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quarta-feira, 7 de junho de 2017

O KO no Gomes Ferreira


(Por Estátua de Sal, 07/06/2017)

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Estive a ver a entrevista a António Costa. Em grande forma. O pafioso Gomes Ferreira até trazia gráficos para provar que o déficit desceu à séria com Passos, e que a economia já estava a crescer quando o Passos foi à vida para ocupar o cargo de primeiro-ministro no exílio. Ou seja, o Gomes Ferreira queria provar que o bom sucesso atual da economia portuguesa é da responsabilidade do Coelho e não deste governo.
Pois tenho que reconhecer que António Costa, com o qual nem sempre concordo mas que reputo ser um dos poucos políticos sérios deste país, é também um político muito hábil. Respondeu ao Ferreira com a citação do que este lhe tinha dito, à um ano, quando também o entrevistou na SIC. E nessa altura, Ferreira dizia a Costa que o país estava à beira do abismo, que a política seguida era uma catástrofe, tal como também o dizia o Passos. Ou seja, se o país estava tão mal como eles diziam, se a política seguida era tão horripilante, como podem os bons resultados ser da responsabilidade do governo anterior e não deste?
Em suma, o Ferreira queria provar três teses:
1. Que o país não está tão bem como António Costa pensa que está.
2. Que mesmo naquilo em que está melhor, o mérito é de Passos Coelho!
3. Que a austeridade continua, na prática, ainda que o governo queira fazer crer que já acabou.
António Costa esteve à altura. Desmontou os argumentos do Ferreira com grande argúcia e inteligência, mesmo que o entrevistador possa ter alguma razão, nalguns dos tópicos que avançou. Só que, Ferreira perde toda a razão quando usa esses tópicos para engrandecer as políticas pafiosas e desmerecer os méritos do actual governo.
Um entrevistador deve ser isento e tentar pôr o entrevistado a falar e a comunicar as suas opções e opiniões, respondendo a perguntas pertinentes. Ferreira não faz entrevistas, faz debates. Como se fosse candidato a uma qualquer eleição e tivesse António Costa como seu adversário político. É como se o árbitro fosse também ele jogador, calçando chuteiras e tudo.
O problema é que as chuteiras do Gomes Ferreira são alaranjadas com umas listas azuis, as cores pafiosas. E ele nem sequer faz questão de o esconder. Antes de entrar em campo deve telefonar ufano a Passos Coelho e dizer: "É hoje, vou dar cabo dele". Só que, mais uma vez, foi á tosquia e saiu tosquiado.

Testemunhos para memória futura


por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 07/06/2017)
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António Mexia

