coisa impossível de explicar a um jornalista. Na realidade, ela pode ser explicada a um jornalista e qualquer jornalista a consegue entender. Mas não a consegue usar no seu trabalho, que exige respostas e soluções simples e tão rápidas como as suas notícias. Essa coisa foi a que António Costa disse ontem: não só não pode garantir que o dia de ontem não se vai repetir como é seguro que, de alguma forma, vai acontecer de novo. O que o jornalista não pode compreender é que a resposta a um problema realmente importante é muitíssimo mais lenta do que o seu trabalho. É como pedir a um pugilista que jogue xadrez. Com luvas. Mas isso não pode determinar as decisões tomadas pelos políticos.

Nesta madrugada vi jornalistas exigir auditorias para que tudo fosse resolvido. Na rapidez da sua indignação e, desconfio, com a mesma inconsequência da sua indignação. Só que, não sei se deram por isso, houve um estudo que fez algum trabalho. Não lhe foi dedicada grande atenção, porque ele exige um domínio técnico do tema que ultrapassa as frases bombásticas e as soluções instantâneas. Só que esse estudo não fala apenas do que aconteceu em Pedrógão. Fala dos problemas circunstanciais e dos problemas estruturais, da prevenção e do combate. E apresenta propostas.

Parte das propostas estão em andamento e delas destaco, antes de tudo, a mais relevante: a reforma da floresta que, infelizmente, o PCP deixou coxa e que se espera que os restantes partidos possam vir a completar. Quanto ao combate aos fogos, há um debate difícil a fazer-se sobre um sistema que se baseia sobretudo no voluntariado. Temos milhares de homens e mulheres que merecem toda a formação para que a sua generosidade se traduza em eficácia. E é hoje evidente que a Proteção Civil tem problemas gravíssimos, provavelmente fruto de nomeações demasiado partidárias, e que precisa de uma limpeza urgente. E que dificilmente será esta ministra, tão fragilizada politicamente, a fazê-la. A demissão da ministra não resultará sobretudo das responsabilidades diretas no que tem acontecido. Resultará da necessidade de ter alguém com autoridade política para fazer o que tem de ser feito. E Constança Urbano de Sousa não tem essa autoridade.

Por fim, há o dia de ontem. E quanto a esse, ninguém com juízo negará que as temperaturas que estamos a sentir quase a meio de outubro são absolutamente excecionais. E que uma década sem incêndios e dois anos de seca fazem o resto. Sobretudo quando parece evidente, pela quantidade inacreditável de ignições, incluindo à noite, que há mão criminosa e que o fenómeno está a atingir proporções só compreensíveis se estivermos perante crime organizado.

Nada, a não ser o refrescamento do Ministério e a limpeza da Proteção Civil, produzirá efeitos brevemente. Tudo o resto, que é o que interessa, precisa de tempo e de um compromisso político alargado durante uma década. Comecemos por ler o relatório publicado pela comissão independente e continuemos completando a reforma da floresta que deu os primeiros passos há uns meses. A ministra não pode ficar? Não. Mas a sua demissão não vai resolver coisa alguma. Costa tem razão: cada incêndio que apagamos é apenas um incêndio que é travado. Os problemas estruturais estão lá todos e, lamentavelmente, não se vão resolver ao ritmo das polémicas mediáticas. Esta é a altura em que os vários atores políticos se entendem e olimpicamente ignoram o ruído dos comentadores e jornalistas. O meu incluído.

Uma dica para emails sem arrependimentos

4.0 Tecnologia, inovação e empreendedorismo

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  João Pedro Pereira 

16 de Outubro de 2017

Uma dica para emails sem arrependimentos

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Há algumas semanas, uma leitora notou (num simpático email) que esta newsletter dizia, erradamente, que o primeiro iPhone tinha sido lançado em 2017. A intenção era escrever 2007. O lapso tinha seguido para dezenas de milhares de caixas de correio, sem qualquer possibilidade de correcção.

Provavelmente já todos os leitores passaram pelo embaraço de enviar um email problemático. O caso mais clássico é a ausência de anexo, que obriga logo de seguida a um segundo email apressado, este sim com o indispensável ficheiro. De tão comum, tornou-se um erro pouco grave.

Gralhas, nomes trocados e destinatários errados são outras possibilidades, umas mais embaraçosas do que outras. Há palavras que são inócuas (e muito legíveis) com menos uma letra, ao passo que outras podem provocar ataques de pânico (apenas uma letra separa a palavra “pedido” de uma gaffe terrível). 

A caixa de email de um jornalista parece propensa a emails que são um potencial embaraço. Um caso recorrente é o do convite que chega dirigido a um jornalista de outra publicação, porque quem o enviou se esqueceu de mudar o nome no topo. Tem mais piada quando se trata de uma promessa de um qualquer exclusivo.

