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segunda-feira, 3 de julho de 2017

Sessão solene do 24º aniversário da elevação de Esmoriz a cidade tornou-se comício do PSD


No passado dia 2 de julho, no auditório da Junta de Freguesia de Esmoriz, realizou-se a sessão solene das comemorações da elevação desta freguesia a cidade com intervenções dignas de quem as fez.
A primeira a entrar em cena foi Fátima Ramalho, presidente da Assembleia de Freguesia, que com a sua estridente e roufenha voz se despiu da pose institucional, que o cargo que desempenha exigiria, para assumir o pregão de uma vendedora de legumes em qualquer revenda e anunciar: “comprem, comprem fregueses porque estes serão os vencedores de todas as eleições que doravante se realizem por estas bandas”.

O segundo, de Bebiano como apelido, lá lhe foi atrás e arquitetou (à falta de obra real de um pregão tão conceituado) o sucesso da vitória laranja, aconselhando os presentes a meter todos os ovos no mesmo cesto. Como era dia de festa e um Presidente deve sempre justificar o salário e a presença, não teve pejo em revender pelo mesmo preço a giga dos legumes, onde então se meteu.
O desplante deste Bebiano chegou ao cúmulo de afirmar que as obras da Barrinha foram da autarquia. Pura mentira, porque as obras foram efetuadas com dinheiro da União Europeia e do atual Governo. Que desplante o deste Bebiano.

Como não há duas sem três e um salvador é um salvador, também lá foi atrás da primeira e do segundo mas esquecendo que, por acaso, se tratava do Presidente da Câmara e convidado. Salvador Malheiro esqueceu-se que estava a intervir em nome do Município e assumiu o papel de candidato do PSD a este órgão autárquico, não só fazendo campanha, mas, dando recados à base aérea de Maceda ou de S. Jacinto, disse: “O futuro não se faz com paraquedistas”. Com tamanha sabedoria, as mais altas patentes militares decidiram reunir hoje e de urgência o Conselho Superior do Exército que terá na ordem de trabalhos a análise do discurso favorável ao “partido único”.

Ao nosso blogue e já chegaram algumas perguntas que eu tenho dificuldade de responder mesmo puxando dos meus galões de antigo combatente na Guerra Colonial. Escolho uma que estes “grandes democratas” terão oportunidade de responder: como os grandes espetáculos de paraquedismo se fazem nos campos de futebol, que tal mandar colocar uns pisos sintéticos, para que não haja acidentes como lá para os lados de Oliveira de Azeméis?
Responda quem souber.
Como já escrevi no Post "O caso dos convites", para esta gente, na política, vale tudo. Estão a seguir à risca, mas vergonhosamente, a "cartilha" do líder máximo do partido.
Fico a aguardar a reação dos partidos.

Ovar, 3 de julho de 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 2 de julho de 2017

Semanada



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 02/07/2017)
road

Numa semana em que se poderia estar a debater quantos mortos e assaltos serão necessários para que Passos Coelho consiga ressuscitar, eis que alguém que anda na política há décadas e que até foi primeiro-ministro, decidiu inventar suicídios para conseguir culpabilizar um governo. Foi puro oportunismo político que serviu para se perceber a pequena dimensão do líder do PSD, ou o baixo nível de alguns dos seus candidatos autárquicos, como o provedor da Santa Casa de Pedrógão Grande.
Um dos maiores sinais de que o país mudou para muito melhor com a Gerigonça está no facto de ninguém ter comentado o pagamento antecipado da dívida ao FMI e o relatório simpático desta organização. Nos tempos de Passos isto daria direito a um orgasmo em direto de Paulo Portas e a mais um convite a Maria Luís para falar num seminário em Berlim, senão mesmo para a entrega de uma pasta de vice-presidente da Comissão Europeia, à senhora.
O PSD anda tão ocupado com as desgraças que até já se esqueceu das mensagens de Centeno ou das offshores, a falta de programa de Passos leva a que o PSD se comporte como um predador oportunista, que opta pela preguiça e a preferir ser necrófago. O PSD não tem agenda, não tem propostas, não tem ideias, marca as suas intervenções em função do telejornal da noite da véspera.
Passos usa as autárquicas para sobreviver e canibaliza o espaço e a imagem dos seus candidatos autárquicos. Nunca se organizou tantas convenções distritais e cerimónias de apresentação de candidatos, mas em nenhuma delas o país ouviu uma proposta autárquica ou viu a cara do candidato.
A campanha do PSD está transformada num road show de Passos Coelho, onde se fala do que foi notícia nos dias anteriores. É de tal forma que ninguém tem a mais pequena ideia de quem é o candidato do PSD no Porto, e até uma tal Teresa Leal qualquer coisa desapareceu.
Quem ganha com o comportamento de Passos Coelho é Assunção cristas que convidou Marcelo para ir a Bruxelas beber um copo acompanhado de uma sandes de courato nacional oferecida pela CAP. Enquanto Passos parece rezar para que morra alguém, a líder do C DS passa uma imagem construtiva, enquanto a líder do CDS propõe soluções o líder do PSD não esconde o desejo de ver desgraças.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

As Promessas Eleitorais de Salvador Malheiro em 2013 (parte 3)