Mal rebentou o caso EDP Passos Coelho apressou-se a limpar-se declarando que o seu governo tinha sido o único a baixar as rendas da energia elétrica; depois dele o Sor Álvaro, ministro da Economia até que o Portas correu com ele para promover Pires de Lima, também veio a público fazer o seu autoelogio, repetindo a declaração de Passos Coelho.
Mas vale a pena recuar a Março de 2012, nesse dia era anunciada a demissão de Henrique Gomes, o então secretário de Estado da Energia. À boa moda soviética uma fonte não identificada dizia à Lusa que a demissão se devia a «motivos de índole pessoal e familiar». Mas a TSF esclarecia que «Henrique Gomes tinha em mãos um plano com potencial para incomodar muita gente. O objetivo, imposto pelo acordo assinado com a troika, é reduzir as rendas que o Estado paga aos produtores no setor energético e que o secretário de estado classificava como «excessivas» [TSF]. Isto é, o secretário de Estado era demitido a pedido da EDP.
As causas da demissão foram abafadas e o PSD e o CDS chumbaram hoje uma proposta do PCP para ouvir no Parlamento o ex-secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, e o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. António Mexia terá festejado a saída do governante com champanhe; quem o declarou foi o Sor Álvaro num livro que escreveu mais tarde “Sei que a saída de Henrique Gomes do Governo causou polémica e sei mesmo que houve até produtores de energia que chegaram a celebrar com champanhe a sua partida” [Expresso]. O que ele não explicou foi porque razão não teve a coragem de defender o seu secretário de Estado.
Para o lugar de Henrique Gomes foi Paulo Trindade e, coincidência das coincidências, em 2015 era notícia que «o pai do secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, é consultor da EDP desde 2013, confirmou à Lusa fonte oficial da elétrica, na sequência de uma denúncia feita hoje pelo empresário Manuel Champalimaud.» [Jornal de Negócios]. Isto é, o rapaz não perdeu tempo, o mesmo sucedeu, aliás, com Maria Luís Albuquerque que meteu o marido a ganhar uns cobres na EDP.
É uma pena que o Sor Álvaro se tenha esquecido de esclarecer duas coisinhas, o motivo porque demitiu o seu secretário de Estado das Energia e que o corte das rendas feito pelo seu governo estava decidido no memorando com a Troika, mas ficou aquém do desejado. Aliás, o mesmo Henrique Gomes declarava em 2015 que "em vez do corte das rendas e redução de custos, o Governo aumentou os preços da energia aos consumidores" [Jornal de Negócios]. E quanto aos cortes nas rendas as suas contas diferem muito das do Sor Álvaro:
«Faz as contas para dizer que em vez dos cortes que o Governo reclama de 4,4 mil milhões de euros até 2020 nessas rendas, o que se conseguiu cortar foram 1.600 milhões, tendo conseguido, por outro lado, uma receita adicional com a contribuição extraordinária (CESE) de 200 milhões. "No total teremos 1.800 milhões que se contrapõem aos 4.400 milhões de euros que o Governo reclama", escreve o ex-governante.»
Longe de mim pensar que o Sor Álvaro também terá bebido Champanhe com Mexias ou que haja algo de corrupção no emprego do pai do secretário de Estado nomeado para o lugar do governante mandado sanear ou no lugar que do marido da ministra das Finanças conseguiu na EDP, já para não referir que a presidencia da EDP atribuída a Catroga, o negociador do memorando com a Troika em representação de Passos Coelho, tivesse algo de corrupto. Digamos que em tempo de crise e de cortes de rendimento se tratou de atos de generosidade por parte de Mexia. Ninguém terá mandado uma cartinha anónima para a PGR?


terça-feira, 6 de junho de 2017

BULE BRITÂNIA…


por estatuadesal

(Por José Gabriel, in Facebook, 06/06/2017)

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Só faltava esta: comentadores a defender que a queda eleitoral de Theresa May e correspondente subida de Jeremy Corbyn se deve aos atentados terroristas - alguns dos mesmos comentadores que os classificava, há poucos dias, como uma vantagem para os Conservadores. Parece que não conseguem interiorizar o simples facto de que os eleitores preferirem as mensagens e projectos de Corbyn por razões políticas. Independentemente do valor que se possa atribuir ao programa Trabalhista e aos comportamentos do seu líder e não havendo, em alguns tópicos, tanta distância como alguns de nós - e deles...- gostaríamos, há diferenças fundamentais e, o que mata os neurónios de muitos comentadores, Corbyn é um candidato muito mais à esquerda que a tralha blairista. Quer dizer, valha o que valer o seu programa, um bom resultado dos Trabalhistas com tal candidato tem um significado que ultrapassa em muito a conjuntura britânica. Theresa May, pelo seu lado, tem representado tudo o que há de repulsivo num político: catavento político e moral, capaz de defender tudo e o seu contrário desde que obtenha uma vantagem conjuntural, socialmente insensível e isolacionista em modo Trump.
Parece ser insuportável para muitos dos nossos opinantes esta situação. Assim, recorrem, como os jornalistas do Público e outras folhas de couve, à velha treta do modelo teórico da moda. As coisas são boas ou más consoante estão "a dar" ou não. É assim que pensa a nossa direita coelhista que, quanto mais reaccionária é, mais insiste em proclamar a sua "modernidade"."Foram buscar Corbyn ao frigorífico", "está fora do tempo", e outras apreciações que tais. Não é novo este recurso argumentativo. É que uma análise procedente dá um trabalho dos diabos e o seu resultado pode não ser do agrado dos patrões. Assim, rasteja-se no senso comum.
Parece, para muitos, insuportável a visão da coerência e do carácter. Mas aqueles que de nós que têm memória, lembram-se que o "velho" Corbyn foi um dos 13 - entre 650! - que levantou a voz - e o voto! - e se opôs às aventuras criminosas na Líbia e à invasão do Iraque, fontes de muitos dos problemas que agora enfrentamos, entre os quais releva o da escalada terrorista. A maioria dos terroristólogos que por aí anda raramente lembra estes factos. As raízes do terrorismo são tão desconfortáveis...
Não se trata aqui de subscrever tudo o que Corbyn propõe e afirma, cujo conteúdo deve ser julgado pelos seus méritos, mas de saudar esta aragem de decência política. Renovadora, venha de onde vier no espaço e no tempo, porque, ao contrário do que pensam os tolos, não se trata de saber se as ideias são velhas ou novas, mas se são justas. Nos sentidos de justeza e de justiça.

