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sábado, 27 de maio de 2017

O Eurogrupo é nosso, ou em marcha para lugar nenhum?.



por estatuadesal
(Francisco Louçã, in Público, 26/05/2017)
louca
Francisco Louçã

Foi um balde de água fria: um ex-embaixador, versado nestas coisas europeias e que não é propriamente um adversário do governo, veio escarnecer dessa “saloiíce lusitana” que teria levado a que alguém, fora “do seu perfeito juízo”, acreditasse que a sibilina frase de Schauble sobre “o Ronaldo do eurogrupo” fosse “algo mais do que uma arrogante boutade”. Lembrou Seixas da Costa que Schauble só defendeu em público um ministro e o nome dele é Dijsselbloem (precisamente contra as críticas portuguesas por outra boutade mais séria). Nicolau Santos conclui, e quem o pode criticar, que Schauble está a gozar connosco.
Feitas as contas, percebem-se duas evidências: primeira, ao governo português convém que esta hipótese seja espanejada e, segunda, não é fácil ao Eurogrupo encontrar um socialista que não seja francês nem italiano e que possa ocupar o cargo. Mas, como lembra Seixas da Costa, a ser um socialista, será provavelmente uma operação ventríloqua do governo alemão, alguém confiável como o foi o ministro holandês. Restaria ainda perguntar que faria Centeno nesse lugar: imaginemo-lo a negociar com a Grécia ou a fazer advertências sobre o défice estrutural português, para podermos antecipar a armadilha.
Em qualquer caso, é interessante compreender o que pensa o ministro português – e o seu governo – a respeito da questão europeia, para além deste circunstancialismo da desejada vacância de Dijsselbloem. E, a esse respeito, provocou algum debate o seu artigo sobre o sucesso da saída do Procedimento por Défice Excessivo, em que houve quem quisesse ler um programa para a Europa e portanto a confirmação da ambição pelo lugar europeu. Ferro Rodrigues, nas jornadas parlamentares do PS, acrescentou alguma teoria a este debate, com a crítica à assimetria do euro, assunto em que Centeno sempre foi mais reservado.
Falso alarme, porque o ministro se limita a pedir que se complete a União Bancária com um Fundo de Garantia de Depósitos e que haja uma solução para o crédito mal-parado (qual?). Ora, podemos então perguntar por que razão estas questões se arrastam, visto que já estão a ser faladas ou mesmo prometidas há vários anos. E em ambos os casos a razão é a mesma: dinheiro. Um fundo de garantia significa que a UE paga se houver uma crise bancária; uma solução europeia para o mal-parado significa que a UE paga os desvarios anteriores. E a UE não quer pagar. Schauble gosta de jogo de bola, desde que não haja bola. E Schultz, agora em queda depois de tanta promessa de redenção alemã, veio explicar ao Financial Times que pensa precisamente como Schauble. Assim, como se nota num recente documento do governo português, é dado por certo que não se passará nada e portanto bastam algumas proclamações sobre o “défice democrático” e como seria conveniente “reforçar a zona euro”.
Macron, mais afoito, sugere um ministro europeu das finanças, além de curiosas convenções em todos os países, com data marcada e agenda feita, refundar a Europa, mas agora não, só depois do Natal. Essa proposta do ministro europeu, sim, agrada aos governantes alemães, que aliás já a apresentaram no passado, embora por alguma razão a foram deixando de reserva. Mas tem um problema: chama-se democracia, aquela coisa de os parlamentos serem eleitos para deliberar sobre o orçamento nacional e de ser inconveniente que lhes seja tão violenta e explicitamente retirada essa função.
Agora, entendamo-nos, nada disto é um programa, com a particularidade de tudo o que é solução ser inaplicável e tudo o que é aplicável não ser solução. É pedido que se complete a União Bancária, aceitando a monstruosidade do seu funcionamento e o risco actual (uma autoridade europeia pode impor o confisco de parte dos depósitos num banco nacional em caso de dificuldades); é pedido que venha dinheiro que nunca há-de vir; e, para cúmulo do entretenimento, discute-se que se reforce uma união em que a única solução discutida é a das várias velocidades.
Fica tudo dito: a solução que está em cima da mesa vai sendo aceite por se ter a certeza de ninguém saber o que quer dizer. Portanto, estamos em marcha, mas é para lugar nenhum.