Hoje, dia 29/06, tal como prometi, vou apresentar as promessas eleitorais do Presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, e lançar um desafio aos visitantes deste Blog, para que apontem as que foram e estão a ser cumpridas e aquelas e aquelas que já não vão ser implementadas neste mandato:
Aqui vão as terceiras:
EIXO 3 - FORTALECIMENTO DA COESÃO SOCIAL E TERRITORIAL, POTENCIANDO A DIVERSIDADE E OS RECURSOS ENDÓGENOS
24. Plano estratégico de “Habitação Social”:
• Promoção de novas políticas tendo por base a necessidade de conceder melhores condições habitacionais a agregados que se encontram em situação de vulnerabilidade económica e social;
• Priorizar melhores condições de sociabilidade, vizinhança e integração;
• Criar políticas que englobem o sector de arrendamento e a reabilitação urbana;
• Uniformizar critérios de aplicação das rendas sociais;
25. Concretização da habitação social na praia de Esmoriz e Praia de Cortegaça bem como a manutenção e reabilitação da habilitação social municipal existente;
26. Concretização do Plano Municipal para a Igualdade;
27. Reforço da cultura de rede que possibilite um planeamento estratégico e uma intervenção concertada na criação, otimização de respostas e serviços sociais no Município de Ovar;
28. Promoção de uma verdadeira estratégia para a acção social (e não de apoio social) englobando neste modelo todas as instituições de solidariedade social existentes no Município de Ovar, apostando numa monitorização constante no terreno e num diálogo permanente com as pessoas consideradas em situação de vulnerabilidade;
29. Estudo e implementação de um modelo de gestão e acompanhamento de atendimento municipal que promova a eficácia das equipas através da racionalização, otimização e articulação entre elas ou criação de equipas integradas para acompanhamento às famílias multiproblemáticas e multiassistidas;
30. Implementar/desenvolver programas estruturados de prevenção em meio escolar que possibilitem dotar as nossas crianças de capacidades que lhes permitam adotar atitudes e comportamentos saudáveis, inibindo precocemente os fatores de risco que levam à iniciação do consumo de drogas;
31. Fomentar projetos, intervenções, ações e candidaturas com relevância estratégicas que possam atuar nas necessidades sociais diagnosticadas no Município de Ovar;
32. Obter parcerias com instituições do sector empresarial de forma a estimular a certificação de responsabilidade social;
33. Concessão de incentivos e benefícios às famílias numerosas (3 ou mais filhos) nos programas municipais de apoio social;
34. Reforçar, melhorar e qualificar as respostas sociais dirigidas à população sénior, estimular o envelhecimento ativo, as atividades inter-geracionais e ações de cooperação interinstitucional;
35. Motivar a realização de fóruns de partilha de boas práticas entre profissionais das diversas instituições do concelho e de outros concelhos vizinhos, envolvendo os vários elos da mesma teia representada pelas entidades da Economia Social como forma de promover a qualidade do funcionamento das instituições;
36. Aproveitar os recursos das instituições existentes no Município de Ovar para apoio à população com problemas mentais e suas famílias;
37. Preparação da candidatura de Ovar a cidade amiga das crianças em parceria com a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) - UNICEF, comprometendo o Município de Ovar ao cumprimento da Convenção sobre os Direitos da Criança;
38. Desenvolvimento de ações e políticas locais que aumentem a participação das crianças com a criação de um quadro legislativo amigo das crianças, com a produção de relatórios regulares sobre a situação das crianças em Ovar, Assim como, coma criação de uma entidade/departamento de coordenação e orçamento para a infância;
39. Definir e implementar Plano de Melhoria da Mobilidade/Acessibilidade da População com Deficiência;
40. Promoção do projeto Empresários pela Inclusão Social (EPIS) que desenvolvem ações baseadas na figura do mediador escolar para combater o insucesso e o abandono escolar em jovens;
41. Regeneração urbana na globalidade do Município de Ovar contemplando todos os aglomerados urbanos designadamente: Furadouro sul, Campo Grande, Gondesende, Bairro dos Pescadores, centro de Válega, São João de Ovar, Cortegaça, Maceda (centro e largo de S. Geraldo), Arada e São Vicente de Pereira;
42. Garantir junto da Águas da Região de Aveiro, S.A. (AdRA) a cobertura integral em todos os lugares do Município de Ovar do saneamento básico e reabilitação das redes antigas já existentes;
43. Manter a identidade e as tradições de cada uma das nossas actuais freguesias, melhorando os serviços de proximidade existentes, diminuindo a burocracia e os tempos de resposta das Juntas de Freguesia, com a criação de rede informática de ligação da Câmara Municipal de Ovar a todas as freguesias;
44. Dotar as nossas associações desportivas com espaços e infraestruturas condignos para a prática das suas modalidades e espaços de formação, designadamente com o apoio à construção de relvados sintéticos em São Vicente Pereira, Esmoriz, Cortegaça, Arada, Ovar e Válega.
45. Recuperação e modernização da pista de atletismo de Arada, afirmando esta infraestrutura como a referência para a prática da modalidade no Município de Ovar;
46. Requalificação do Pavilhão Gimnodesportivo de Válega;
47. Apoio na reabilitação e modernização do edifício da Junta de Freguesia de Cortegaça;
48. Requalificar o edifício do Centro Cívico de Arada;
49. Reabilitação do edifício Esmoriztur afirmando-o como espaço cultural do Município de Ovar;
50. Retomar o projeto do Plano de Urbanização do Sportsforum (área nascente à Arena Multiusos);
51. Elaborar o plano geral de urbanização estratégico de Esmoriz;
52. Revindicar junto das entidades competentes a requalificação das estações e apeadeiros do caminho-de-ferro do Município de Ovar;


Como este post ficaria demasiado longo e fastidioso, na próxima segunda-feira, publicarei as restantes.
As mensagens e comentários podem ser colocados no Facebook ou no rodapé deste Post.
Vá lá. Atrevam-se!!!

Ovar, 26 de junho de 2017
Álvaro Teixeira

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Um Bentley em Oliveira de Azeméis

Bárbara ReisBárbara Reis

Opinião

Nada a dizer sobre quem ganha para comprar um Bentley. Mas quando um autarca recebe 4000 euros brutos por mês não deixa de ser estranho que tenha um carro igual ao de Mario Balotelli, o jogador italiano que não é conhecido por ser pobre.