Apoio à destituição de Trump já é superior à sua taxa de popularidade

Decisão de retirar EUA do Acordo de Paris sobre o Clima explica nova queda na popularidade de Donald Trump.
A recente primeira viagem de Donald Trump ao estrangeiro elevara os seus níveis de popularidade para os 42%. Um recorde. Mas no fim de semana regressou aos 35% e o apoio dos norte-americanos à sua destituição ronda os 43%.
Este é o resultado das últimas sondagens publicadas nos EUA, nomeadamente esta segunda-feira pela Gallup e que se segue ao anúncio de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima - tendo ainda em pano de fundo a investigação sobre as eventuais ligações da sua campanha eleitoral à Rússia.
Segundo a publicação Newsweek, mesmo empresas de sondagens conotadas com a direita norte-americana como a Rasmussen Reports revelam uma quebra no apoio ao desempenho de Donald Trump como presidente dos EUA: 54% dos norte-americanos criticam a sua atuação.

© EPA/MICHAEL REYNOLDS

Embora os resultados difiram entre as várias sondagens, todas elas revelam uma tendência de queda significativa na popularidade de Trump durante o fim de semana e na sequência da decisão sobre o acordo climático.
O crescente apoio à abertura do processo de destituição de Donald Trump coincide com a defesa pública dessa medida por vários congressistas democratas.

Fonte: DN

Detida alegada autora de fuga de informação sobre eleições nos EUA

Donald Trump

O Departamento de Justiça dos EUA anunciou na segunda-feira que deteve e acusou uma analista de revelar informação classificada de um serviço de informações, sobre um eventual envolvimento da espionagem russa nas eleições presidenciais.
Em comunicado, o Departamento adiantou que a contratada Reality L. Winner, de 25 anos, foi detida este fim de semana no Estado da Geórgia e acusada de um delito contra a segurança nacional.
Winner trabalhava para a consultora Pluribus International e tinha autorização para manipular informação classificada como "muito secreta".
Ainda segundo o Departamento de Justiça, a acusada imprimiu, em 09 de maio, informação classificada e retirou-a das instalações para a entregar a um meio de comunicação.
Distribuir material classificado sem autorização ameaça a segurança da nossa nação e mina a confiança pública no governo", assegurou, em comunicado, o número dois do Departamento, Rod Rosenstein.
O meio digital The Intercept publicou na segunda-feira documentos da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) em que se detalham as intenções do governo russo de atacar informaticamente atores envolvidos no sistema de votação nos EUA, bem como para se infiltrar nas comunicações de funcionários relacionados com o sistema eleitoral.
Estas informações constam de um documento "muito secreto" da NSA, com cinco páginas, em que se explicam as técnicas de infiltração e 'phishing' (correio eletrónico malicioso) utilizadas pela Rússia.
No relatório da NSA, datado de 05 de maio, afirma-se que a espionagem militar russa atacou uma empresa de programas informáticos ('software') para eleições e enviou mensagens de correio eletrónico malicioso para mais de 100 dirigentes locais envolvidos no processo eleitoral, no fim de outubro ou início de novembro.

Fonte: JN