Ovar, 27 de maio de 2017
Álvaro Teixeira



sexta-feira, 26 de maio de 2017

Última hora: Três membros do Governo na apresentação de Vítor Amaral - Candidato do PS à Câmara Municipal de Ovar

Ovar, 26 de maio de 2017

Tiago Brandão Rodrigues, Ministro da Educação; Pedro Nuno Santos, Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, presidente da Federação Distrital do PS Aveiro, e Carlos Rocha Andrade, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, são três das individualidades que estarão presentes, no jantar de apresentação da candidatura de Vítor Amaral, pelo PS, à presidência da Câmara Municipal de Ovar.

Vítor Amaral - Convite-horz.jpg

Segundo uma fonte da candidatura, a apresentação do candidato do PS, terá lugar, este sábado, dia 27 de Maio de 2017, pelas 19h30, na Quinta Sol Nascente, Rua do Pio, n.º 60, em São Vicente de Pereira Jusã, seguida de um jantar de convívio, entre os participantes nesta apresentação.
De acordo com o já anunciado pelo candidato, é seu objectivo “voltar a colocar o concelho de Ovar na trajectória do desenvolvimento, criando melhores condições económicas, de emprego, de saúde e de protecção ambiental, para todos os munícipes”.
Sob o signo “Ovar é Paixão”, o candidato está a receber apoios e contributos de munícipes de todo o concelho de Ovar, de vários quadrantes políticos, que têm em comum a perspectiva de que é necessário inverter o mau estado das políticas e das opções, praticadas pelo actual executivo, de maioria absoluta PSD, presidido por Salvador Malheiro, desde 2013.
Nota biográfica do candidato
Nome: Vítor Manuel Reis Amaral
Nome profissional: Vítor Amaral
Naturalidade: Válega - Ovar
Idade: 59 anos
Dados familiares: Casado, duas filhas e 4 netos
Profissão: advogado e empresário
Algumas actividades profissionais desenvolvidas:
  • Empregado de escritório
  • Empregado forense
  • Empresário no ramo dos materiais de construção
  • Funcionário judicial
  • Emigrante nos EUA (1 ano) – empresário na área do calçado
  • Mediador de seguros
  • Mediador imobiliário
  • Administrador de condomínios
  • Empresário no ramo da administração profissional de condomínios (fundador de uma das maiores empresas do país)
  • Advogado
Algumas outras actividades que exerceu:
  • Fundador e presidente do Grupo de Acção Cultural de Válega – GAC
    • Fundador e director do Jornal de Válega
    • Encenador de teatro – GAC
    • Colaborador do jornal “Terras do Var”
    • Fundador da Associação dos Amigos de São Bento - Válega
    • Director do Centro Cultural e Recreativo de Válega – CCRV
    • Membro do Conselho Fiscal da Associação Portuguesa das Empresas de Administração de Condomínios – APEGAC
    • Presidente da Assembleia Geral do GAC
    • Presidente da Assembleia Geral da APEGAC
    • Presidente da direcção da APEGAC
    • Congressista em três congressos sobre propriedade horizontal, um deles no Brasil
    Algumas outras actividades que exerce:
    • Presidente da Assembleia de Freguesia de Válega
    • Presidente da Assembleia Geral da APEGAC
    • Presidente da Assembleia Geral do CCRV
    • Presidente do Conselho Fiscal da Fundação Pe. Manuel Pereira Pinho e Irmã
    • Formador na área da propriedade horizontal
    • Colaborador do programa “A Praça”, da RTP, sobre condomínios – “Viver em condomínio”
    Formação:
    • Curso Geral de Administração e Comércio
    • Licenciatura em Direito
    • Pós-graduação em direito do urbanismo
    • Curso de actores de teatro – Seiva Trupe – Porto
    • Curso de teatro de fantoches – Rui Sérgio - Aveiro
    • Curso de Encenação – INATEL – Lisboa
    • Formação em jornalismo
    • Curso de mediador de seguros
    • Participação em vários workshops e seminários
    Outros:
    • Em preparação: manual sobre condomínios, com o título “Viver em condomínio”, baseado no trabalho na RTP
    • Em preparação: livro de contos infantis: “Histórias para embalar o Afonso”


Fonte:
    Ovar Novos Rumos

Trump diz em Bruxelas que os "alemães são maus, muito maus"

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou o "superavit" comercial da Alemanha antes da cimeira da União Europeia em Bruxelas, segundo informações do semanário "Der Spiegel" e do diário "Süddeutsche Zeitung".