23 de Junho de 2017, 7:45

O Bentley de Hermínio Loureiro que foi apreendido pela Judiciária
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O Bentley de Hermínio Loureiro que foi apreendido pela Judiciária DR
Em Oliveira de Azeméis, um Bentley não precisa de ser verde alpino metálico para dar nas vistas. Nem de ser um Bentley Mulsanne, o modelo topo de gama que custa quase meio milhão de euros.
Um Bentley é um Bentley e em Oliveira de Azeméis — que tem 20 mil pessoas e 27 quilómetros quadrados — terá sido difícil ao autarca Hermínio Loureiro atravessar a Avenida Dr. António José de Almeida a caminho do Teatro Caracas, refundado por um antigo emigrante da Venezuela, sem impressionar.
Hermínio Loureiro, que foi deputado, dirigente nacional do PSD, secretário de Estado do Desporto de Pedro Santana Lopes e presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis entre 2009 e 2016, foi detido esta semana por suspeita de crimes de corrupção, prevaricação, peculato e tráfico de influência. Com ele, foram também detidos Isidro Figueiredo, que o sucedeu na autarquia, um funcionário da câmara e quatro empresários. A Polícia Judiciária arrestou 15 imóveis, seis milhões de euros e seis carros de luxo. Um deles é um Bentley Continental GT, o que os especialistas definem como “modelo de entrada”, ou seja, o Bentley mais barato. Custa entre 234 mil e 314 mil euros.
Percebe-se o gosto do ex-autarca. Há muitas pessoas que têm um Bentley. O que Hermínio Loureiro guiava é bem mais discreto do que o Bentley cor-de-rosa de Paris Hilton, o Bentley Mulsanne de David Beckham, o Bentley descapotável de Schwarzenegger e Sylvester Stallone, ou o Bentley Flying Spur do príncipe William. Nada a dizer sobre isso. E nada a dizer sobre quem ganha para comprar um Bentley. Mas quando um autarca ganha cerca de 50% do vencimento-base atribuído ao Presidente da República, ou seja, mais ou menos 4000 euros brutos, não deixa de ser curioso que tenha um carro igual ao de Mario Balotelli, o célebre jogador de futebol italiano que não é conhecido por ser pobre.
PÚBLICO -
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PÚBLICO -
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Hermínio Loureiro, ex-presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis (cima) e o seu sucessor Isidro Figueiredo (de bicicleta, com o ministro do Ambiente, a inaugurar uma ciclovia) foram ambos detidos esta semana

Desde que foi eleito, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa — que na campanha presidencial percorreu o país num carro que, não sendo um boguinhas, é o chamado “carro utilitário” — tem pedido mais transparência na política e menos “compadrio com o poder económico”. No seu discurso do 5 de Outubro definiu a “ética republicana” deste modo: “De cada vez que um responsável público se permite admitir dependências pessoais ou funcionais, se distancia dos governados, alimenta clientelas, redes de influência e de promoção social, económica e política, aos olhos do cidadão comum é a democracia que sofre.”
Não sabemos se Hermínio Loureiro prevaricou ou traficou influência — e infelizmente vamos ter de esperar muito tempo para ter respostas. Mas sabemos que em Portugal não existe sequer uma lei que criminalize o enriquecimento injustificado, nem mesmo uma simples lei que defina regras sobre os valores máximos dos presentes que os titulares de cargos políticos podem receber. Lembro-me de há uns anos Jaime Gama, quando era Presidente da Assembleia, ter perguntado quantos euros custa uma “vantagem indevida” e ter ficado sem resposta. Na rentrée de 2010, o Parlamento aprovara novas regras de combate à corrupção e criara o “crime de recebimento indevido de vantagem” para os funcionários públicos, punido com uma pena de cinco anos. Mas não se definiram valores.
Agora, sete anos depois, a comissão parlamentar para o reforço da transparência parece estar prestes a chegar a consenso para aprovar uma norma geral que obrigue o Parlamento, o Governo, o poder regional e local e a administração pública a fazerem códigos de conduta que incluam o valor dos presentes a partir do qual as ofertas devem ser devolvidas ou entregues ao Estado. Mas arriscamo-nos a ficar sem valores — outra vez. A ideia é que não haja um número absoluto nacional e, em vez disso, cada órgão identifique o seu limite.
Confesso que não compreendo porque é que é diferente oferecer uma obra de arte, um carro ou uma viagem de férias a um deputado da Assembleia da República ou a um vereador de uma pequena freguesia rural. Condiciona mais ou condiciona menos? Um quadro do Picasso condiciona menos em Lisboa do que em Oliveira de Azeméis, onde não há um museu de arte contemporânea? Uma caixa de robalos vale mais no interior porque o mar está longe? Dez euros valem mais no Congo do que na Suíça. Mas dentro de Portugal a diferença não justifica empurrar mais um vez este problema com a barriga.
Em teoria, todos sabemos o que é uma “mera cortesia”. Na prática, porém, a ausência de um valor presta-se a mil interpretações. O CDS propôs um tecto de 150 euros e o Bloco de Esquerda de 60. Mais do que discutir qual valor protege melhor a democracia e a independência (na SONAE, proprietária do PÚBLICO, o tecto são 100 euros e no governo de António Costa são 150), seria bom concordar com a ideia simples de que deve haver um número. Não é por acaso que o tema não nos abandona. Quem não se lembra do presente chamado "liberalidade" em forma de 14 milhões de euros que Ricardo Salgado recebeu de um amigo construtor civil? Uma lei com um valor fixo não acabará com a corrupção. Mas regras claras e espartanas fazem bem à democracia.
Já agora, uma última questão. Esta lei — e lamento se induzi o leitor em erro — nada tem a ver com Hermínio Loureiro. O “seu” Bentley azul não era seu. Está em nome de um empresário seu conhecido. O ex-presidente da Câmara só andava com ele.

