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terça-feira, 4 de julho de 2017

Lágrimas de crocodilo



por estatuadesal
(Manuel Carvalho da Silva, in Jornal de Notícias, 02/07/2017)

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Mario Draghi esteve em Sintra no dia 27 de junho no Fórum da Banca Central e abriu os trabalhos com um discurso revelador. Disse-nos que desde há três anos está preocupado com a estagnação dos preços, ou mesmo deflação, na Zona Euro.

Mario Draghi tem razões para estar preocupado. Falta perceber se essas razões decorrem da sua constatação de que os povos têm sido sacrificados em vão, ou se, sendo evidente essa injustiça e ineficácia, ele se preocupa porque ainda não inventou novos processos para assegurar futuro a este capitalismo neoliberal predador. Draghi e seus pares têm construído estratégias monetárias e financeiras que vão encanando a perna à rã e no imediato deixam os povos respirar um pouco melhor, mas as suas políticas contribuem para "o programa de sociedade" neoliberal continuar a ser consentido, quer pela passividade associada à subjugação, quer pela abstenção que atrofia a democracia.
Num contexto em que o geral das empresas vende os seus produtos a preços quase estagnados e muitos trabalhadores veem o valor do seu trabalho (salários) diminuir, uns e outros são cada vez mais exauridos pelo peso da dívida no seu rendimento.
Para combater a deflação o BCE adotou uma política monetária, dita não convencional, que passa pela fixação de taxas de juros a níveis muito baixos - até negativos - e pela compra de títulos públicos e privados. Esta política tem, por um lado, impedido que o peso dos juros no rendimento dos endividados (incluído o Estado português) se tornem insuportáveis, e por outro, tem beneficiado os detentores de propriedade imobiliária e mobiliária, ao reforçar o valor dos seus ativos (ações, obrigações, edifícios e terrenos). Entretanto, a inflação continua abaixo da meta do BCE e isso preocupa Draghi.
O governador do BCE mostra-se particularmente perplexo com o facto de os preços não aumentarem num contexto em que, em toda a Zona Euro, o PIB vai crescendo acima da tendência e o desemprego diminui. Procura explicações para o que designa de "situação inabitual" e adianta as seguintes: a primeira remete para a descida dos preços da energia e de outras matérias-primas nos mercados mundiais; a segunda aponta uma maior disponibilidade das pessoas para trabalharem mais barato, em consequência dos processos migratórios e do retorno dos inativos ao mercado de trabalho; a terceira está associada à existência de um desemprego muito superior ao que é medido pelas estatísticas convencionais (segundo Draghi, uma medida mais larga de desemprego que inclua o subemprego e alguns inativos atiraria a taxa de desemprego na Zona Euro para 18%); a quarta - a mais surpreendente - aponta para os efeitos das "reformas estruturais" no mercado de trabalho. Disse Draghi, "o comportamento de fixação dos preços e dos salários na Zona Euro pode ter mudado durante a crise, de forma a abrandar a resposta da inflação (...) por exemplo, as reformas estruturais que aumentaram a negociação salarial ao nível das empresas podem ter tornado os salários mais flexíveis à descida, mas não necessariamente à subida". É caso para perguntar: os Draghi desta Europa são tão impreparados que não saberiam que isto inevitavelmente aconteceria?
É evidente que as "reformas estruturais" do mercado de trabalho impostas pelo BCE, até como condição dos seus resgates, reduziram a capacidade negocial dos trabalhadores e dos sindicatos, avançaram num conceito de negociação assente na unilateralidade do poder patronal, obrigaram trabalhadores idosos a procurar emprego, generalizaram o trabalho barato dos jovens e forçaram a sua emigração. Entretanto, a inflação pode mesmo surgir. Resta saber se não será sob forma de uma bolha especulativa no imobiliário das grandes cidades, incluindo em Portugal.
Deixem-se de hipocrisia. Os diagnósticos há muito estão feitos, existem propostas alternativas bem fundamentadas por amplos setores técnicos e científicos passíveis de forte apoio social. Em Portugal, não se devem adiar por mais tempo a revisão cirúrgica da legislação laboral, o incremento da negociação coletiva, o combate à precariedade laboral e a promoção do emprego digno.