Segundo o semanário, que cita com fontes participantes dos encontros mantidos por Trump em Bruxelas, sem referir quais, o Presidente dos Estados Unidos classificou os alemães de "maus, muito maus".
"Vejam os milhares de automóveis que vendem nos Estados Unidos. Vamos pará-los", acrescentou Trump, segundo o "Der Spiegel", que recorda as repetidas críticas do presidente contra a indústria automóvel alemã.
O jornal Süddeutsche Zeitung também fala sobre o encontro no qual Trump tinha classificado de "mau, muito mau" o superavit alemão.
Trump reuniu-se na quinta-feira em Bruxelas com os líderes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, do Conselho Europeu, Donald Tusk, e do Parlamento Europeu , Antonio Tajani, bem como com a chefe da diplomacia comunitária, Federica Mogherini.
A passagem de Trump por Bruxelas esteve marcada pelo tom duro usado pelo líder norte-americano antes da reunião na capital belga com os seus parceiros da NATO, dos quais exigiu maiores contribuições me matéria de Defesa.
A esse primeiro encontro multilateral na Europa segue-se, esta sexta-feira, a cimeira do G7 em Taormina (Itália), onde Trump chegou durante a noite e deverá encontrar novamente a chanceler Angela Merkel.
A líder alemã valorizou na quinta-feira a decisão da NATO de integrar-se "formalmente" na coligação internacional contra o Estado Islâmico (EI), mas precisou que não significa que haja novas contribuições por parte da Alemanha para essa luta.
Em declarações à imprensa antes do início da cimeira da Aliança Atlântica, Merkel, que já tinha questionado a necessidade de a NATO entrar nessa coligação, apoiou agora esta medida.

(Artigo recebido no meu mail enviado pelo Jornal de Notícias)

Nota: Pela primeira vez, estou de acordo com Donald Trump.

Ovar, 26 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Bardamerda para o mérito



(In Blog O Jumento, 25/05/2017)
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Tanto António Costa como Marcelo Rebelo de Sousa decidiram considerar que a saída do procedimento dos défices excessivos foi mérito de todos os portugueses, de caminho Marcelo terá telefonado ao primeiro-ministro para o felicitar, tendo ainda feito o elogio público do ex-primeiro-ministro. Pelo ambiente de festa e de parabéns fiquei com a sensação de Portugal tinha feito anos e até haveria bolo de aniversário e o competente espumante produzido segundo o método champanhês.
Mérito de quê?
Tanto quanto me recordo nunca fui voluntário de qualquer esforço coletivo, muitos portugueses e principalmente os que votaram no PSD foram enganados com falsas promessas eleitorais, muitos dos que votaram PS não esperariam pelo espetáculo triste proporcionado por Seguro. Muitos dos que votaram no PSD e ficaram com cortes nos vencimentos e nas pensões confiaram em quem lhes garantiu que não o faria.
Mérito por ter sido enganado, mérito por ter ficado com um corte de rendimentos de quase 30%, depois de somadas todas as artimanhas inventadas pelo governo de Passos e Portas para empobrecer os portugueses e, principalmente, os funcionários públicos e reformados? Mérito por ver os filhos partir para os quatro cantos do mundo? Mérito por ter um salário mínimo congelado ao mesmo tempo que se aumentava o IVA nos bens essenciais e na energia? Mérito por se morrer à espera de ser atendido numa urgência?
Há uma grande diferença entre o líder de uma claque ou um treinador de futebol e um primeiro-ministro ou um ministro das Finanças. O que sucedeu em Portugal foi muito mais do que um esforço coletivo, foi uma tentativa desastrada de promover uma brutal transferência de rendimentos, aumentando a injustiça social, com o objetivo de resolver a falta de capital de uns à custa da subsistência de outros.
Da parte que me toca não tive qualquer mérito sem ver aumentado o horário de trabalho sem qualquer compensação, de ter ficado sem feriados sem ser remunerado por isso, por ter perdido direito a férias só para que Passos me exibisse ao ministro das Finanças da Alemanha. Não sinto que tenha tido mérito quando fui exibido como uma "despesa pública", quando fui acusado de ganhar mais do que os outros, quando fui acusado de, enquanto funcionário público ou reformado, de ser o culpado dos males do país.
O país não é um imenso grupo de cheerleaders (como as da foto) a quem o chefe vem agradecer o belo desempenho no fim do jogo. Há os que partilhavam a mesa e os negócios com o Ricardo Salgado e os que foram enganados pelos BES, os que aguentaram a austeridade e os que diziam que os outros aguentavam, aguentavam, os que passaram fome e os que compraram carros de luxo cujas vendas aumentaram.