Como bem nota esta coluna do Financial Times, uma das piores coisas que se pode fazer é pedir para recuperar o email (trata-se de uma funcionalidade recôndita de alguns sistemas de email, como o Outlook, da Microsoft). Estes pedidos de recuperação – que são eles próprios um email – têm a inevitável consequência de atrair a atenção do receptor para um email que se calhar nem teriam aberto.

Existem soluções melhores.

No Gmail há uma opção nas definições (acessíveis através de um ícone com uma roda dentada no topo superior direito) que cria um compasso de espera: depois de carregar no botão “enviar” passa a haver uma janela de alguns segundos que permite anular o envio (entre cinco e 30 segundos, ao gosto do utilizador).

Já no Outlook (na versão de programa para computador) é possível criar uma regra que atrasa o envio dos emails durante um qualquer número de minutos. Os emails passam então a ficar na caixa de saída a aguardar envio e podem tranquilamente ser apagados.

Digno de nota

- Um investigador belga descobriu uma falha num protocolo de segurança muito usado nas redes wi-fi. A técnica permite que o atacante descodifique os dados que normalmente circulam encriptados na rede. As versões mais recentes do sistema operativo Android são particularmente vulneráveis.

- Para alguns, um carro é um veículo. Para outros, um símbolo de estatuto. E há também quem se afeiçoe aos carros, companheiros de viagens e aventuras, por vezes ao longo de milhares de quilómetros. A Toyota acredita que a inteligência artificial pode tornar esta relação mais forte. “Ao usar tecnologia de inteligência artificial, queremos expandir e melhorar a experiência de condução, tornando os carros outra vez num objecto de afecto”, afirmou à agência Reuters um executivo da marca.

- O PÚBLICO conversou com Martin Cooper, o engenheiro que inventou o telemóvel. Apesar de toda a evolução, Cooper não parece satisfeito com os aparelhos actuais: “Faz sentido que quando queres comunicar tenhas de levantar um braço, mantê-lo numa posição desconfortável e tenhas de colocar este telefone plano numa face curva?" Um brinco, diz, talvez fosse uma melhor solução.

4.0 é uma newsletter semanal dedicada a tecnologia, inovação e empreendedorismo. O conteúdo patrocinado nesta newsletter não é responsabilidade do jornalista. Críticas e sugestões podem ser enviadas para jppereira@publico.pt. Espero que continue a acompanhar.

Todos os fogos, o fogo



(Por Estátua de Sal, 16/10/2017)
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(O título deste artigo é o de um conhecido livro de contos de Julio Cortázar )
O país está a arder. Está a arder e parece que o fogo não queima só vegetação, casas, haveres, infraestruturas e pessoas. No olhar das televisões o fogo queima o mundo inteiro. Já não há notícias, outras, a não ser aquelas que decorrem das labaredas e dos seus efeitos. Hoje de manhã, queria saber o que se teria passado na Catalunha com o ultimato dado por Rajoy ao Governo catalão, e tive que esperar três horas, e começar por ver referência ao tema apenas em nota de rodapé.
Parece-me que estamos na presença de dois tipos de incendiários: os criminosos e/ou os negligentes que ateiam os fogos, e os incendiários informativos que na comunicação social os empolam e os saboreiam para semear todo um cenário de alarme social no espírito daqueles que nem fumo viram. Assim, todo o espaço informativo passou a transmitir uma narrativa única e uniforme. A realidade passou a ser unívoca e o assunto dominante é pisado e repisado até à náusea.
Foi assim com a demissão de Passos, com o regresso de Santana, com a acusação a Sócrates e agora com os incêndios. Em cada dia elegem um alvo, e mordem a presa, até não lhe restar pinta de sangue. Deixam pois de existir notícias do mundo, e a agenda mediática é dominada por um cinzentismo uniforme, um sensacionalismo de tablóide, vampiresco da desgraça alheia: morreu um bebé no fogo, dois idosos desapareceram, o meu carro ardeu, a minha casa ruiu e fiquei sem nada, e mais, e mais, a desgraça na primeira pessoa.
Há depois as lamúrias acusatórias ao Governo, às autoridades e ao dispositivo no terreno. A culpa é do Costa e sobretudo da ministra, de quem se pede a cabeça, sempre que se ouve um crepitar de chamas. Sim, à força de acharmos que a evolução tecnológica é uma panaceia que permite debelar todos os males do mundo, temos tendência a minimizar o potencial destrutivo das catástrofes naturais que, estamos muito longe de poder antever e dominar. Como se a cabeça da ministra, servida em bandeja, aplacasse a ira do fogo, ou invocasse a vinda miraculosa de uma agulheta gigante que num ápice apagasse as chamas.
É evidente que nada disso se iria passar e que os fogos, depois de ateados, não se apagam com demissões, e os acusadores de serviço sabem bem disso, e todos nós sabemos que eles o sabem. É por isso que só nos resta concluir que na senda das desgraças e das catástrofes há sempre o coro dos que da desgraça vivem e das lágrimas das populações querem beneficiar.
A Direita, arredada que está do poder, toda ela se lambe no crepitar das labaredas, toda ela se empolga para apontar falhas ao Governo, toda ela se lambuza a pedir demissões. É a política da terra queimada: preferem um país destruído e a arder, regado pelas lágrimas das populações, do que existir um país a prosperar e sem catástrofes que não seja governado por eles.
A Direita sempre defendeu e apregoou a desgraça como o berço natural dos mais deserdados, os que não fazem parte dos ungidos por divina ou superior ascendência. A defesa da desigualdade está-lhes no sangue e na genética. E é isso que continuam a propalar aos quatro ventos, os tais ventos que indómitos fazem propagar as chamas em ritmo incontrolável.
Passos queria o diabo, que viria em forma de juros altos, sanções europeias, descontrole orçamental. Costa teve agulheta para tudo isso e Passos engoliu em seco, desistiu e está em vias de fazer penitência por ter invocado o nome de satanás em vão. Mas os prosélitos de Passos aí estão a esfregar as mãos de contentamento: parece que o diabo sempre apareceu. E, fazendo jus à sua fama, trouxe consigo as chamas do inferno.