Este Costa é mesmo um mafarrico



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 04/07/2017)
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Este António Costa é mesmo o diabo, enganou o FMI, conseguiu levar o ministro das Finanças alemão a dizer que o Centeno é o Ronaldo do Eurogrupo, empanturrou-nos com propaganda, fazendo passar a ideia de que o défice estava controlado, que os investidores estavam a vir, que as exportações estavam a aumentar, que se tinha estancado a fuga de quadros.
O país estava de tal forma endrominado que comentadores com uma inteligência superior, como o José Manuel Fernandes ou o João Miguel Tavares, durante meses e meses encontraram na linha amarela do Metropolitano de Lisboa a grande desgraça nacional. Mas, finalmente aconteceu algo que provou que tudo era publicidade enganosa, que o país não era o das maravilhas.
Em vez de ter andando a testar o SIRESP, a comprar aviões e a formar bombeiros, instalando um quartel por cada cem hectares de eucaliptos, o Costa andou por aí a tirar selfies com o Marcelo e quando a desgraça ocorreu na sombra do seu desleixo, foram a correr fazer festinhas no dói-dói de Pedrógão.
Mas o Costa é o diabo em pessoa; quase aposto que foi ele que encheu uma caixa de pilhas Duracell e foi para Pedrógão fazer uma faísca tão grande que se parecesse com um trovão seco, desencadeando um incêndio. Assim o país não reparava nas críticas do João Miguel Tavares à linha amarela. Quando o pessoal percebeu que o SIRESP era uma espécie de BPN das florestas porque tudo onde os banqueiros do PSD se abonaram ardeu, o Costa encomendou ao mafarrico um assalto a Tancos.
De um dia para o outro os jornalistas mudaram-se de Pedrógão para Constança, os mortos da EN286 já estão enterrados e agora o que está a dar são as granadas e as munições de 9 mm. E o mafarrico do Costa foi de férias; com os incêndios pediam-lhe a cabeça da ministra da Administração Interna, mas com a tropa o problema não é dele. O big chefe da tropa é o Presidente e a alta distinção não serve só para ver cagarras com um blusão de almirante chefe.
E enquanto o Marcelo não vai saber o que fazer a tanta espada de oficiais zangados, o Costa está nas selfies com o pessoal de mama ao léu em Palma de Maiorca!

segunda-feira, 3 de julho de 2017

As Promessas Eleitorais de Salvador Malheiro em 2013

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Hoje, dia 03/07/17, vou apresentar a última parte das promessas eleitorais do Presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, e lançar um desafio aos visitantes deste Blog, para que apontem as que foram e estão a ser cumpridas e aquelas e aquelas que já não vão ser implementadas neste mandato:

Aqui vão as quartas e últimas:

EIXO 4 – CONSOLIDAÇÃO DA ATRACTIVIDADE E QUALIDADE DE VIDA NO TERRITÓRIO
53. Internet livre em locais turísticos e espaços de formação, estudo e de encontro dos jovens em todas as freguesias do Município de Ovar;
54. Intervenção, em parceria, em toda a zona costeira do Município de Ovar, pressionando junto das entidades competentes por uma ação integrada de proteção e requalificação da costa desde a Barrinha até ao Torrão do Lameiro, não descurando a afetação de verbas municipais para a concretização deste objetivo, tentando-se, inclusivamente novas soluções;
55. No âmbito do Polis, concretizar a requalificação da Ria, assegurando a navegabilidade dos canais de acesso aos nossos cais como fator essencial na promoção turística e a defesa dos terrenos agrícolas da Marinha, Ribeira e Válega através de uma correta utilização dos dragados como reforço das motas e diques;
56. Assegurar a construção de novos passadiços desde a Barrinha até à Praia do Torrão de Lameiro;
57. Exigir a Requalificação da Barrinha de Esmoriz: dragagem, construção de acessos à lagoa, construção de percursos pedestres circundantes, construção de espaços sociais e de convívio e promoção da prática de desportos náuticos como a canoagem, o kitesurf e o windsurf;
58. Requalificação do Cais do Carregal, Cais da Tijosa, Cais da Ribeira, Cais do Puxadouro e Bico do Torrão, e promoção destas infraestruturas como pólos de atracão e dinamização da economia local;
59. Prolongamento da requalificação ribeirinha do rio Cáster até à foz dando especial atenção à requalificação das margens e dragagem dos diques da Moita e Enxemil que reduzam o risco de cheias no lugar da Ribeira;
60. Requalificação da Praia do Areinho no âmbito do Polis e com verbas municipais;