Fonte: Público

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Processo "Ajuste Secreto" pode chegar a Ovar e a mais concelhos do distrito

Hermínio Loureiro e o seu sucessor à frente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Isidro Figueiredo, são encarados pela Polícia Judiciária do Porto (PJ) como os principais arguidos da Operação Ajuste Secreto — apurou o Observador junto de fontes próximas do processo. Suspeitos de corrupção passiva, prevaricação, entre outros crimes de funcionário, Loureiro e Figueiredo são apontados pela PJ como os alegados autores de um esquema de manipulação de adjudicação de contratos públicos que terão beneficiados diversas empresas de construção de obras públicas.
Lançada esta manhã, a Operação Ajuste Secreto levou à detenção de Loureiro, Figueiredo, um funcionário camarário e de mais quatro empresários que estarão ligados às empresas de construção envolvidas no caso, sendo suspeitos de corrupção ativa.
A PJ já apreendeu 15 imóveis, seis viaturas e solicitou o congelamento judicial de um total de cerca de 6 milhões de euros depositados em diversas contas bancárias. Todos estes bens e valores poderão ter, na perspetiva da Judiciária, uma alegada origem ilícita relacionada com a investigação em curso. Daí a sua apreensão judicial.
Estão em causa a adjudicação de diversas obras relacionadas com clubes de futebol do concelho de Oliveira de Azeméis, nomeadamente com a União Desportiva Oliveirense (o principal clube do concelho), Atlético Clube de Cucujães e Futebol Clube Macieirense. Há mais dois clubes de futebol envolvidos.
De acordo com fontes da PJ, o esquema consistia numa alegada manipulação dos ajustes diretos que precediam as obras pagas pela autarquia.



  • As empresas de construção civil seriam escolhidas a dedo pelos responsáveis camarários, de forma a combinarem entre si os preços das propostas que apresentariam à autarquia;
  • O vencedor do ajuste direto (que, desde a criação do Código dos Contratos Públicos no Governo de José Sócrates, passou a assemelhar-se a uma consulta ao mercado através de convite dirigido a diversas empresas) ficaria determinado logo à cabeça pelas sociedades;
  • O preço final da obra era sempre claramente sobreavaliado, de forma a que os montantes remanescentes entre o custo real e aquilo que a autarquia pagava fosse alegadamente desviado.




A Diretoria do Norte da PJ anunciou no comunicado desta manhã que tinha realizado buscas judiciais em cinco autarquias. Ao que o Observador apurou, as autarquias de Matosinhos, Gondomar e Albergaria-a-Velha foram visitadas pelos magistrados do Ministério Público e pelos cerca de 90 inspetores da PJ que participaram nas diligências.
Contudo, os executivos dessas autarquias não são visados pela investigação em curso. As buscas realizadas tinham como objetivo a obtenção de documentação das empresas envolvidas nos ajustes diretos da Câmara de Oliveira Azeméis. Segundo fontes próximas do processo, os Executivos liderados por Hermínio Loureiro e Isidro Figueiredo são, para já, os únicos visados do inquérito que é tutelado pela secção de Santa Maria da Feira do DIAP de Aveiro, visto ser esta a comarca territorialmente competente.
Hermínio Loureiro, Isidro Figueiredo e os restantes detidos foram ouvidos esta tarde nas instalações da Diretoria do Norte da PJ e só amanhã deverão ser ouvidos pelo juiz de instrução criminal do Tribunal de Santa Maria da Feira para a fixação das primeiras medidas de coação. É desconhecido o estabelecimento prisional onde deverão passar a noite.
Ao que o Observador apurou, José Francisco Oliveira será o funcionário camarário detido. Trata-se de um aliado político de Hermínio Loureiro que é presidente da concelhia do PSD de Oliveira de Azeméis e secretário da distrital social-democrata de Aveiro.
Outro dos detidos será o empresário João Sá. É um ex-deputado do PSD que se dedicou aos negócios na área do Ambiente. Sá chegou a ser falado na década passada como candidato do PSD à Câmara da Trofa.



Notícia retirada do Site Observador
(Artigo da autoria de Luís Rosa)
O Processo "Ajuste Secreto" poderá vir a ser um terrível terramoto político no distrito de Aveiro. Estão em causa eventuais infracções cometidas em torno de concursos adjudicados por Ajuste Directo. Por outras palavras, o Ajuste Directo, adjudicação de obras a empresas por convite sem a realização prévia de concurso, embora eticamente pouco recomendável, é permitido por lei, contudo quando este se torna recorrente e envolve a troca de favores ou contrapartidas ilícitas (por ex: desvios de somas importantes) já assume proporções criminais.
É plausível que as buscas já realizadas em cinco autarquias possam não ficar por aqui. As autoridades querem apurar todas as ligações possíveis, e acredita-se que estas também deverão estender-se até Ovar e a outros concelhos, caso os promotores da investigação achem necessário. Recordamos para esse efeito que a empresa Paviazemeis, visada no processo, teve aqui obras importantes. Por exemplo, a recente pavimentação da Rua da Indústria em Esmoriz foi-lhe adjudicada, mas houve outras mais que lhe foram confiadas pelo município vareiro. Outras personalidades visadas estão fortemente conotadas com a Secção Distrital do PSD Aveiro, liderada desde 2016 pelo actual presidente do município de Ovar. Claro que estes dados não servem para provar (ou sequer indiciar) rigorosamente nada, mas podem ser suficientes para suscitar a atenção dos investigadores que estão dispostos a explorar a fundo todas as vertentes do caso, de forma a evitar um cenário de arquivamento ou de morosidade burocrática.
Embora as buscas nas edilidades tenham como o intuito apurar mais dados comprometedores das personalidades políticas e empresas de construção acusadas inicialmente, a verdade é que o processo poderá ter, em breve, mais arguidos, caso assim se justifique.
Uma fonte privilegiada adverte que Ovar poderá ser uma das autarquias a ser alvo de buscas muito em breve, visto que a investigação ainda está numa fase inicial, pelo que se pretende apurar todas as ramificações.
Com este texto, não queremos insinuar que teremos arguidos aqui em Ovar (e mesmo que estes venham a ser notificados, existe sempre a "presunção de inocência" num estado democrático), até porque é prematuro retirar esse tipo de conclusões e não temos o direito de julgar ninguém. Todavia, é provável que quase todo o distrito seja alvo de uma forte investigação judicial.
O epicentro do terramoto registou-se em Oliveira de Azeméis mas as réplicas poderão repercutir-se por todo o distrito de Aveiro.
Imagem nº 1 - O Ajuste Directo é o mais recente escândalo de corrupção que envolve altas figuras políticas do distrito de Aveiro. A "bomba" rebentou em Oliveira de Azeméis, mas a investigação já chegou a outras autarquias e pode não ficar por aqui.
Postado por O cusco de Esmoriz às 19:35