“Os políticos não se educam, pressionam-se”

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por António Fernando Nabais
Fotografia LUSA/Paulo Novais
Uma expressão como “época de incêndios” poderia ser cómica, não fosse enorme a tragédia. Faz tanto sentido como “época de inundações”, como se houvesse uma obrigatoriedade de haver fogo e água por toda a terra, dentro dos períodos respectivos, como se tudo, no fundo, fizesse parte de um planeamento. São expressões que transformam probabilidades em inevitabilidades e que são o retrato de um país ou de um mundo por civilizar.
O professor Jorge Paiva, um especialista em floresta, ao contrário de gente mais mediática e sem vergonha, anda, há anos, a chamar a atenção para vários problemas que poderão estar na origem dos fogos, nomeadamente a falta de guardas florestais. Ler mais deste artigo



Um só ataque da Coreia do Norte pode matar 90% dos norte-americanos

Um só ataque da Coreia do Norte pode matar 90% dos norte-americanos

Por AJB - 14 Outubro, 2017



Uma bomba nuclear EMP, lançada por um míssil ou satélite e detonada a grande altitude, destruiria parte dos EUA
A Coreia do Norte tem a capacidade de lançar um ataque fulminante com uma bomba nuclear de pulso electromagnético de grande altitude, que destruiria a rede eléctrica do país e dizimaria a população norte-americana.
Segundo um relatório apresentado esta quinta-feria por uma comissão de peritos em assuntos militares ao Congresso dos Estados Unidos, um só ataque nuclear da Coreia do Norte pode matar 90% da população norte-americana.
Intitulado “Ameaça vazia ou perigo sério: avaliando o risco da Coreia do Norte para o território dos EUA“, o relatório foi apresentado à Comissão de Segurança Interna do Congresso por uma task force encarregada de avaliar a ameaça para os Estados Unidos de um ataque de pulso electromagnético.
Segundo o jornal The Washington Examiner, se a Coreia do Norte optar por um cenário de “Dia do Juizo Final”, pode usar uma bomba nuclear EMP, lançada por um míssil ou satélite e detonada a grande altitude, que destruiria parte dos Estados Unidos e cujo pulso electromagnético inutilizaria a rede eléctrica do país por tempo indeterminado.
Num cenário deste tipo, 9 em cada 10 americanos morreriam no espaço de um ano.
Segundo consideram os relatores da task force, citados pelo jornal conservador da capital norte-americana, “a ameaça da Coreia da Norte nunca foi tão alta”, em parte pela recente escalada de tensão e troca de ameaças entre as duas partes, mas também pela “surpreendente capacidade nuclear que os coreanos revelaram” nos últimos testes.
Os dois relatores do documento, William R. Graham e Peter Vincent Pry, salientam que os Estados Unidos estão “há anos a ignorar os sinais de aviso” e que as manobras militares norte-coreanas dos últimos meses deveriam funcionar como “toque a despertar”.
Há apenas 6 meses, dizem os dois peritos, a maior parte dos especialistas em assuntos militares norte-coreanos defendiam que o arsenal nuclear de Pyongyang seria totalmente primitivo – na pior das hipóteses consistiria em apenas 6 bombas atómicas – e que o país estaria muito longe de conseguir produzir uma bomba de hidrogénio.
Actualmente, realça William R. Graham na sua intervenção, os especialistas militares estimam que a Coreia do Norte tenha nada menos que 60 bombas nucleares, e tudo indica que tem uma sofisticada bomba H comparável às armas termonucleares americanas.
Segundo se pode concluir do relatório, aparentemente os norte-americanos poderão ter razões para estar preocupados com o facto de haver armas nucleares controladas por alguém que não lhes dá garantias de que nunca as venha a usar.
Algo que, consideram alguns analistas, deveria preocupar o resto do mundo, mas não apenas em relação às armas nucleares norte-coreanas.
AJB, ZAP //