Ovar, 25 de Maio de 2017
Álvaro Teixeira

Schäuble e Centeno: se não os vences, compra-lhes um ministro



(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 25/05/2017)
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Há pouco mais de dois meses, quando toda a recuperação económica e financeira agora confirmada estava a acontecer, Wolfgang Schäuble dizia, em declarações públicas, que Portugal tinha de se certificar de que não precisava de um resgate. Esta semana disse que Mário Centeno, o ministro que estaria a levar o País para um novo resgate, era o Cristiano Ronaldo do Ecofin.
As almas mais crédulas pensarão que Schäuble está a dar o braço a torcer e a elogiar Portugal. Nada disso. Está a fazer o mesmo que antes, mas por outros meios. Os portugueses não têm muita consciência de como a solução política encontrada em Portugal (incluir comunistas e esquerdistas numa maioria parlamentar de um país acabado de ser intervencionado) e a reversão de medidas impostas pela troika criou incómodo no poder europeu dominado pelo PPE e pela Alemanha. Para o ministro das Finanças alemão é fundamental anular qualquer efeito político deste sucesso.
Schäuble está a tentar absorver Mário Centeno, pondo-o a trabalhar para a sua carreira europeia, que dependerá sempre da vontade alemã. Se Centeno der sinais de mudança de lealdade, Costa deve despachá-lo para Bruxelas o mais depressa possível
O elogio de Schäuble pretende garantir, de forma imediata, que o assinalável sucesso português, que está a ser notícia um pouco por todo o lado, não tem o rodado político socialista António Costa como protagonista, mas o politicamente inexperiente Mário Centeno. É até um pouco mais do que isto. Quer insuflar alguém que a falta de arcaboiço político torna sensível à lisonja e é fácil de deslumbrar por uma possível e até provável carreira europeia. Schäuble não está a elogiar o governo português, está a tentar e provavelmente conseguir absorver Mário Centeno. Com isso, consegue um dois em um: ganha Centeno para o seu lado, que passa a trabalhar mais para a sua carreira europeia, que dependerá sempre da vontade alemã. Até porque sabe que é muito improvável uma carreira política portuguesa. Esta perspetiva mudará as suas prioridades. E isso pode dividir as hostes do governo português, dando mais força a um ministro que não olha para a “geringonça” com grande simpatia e que terá muito mais dificuldade em enfrentar a vontade alemã.
Não será nada difícil deslumbrar Mário Centeno. Quem se lembra dos pormenores das trapalhadas com a administração da Caixa Geral de Depósitos percebeu que a familiaridade de relações do ministro e do seu secretário de Estado com o António Domingues foram, provavelmente, fruto de um deslumbramento infantil que o levou a fazer promessas que não sabia se podia cumprir. Centeno poderá agora ser tratado como “Super Mário”, mas nem esta recuperação é trabalho apenas ou sobretudo seu, nem nos esquecemos como ele foi, desde o primeiro dia, o elo fraco deste governo. Temo que assim volte a ser. A promessa de uma carreira europeia já está a dar sinais no inchado ego do ministro, que escreve artigos em que define o futuro da Europa. Acredito que até já se tenha convencido que a recuperação é fruto exclusivo do seu trabalho, que Costa e os restantes ministros são adereços e que o Bloco e o PCP são um bloqueio. Centeno pode ser tomado por amnésia e esquecer-se que nenhuma das suas propostas iniciais sobreviveu às negociações iniciais da “geringonça”. Nenhuma contribuiu para estes resultados. E pode também esquecer-se que foi Costa e até PCP e Bloco que o seguraram nas trapalhadas da Caixa.
Apesar de inexperiente, Mário Centeno foi escolhido por ter facilidade de diálogo com Bruxelas. Há mesmo quem diga que o seu nome foi soprado de lá. Nisso, e não na estratégia económica ou financeira, foi um ativo fundamental para o governo. Mas era um ativo enquanto representava o País junto de Bruxelas. Não se pode permitir que seja um representante de Bruxelas no governo português. Não, quando a solução política em Portugal estará sempre em tensão com as escolhas políticas da Comissão, dominada pelo PPE e pelos países do norte. Costa precisa de gerir essa tensão, não precisa de a transferir para dentro do governo.
Se Centeno der sinais de mudança de lealdade, Costa deve despachá-lo para Bruxelas o mais depressa possível. Não porque isso tenha qualquer utilidade para o País – aprendemos qualquer coisa com Barroso e Constâncio –, mas porque seria trágico que o governo passe a ter no seu interior quem, em vez de estar a trabalhar para o primeiro-ministro e para o país, trabalhe para uma carreira de burocrata de luxo e para aqueles com quem temos de negociar. Tudo o que Portugal dispensa no momento em que ganha algum espaço de manobra é um ministro das Finanças fácil de manipular por interesses conflituantes com os nossos.

Ovar, 25 de maio de 2017
Álvaro Teixeira