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Hermínio Loureiro e actual presidente de Oliveira de Azeméis detidos por suspeitas de corrupção

A confirmação da detenção de um ex-autarca e autarca foi avançada esta segunda-feira. A eles junta-se um funcionário camarário e quatro empresários.
Liliana Borges e Sofia Rodrigues
19 de Junho de 2017
Hermínio Loureiro
Hermínio Loureiro Nuno Ferreira Santos

Hermínio Loureiro, ex-presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, é um dos sete detidos pela PJ do Porto por suspeita de crimes de corrupção, prevaricação, peculato e tráfico de influência, avança o Jornal de Notícias esta segunda-feira. Com ele, foi também detido o actual presidente da câmara, Isidro Figueiredo, acrescenta a agência Lusa.
Em comunicado, a Polícia Judiciária confirma que deteve sete pessoas, com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos, "sendo um autarca, um ex-autarca, um funcionário camarário e os restantes empresários de profissão e serão presentes a primeiro interrogatório judicial à competente autoridade judiciária para aplicação das medidas de coacção tidas por adequadas". O comunicado da PJ não refere nomes.
A Operação Ajuste Secreto realizou 31 buscas, "incluindo cinco camarárias e cinco em clubes locais de futebol". Nas operações participaram magistrados do Ministério Público e cerca de 90 elementos da PJ, esclarecem as autoridades no mesmo comunicado.
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De acordo com a Polícia Judiciária, a operação "permitiu até ao momento a obtenção de fortes indícios da existência de relações privilegiadas entre os suspeitos, ao longo do último ano". A investigação detectou a "realização de diversas obras em diferentes localidades, manipulando as regras de contratação pública".
Há sete meses, em Dezembro de 2016, Hermínio Loureiro renunciou ao mandato de presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis (eleito pelo PSD), surpreendendo os autarcas da região e os dirigentes sociais-democratas. O autarca, na altura, não justificou a sua decisão. Numa nota dirigida ao município, Hermínio Loureiro escreveu "que é muitas vezes mais importante saber sair da cena política do que a ela se apresentar".
O autarca anunciou a sua demissão dos cargos de presidente do Conselho Metropolitano do Porto, de membro da comissão executiva do Turismo do Porto e Norte de Portugal, de membro do conselho geral da Associação Nacional de Municípios Portugueses e de representante dos municípios no Conselho Nacional do Desporto.

Fonte: Público

As Promessas Eleitorais de Salvador Malheiro em 2013 (2)



Hoje, dia 19/06, tal como prometi, vou apresentar as promessas eleitorais do Presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, e lançar um desafio aos visitantes deste Blog, para que apontem as que foram e estão a ser cumpridas e aquelas e aquelas que já não vão ser implementadas neste mandato:
Aqui vão as segundas:

EIXO 5 – AFIRMAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DOS RECURSOS E A DESCARBONIZAÇÃO:
• Ciclo da água e gestão dos resíduos (PRESERVAR)
• Gestão de Resíduos e Descontaminação de Solos
• Proteção do ambiente, recursos naturais e prevenção de riscos (SUSTENTAR)
• Redução da Emissão de Gases com Efeito de Estufa e Qualidade do Ar
• Prevenção de Riscos Naturais, Ambientais e Tecnológicos
• Conservação da Natureza e Biodiversidade
• Florestas 4
• Recursos hídricos
• Promoção das Energias Renováveis e da Eficiência Energética (PERENE)
Em vez de enquadramentos teóricos, conferimos um carácter muito prático às nossas propostas.
Sabemos que os Ovarenses conhecem bem o nosso Município e que, por esse motivo, entendem o sentido das medidas que apresentamos ligando-as aos problemas que, no nosso entender, são de resolução prioritária.
EIXO 1 – PROMOÇÃO DA ECONOMIA LOCAL E AFIRMAÇÃO DE UM TECIDO ECONÓMICO RESILIENTE, INDUSTRIALIZADO, INOVADOR E QUALIFICADO:
1. Implementação do Plano Estratégico Municipal de Fomento de Emprego e Dinamização Empresarial (PEMFEDE):
• Coordenação direta pelo Presidente de Câmara;
• Constituição de gabinete especializado no Novo Quadro Comunitário;
• Reuniões trimestrais de monitorização e avaliação dos resultados com posterior divulgação dos mesmos;
• Abrangência prioritária nas áreas da indústria, comércio, agricultura e serviços;
• Aposta em zonas industriais infraestruturadas de fácil acesso;
• Disponibilização de terrenos a preços muito competitivos;
• Diminuição de burocracias e aposta no licenciamento zero;
• Criação de bases de dados de procura e oferta de emprego em conjunto com as empresas, associações empresariais, sindicatos, instituto de emprego, organizações da economia social e organizações da juventude;
• Isenção de taxas municipais.
2. Redução do IMI e da Derrama de IRC em função dos postos de trabalho garantidos e de novos postos criados podendo atingir uma redução de 10% face as taxas actuais e dentro do quadro legal em vigor;
3. Majoração dos benefícios no âmbito do PEMFEDE, redução de IMI e de derrama para novas empresas nas seguintes áreas: agricultura, floresta, pesca, tecnologias, inovação, comunicações e eletrónica, turismo, materiais, biotecnologia, saúde e bem-estar;
4. Dialogo com Instituto da Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF) para utilização das antigas casas florestais (Esmoriz, Maceda, Furadouro e Torrão do Lameiro) para promoção do empreendedorismo e dinamização do turismo no Município de Ovar;
5. Estudo e implementação de um Plano de Urbanização Industrial do Município de Ovar com possibilidade de aquisição de terrenos para reclassificação e/ou ampliação das zonas industriais existentes visando o acolhimento de pequenos e médios empresários;
6. Reabilitação e infraestruturação com rede de novas tecnologias em todos os arruamentos da zona industrial de Ovar;
7. Realização de seminário anual entre o tecido empresarial do Município de Ovar enquanto espaço de diálogo e partilha, com empresários, trabalhadores e convidados externos;
8. Implementação de um Plano de Reestruturação e Desenvolvimento do Sector Turístico e Cultural Municipal;
9. Criação do Gabinete de Apoio ao Agricultor na Câmara Municipal de Ovar para apoio à preparação de candidaturas a fundos comunitários, aconselhamento e orientação na resolução de questões junto de entidades competentes.
10. Em parceria com empresários locais e entidades do Sistema Cientifico Nacional (Universidades e Institutos Superiores) criaremos um Centro Tecnológico para a Industria Têxtil que apoie cientifica e tecnologicamente as nossas empresas promovendo formação especializada de qualidade dos seus recursos humanos.
EIXO 2 – REFORÇO DO POTENCIAL HUMANO E CAPACITAÇÃO INSTITUCIONAL DAS ENTIDADES
11. Reforço da colaboração institucional com os agrupamentos de escolas, apoio ao ensino profissional/vocacional e ao prolongamento dos horários no jardins-de-infância do Município de Ovar;
12. Comparticipação nos manuais escolares para todos os alunos 1.º Ciclo;
13. Requalificação das escolas do 1.º Ciclo;
14. Apoio á difusão de Universidades Seniores em todas as freguesias do Município de Ovar;
15. Referenciação e monitorização de todos os alunos no ensino superior residentes no Município de Ovar;
16. Implementação de Orçamentos Participativos;
17. Criação de um órgão consultivo do Presidente de Camara de cariz voluntário e informal que integrará os ex-Presidentes de Câmara, Ex- Presidentes de Assembleia Municipal, ex-Presidentes de Junta de Freguesia e outras personalidades;
18. Melhorar em termos financeiros, logísticos e técnicos os protocolos de delegação de competências com as Juntas de Freguesia do Município de Ovar revendo os seus indicadores;
19. Revisão do regulamento de Apoio ao Associativismo, com reforço substancial de verbas e descriminação positiva entre as associações e coletividades, privilegiando a componente de formação dos nossos jovens e o seu envolvimento na sociedade;
20. Apostar nos nossos artistas, nos nossos autores, nos nossos atletas com acompanhamento efetivo e apoio financeiro a ser regulamentado;
21. Reforçar a cooperação com os Serviços Sociais da Camara Municipal e valorizar o serviço prestado pelos trabalhadores da Câmara Municipal olhando para cada munícipe, que recorre aos serviços camarários, como um parceiro;
22. Promover a realização de reuniões de Câmara Municipal e de Assembleia Municipal nas diferentes freguesias do Município de Ovar;
23. Deslocação do Presidente de Câmara e Vereadores às nossas freguesias especificamente para receber os munícipes e ouvir as suas preocupações;
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Vá lá. Atrevam-se!!!

Ovar, 19 de junho de 2017
Álvaro Teixeira

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Ovar (Eleições Autárquicas) - O caso dos convites

 
O CDS-PP de Ovar acaba de denunciar que várias colectividades do concelho têm vindo a receber convites, endereçados por via e-mail ou suporte de papel, para que os seus representantes possam comparecer à cerimónia de recandidatura de Salvador Malheiro (esta realizar-se-à no dia 17 de Junho) a um segundo mandato na autarquia vareira. Os centristas falam mesmo em desrespeito pelos estatutos apartidários dessas associações e de um presumível "condicionamento de voto" nas próximas autárquicas.
Relembre-se que as associações foram, neste ano de 2017, alvo de um reforço recorde de investimento que terá superado mesmo o montante total de dois milhões de euros.
Neste capítulo, o CDS tem sido, uma vez mais, a força política mais preocupada com as questões de ética e transparência, voltando a colocar o dedo na ferida. No nosso entender, é este tipo de oposição que faz falta em Ovar, onde a perspicácia e o rigor devem estar bem presentes. Porque é necessário colocar alguns travões a certos tipos de procedimentos que não credibilizam a política, a qual deveria ser uma arte para fins públicos.
Efectivamente, as críticas agora levantadas pelos centristas fazem todo o sentido, porque na vida política deve haver limites. É que isto sem ética não tem grande utilidade para as comunidades.
Já não faltava a história rocambolesca dos votos das anteriores eleições distritais do PSD Aveiro ocorridas em inícios de 2016, como agora temos mais certos comportamentos eleitoralistas que não respeitam o bom senso e o cavalheirismo que deveriam nortear o saber-estar na política.
As instituições podem ter dirigentes que, a título individual ou pessoal, exercem o direito de conceder o seu apoio a qualquer lista, mas quando falamos de "personalidades colectivas" (associações), regidas por prerrogativas de isenção política, o respeito deve imperar, de forma a ser evitado qualquer aproveitamento político.
É claro que este não é um caso de gravíssima dimensão, mas é mais um indício de que na política não há santos, mas sim muito tacticismo, por vezes, até incompreensível, já que quem encetou importantes obras no concelho (em abono da verdade, teve os seus méritos, pelo que é claramente favorito à reeleição), escusava de ver a sua equipa a recorrer a estes métodos menos saudáveis.