A queixinhas



(Por Estátua de Sal, 03/07/2017)
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A Dona Cristas parece uma daquelas meninas mimadas a quem um menino mau puxou os cabelos e vai logo fazer queixa ao paizinho. Hoje lá foi ao beija-mão ao Professor Marcelo para fazer queixa do governo das esquerdas (Ver noticia aqui). O Costa é o chefe da quadrilha dos meninos maus, e dentro da quadrilha foi a menina Constança e o menino Azeredo que puxaram os cabelos à Assunçãozinha.
Vai daí, ela pede a demissão dos ministros com um ar muito sério para demonstrar que não é uma questão de birra infantil mas sim uma grave questão de Estado, um assunto para pessoas crescidas e não para meninas mimadas. Gostava de ter visto a cara do Célinho a ouvir tanta aleivosia. Provavelmente deve ter-lhe dito que fazer queixinhas é muito feio, que uma boa cristã não faz queixinhas.  e que ainda não chegámos ao Brasil e não premiamos a delação.
As minhas perguntas, para a D. Cristas, são as seguintes:
1. Se o mau do Costa não demitir os ministros a Assunção pede a demissão do primeiro-ministro e a queda do governo?
2. Se, a seguir, o Costa assobiar para o ar e não se for embora - satisfazendo o pedido (ordem?!) da menina zangada -, e Marcelo não o demitir, irá pedir a demissão do Presidente da República?!
Como ambos os cenários acima são ridículos, fica a claro a caricata figura que a oposição anda a fazer em todo este folhetim, o triste papel que a D. Cristas, mais o Coelho, andam a desempenhar. Alguém os viu apresentar alguma proposta para resolver os problemas do fogo e das armas roubadas que andam a cavalgar? Apenas os ouvimos a pedir responsabilidades, a empolar o caos e a pedir demissões.
Triste país, onde ninguém discute a causa das coisas. A desagregação do Estado e dos serviços públicos que decorre da asfixia financeira que o serviço da dívida nos impõe, mais a exigência da redução do déficit público a mata-cavalos. Mas isso a D. Cristas não diz: ajoelha de mãos-postas no regaço do Schauble, pede-lhe a benção e que lhe seja ungida a testa, por ser muito devota e cumpridora.
Perante este cenário, e perante esta oposição de opereta, antes de demitir os ministros dever-se-ia por começar por demitir os líderes da oposição. Parece que Passos já está em queda livre, e já começaram a afiar-se as espadas dentro do PSD. A D. Cristas quer ter o chinelo maior que o pé e fala demasiado grosso, tendo em conta a valia eleitoral do CDS.
É que, como dizia Benjamim Disraeli, não há governo seguro sem forte oposição. E a oposição que temos não chega sequer a ser uma tragédia triste. É mais uma comédia de mau gosto.

Sessão solene do 24º aniversário da elevação de Esmoriz a cidade tornou-se comício do PSD


No passado dia 2 de julho, no auditório da Junta de Freguesia de Esmoriz, realizou-se a sessão solene das comemorações da elevação desta freguesia a cidade com intervenções dignas de quem as fez.
A primeira a entrar em cena foi Fátima Ramalho, presidente da Assembleia de Freguesia, que com a sua estridente e roufenha voz se despiu da pose institucional, que o cargo que desempenha exigiria, para assumir o pregão de uma vendedora de legumes em qualquer revenda e anunciar: “comprem, comprem fregueses porque estes serão os vencedores de todas as eleições que doravante se realizem por estas bandas”.

O segundo, de Bebiano como apelido, lá lhe foi atrás e arquitetou (à falta de obra real de um pregão tão conceituado) o sucesso da vitória laranja, aconselhando os presentes a meter todos os ovos no mesmo cesto. Como era dia de festa e um Presidente deve sempre justificar o salário e a presença, não teve pejo em revender pelo mesmo preço a giga dos legumes, onde então se meteu.
O desplante deste Bebiano chegou ao cúmulo de afirmar que as obras da Barrinha foram da autarquia. Pura mentira, porque as obras foram efetuadas com dinheiro da União Europeia e do atual Governo. Que desplante o deste Bebiano.

Como não há duas sem três e um salvador é um salvador, também lá foi atrás da primeira e do segundo mas esquecendo que, por acaso, se tratava do Presidente da Câmara e convidado. Salvador Malheiro esqueceu-se que estava a intervir em nome do Município e assumiu o papel de candidato do PSD a este órgão autárquico, não só fazendo campanha, mas, dando recados à base aérea de Maceda ou de S. Jacinto, disse: “O futuro não se faz com paraquedistas”. Com tamanha sabedoria, as mais altas patentes militares decidiram reunir hoje e de urgência o Conselho Superior do Exército que terá na ordem de trabalhos a análise do discurso favorável ao “partido único”.

Ao nosso blogue e já chegaram algumas perguntas que eu tenho dificuldade de responder mesmo puxando dos meus galões de antigo combatente na Guerra Colonial. Escolho uma que estes “grandes democratas” terão oportunidade de responder: como os grandes espetáculos de paraquedismo se fazem nos campos de futebol, que tal mandar colocar uns pisos sintéticos, para que não haja acidentes como lá para os lados de Oliveira de Azeméis?
Responda quem souber.
Como já escrevi no Post "O caso dos convites", para esta gente, na política, vale tudo. Estão a seguir à risca, mas vergonhosamente, a "cartilha" do líder máximo do partido.
Fico a aguardar a reação dos partidos.

Ovar, 3 de julho de 2017
Álvaro Teixeira