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Imagem nº 1 - O caso dos convites está a aquecer o debate político a nível local. O CDS-PP Ovar acusa o PSD de Salvador Malheiro de andar a convidar as colectividades para a cerimónia de recandidatura do edil.

Fonte: O cusco de Esmoriz

segunda-feira, 12 de junho de 2017

As Promessas Eleitorais de Salvador Malheiro em 2013


5 - Salvador Malheiro - PSD - Cópia
Hoje, 12/06, e nos dias 19 e 26/06, vou apresentar as promessas eleitorais do Presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, e lançar um desafio aos visitantes deste Blog, para que apontem as que foram e estão a ser cumpridas e aquelas que já não vão ser implementadas neste mandato:


Aqui vão as primeiras:

EIXO 1 – PROMOÇÃO DA ECONOMIA LOCAL E A AFIRMAÇÃO DE UM TECIDO ECONÓMICO RESILIENTE, INDUSTRIALIZADO, INOVADOR E QUALIFICADO:
• Competitividade e Internacionalização do Tecido Empresarial (COMPETIR)
• Investigação & Desenvolvimento, Inovação e Empreendedorismo (IDEIAS)
• Especialização Inteligente (ESPECIALIZAR)
• Agricultura e Floresta
• Mar
• Turismo
• TICE
• Materiais
• Biotecnologia
• Saúde e Bem-Estar
EIXO 2 – REFORÇO DO POTENCIAL HUMANO E CAPACITAÇÃO INSTITUCIONAL DAS ENTIDADES:
• Educação (EDUCAR)
• Transição para o Mercado de Trabalho (EMPREGAR)
• Aprendizagem ao Longo da Vida
• Captação de Talentos (TALENTO©) 3
• Desenvolvimento de Cidadãos Plenos e Saudáveis (CIDADANIA)
• Demografia e Política de Família (POVOAR)
• Capacitação Institucional (CAPACITAR)
EIXO 3 – FORTALECIMENTO DA COESÃO SOCIAL E TERRITORIAL, POTENCIANDO A DIVERSIDADE E OS RECURSOS ENDÓGENOS:
• Coesão Social (APROXIMAR)
• Coesão Territorial (CONVERGIR)
EIXO 4 – CONSOLIDAÇÃO DA ATRACTIVIDADE E QUALIDADE DE VIDA NO TERRITÓRIO:
• Rede Urbana e Qualificação das Cidades (URBES)
• Acessibilidades, Logística e Mobilidade (MOVIMENTOS)
• Outras Infraestruturas de Apoio à Competitividade (DINAMIZAR)
• Cultura e Conservação do Património (CONSERVAR)

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Vá lá. Atrevam-se!!!

Ovar, 12 de junho de 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 21 de maio de 2017

Fahrenheit 2,8 (estatuadesal)

 

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 19/05/2017)
2.8
Fahrenheit 451 é um romance de Ray Bradbury. O livro conta a história de um futuro onde todos os livros são proibidos, as opiniões próprias são consideradas anti-sociais e o pensamento crítico é suprimido. No fundo, o sonho húmido de Aníbal Cavaco Silva.
O número 451 é a temperatura (em graus Fahrenheit) a que queima o papel, o equivalente a 233 graus Celsius. O que se passou neste trimestre é uma espécie de Fahrenheit 2,8 de tudo o que foi escrito sobre a "geringonça" e o futuro do país após a construção desta alternativa à PAF. 2,8 de crescimento é a temperatura a que ardem as calças do José Gomes Ferreira (ao menos a maquilhadora do Zé Gomes Ferreira é de esquerda). É penoso ver a cara de quem anunciava um segundo resgate ter de pegar no dois, e acrescentar-lhe uma vírgula e um oito, e falar de aumento do PIB. Nunca vi tanta gente encolhida a falar de crescimento.
Se o livro de Bradbury fala do futuro, aqui convém recordar o passado. Se recordarmos as capas dos jornais, na altura do acordo de esquerdas, o que lemos é "Perante a possibilidade de um governo de esquerda Mercados estão nervosos e acreditam num segundo resgate." "UE não vai aceitar orçamento do governo do PS." "Investidores receiam apostar em Portugal com governo de esquerda." Podíamos fazer um World Press Photo com as capas dos jornais de tragédias que foram previstas para o nosso país. Claro que isto seria o fim de uma cartomante mas nunca o fim dos especialistas em economia, que nem chega a ser uma ciência.
É nestes momentos que tenho pena que não exista uma bwin para estes apostadores do TINA. Estes Bisavós do Restelo. Passos teria perdido o apartamento em Massamá depois de ter apostado tudo na vinda do Diabo e sair-lhe o Papa. Os profetas do "aumento do salário mínimo vai causar desemprego" eram os únicos que tinham ficado desempregados.
Não tenho nada contra o Medina Carreira, excepto ter partilhado o mesmo programa com o Crato, mas se calhar já o mudava de área. Fica triste não acertar uma. Na minha ideia, o Medina Carreira substituía o Ljubomir Stanisic no "Pesadelo na Cozinha". Ou faziam um pesadelo na contabilidade do restaurante e ele entrava ali e destratava o contabilista e anunciava a falência para semana .
Durante anos foi-nos dito, diariamente, que não havia alternativa. Nem valia a pena tentar. Só o facto de falar nisso estragava o pouco que já tínhamos. Éramos uma Natascha Kampusch na cave de um Wolfgang qualquer. Chamaram-nos piegas e agora temos a mesma gente a chorar porque crescemos 2,8.
Ver o PSD a dizer que se o país cresceu 2,8 no primeiro trimestre de 2017 é graças ao seu governo, é como ver um indivíduo a queixar-se que ele é que tomou os comprimidos para o "enlarge your penis" mas o outro é que tem o pénis maior. Ou um marinheiro que está no alto mar há um ano e meio, e que nem enviou o ordenado para casa, achar que a mulher está grávida e o filho é dele.
 
Ovar, 21 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 14 de maio de 2017

O SUICÍDIO DO PSD (estatuadesal)

 

(Clara Ferreira Alves, in Expresso, 13/05/2017)
Autor
      Clara Ferreira Alves
Parece que o primeiro-ministro, António Costa, vê sol nos dias de chuva. Vindas do Presidente, um homem que toma banho de mar no inverno e com a água a 12 graus, estas palavras têm graça. É um pouco como aquela deliciosa expressão portuguesa, diz o roto ao nu… Para os eternos pessimistas como eu, que veem a chuva que há de vir quando o sol brilha, um otimista é uma bênção. Por trás deste otimismo escondem-se coisas mais graves que desaguam numa conclusão dura. Esta coligação de esquerda, esta estranhíssima aliança entre europeístas e antieuropeístas, entre radicais e moderados, entre socialistas, bloquistas e comunistas, entre dois partidos que passaram uma boa parte da sua existência a combater o desvio capitalista (uma mania típica do esquerdismo) de um partido do centro do sistema, tem funcionado. E não só tem funcionado como tem dado resultados, embora se saiba que com outro presidente não funcionaria assim. Estou à vontade para escrever isto porque não gostei desta aliança e desconfiei dela. Ou por outra, nunca acreditei que pudesse governar com eficácia e préstimo. Governa. E tenho a certeza que muito do mérito vem da figura do primeiro-ministro, um homem que sabe de política e sabe o valor de negociar em política.
A direita, que não pode ver um António Costa que julga ser o usurpador do que lhe pertencia por direito consuetudinário, está furiosa e desorientada. A direita tem de perceber que parte substancial da responsabilidade do sucesso da esquerda também é sua. Não se consegue imaginar uma oposição mais desastrada, casuística, empírica, magra na retórica e esquelética no pragmatismo, do que a que Passos Coelho e os seus homens têm feito, dentro e fora do Parlamento. Muitas vezes, o discurso da oposição é teorizado por jornalistas e analistas, incluindo o porta-voz Marques Mendes, ou por um discurso vindo das esquerdas à esquerda do PS, enquanto os sociais-democratas se enredam no complexo do mau perdedor. Depois de mim o dilúvio? Sabe-se no que deu.
Em política, saber perder é mais importante do que saber ganhar. Passos Coelho teve um papel ingrato à frente do país numa fase histórica em que tivemos de pedir dinheiro emprestado e tivemos de ser castigados por isso. O erro fatal foi o de não só considerar que o castigo era bom para Portugal como a austeridade era necessária para reformar e purificar os pecados dos portugueses a viverem acima das suas possibilidades. Sabemos agora, por algumas investigações criminais, quem é que andava a viver acima das suas possibilidades, e não eram os pobres portugueses. Na frase imortal do ex-ministro Miguel Macedo, também ele indiciado por crime, o “país das cigarras” não era o dos pequenos funcionários públicos ou dos detentores de benefícios sociais como o rendimento mínimo. O país das cigarras era o dos banqueiros insolventes e falidos e dos altos quadros políticos do Estado sufragados pelo partido ou a nomeação. Passos Coelho pronunciou alguns dos discursos mais desastrados do ponto de vista político que alguém pode pronunciar, enredado na mania da verdade que tem de ser dita. E não levantou um dedo contra o tráfico das suas clientelas, que imediatamente tomaram posse dos grandes negócios do Estado e da venda do Estado. Enquanto Cavaco Silva foi Presidente isto passava, com a ajuda dos prosélitos da austeridade virtuosa, entretanto silenciados (ajudaram à vitória eleitoral não maioritária da coligação de direita). Quando Cavaco saiu, deixou de passar. Cavaco saiu com a popularidade de rastos, e Passos Coelho ficou para a história como o rosto severo dos anos da crise, da miséria e da perda de soberania. A pose de Passos e Maria Luís face à Alemanha era embaraçosa e escondia um desejo pouco patriótico de fazer a vontade ao patrão. Chamava-se a isto, antigamente, ser lambe-botas. Os portugueses não esqueceram. Nem toda a gente morre de amores por Costa e amigos, mas não esqueceram.
O PSD tem de arranjar um novo chefe e como o aparelho está inevitavelmente colado a Passos, e à remota possibilidade de Passos vir a reocupar o poder, não cede. Nenhuma ideologia preside a tais manobras. Trata-se de darwinismo político, luta pela sobrevivência, oportunismo e ganância. Com uns pós de ressentimento e vingança. Ora, a vingança sobre os portugueses tem péssimos resultados. É pior do que granizo depois de um dia de sol. O PSD tem de arranjar um pensamento e uma inteligência ou será comido vivo pela esquerda.
A Europa é uma questão interessante e nem um pio saiu do PSD, nestes últimos tempos, que sirva para um módico de reflexão. O partido está parado, paralisado no ódio a Marcelo e a Costa e entretido com a politiquice. Sem outro PSD, as reformas de que o país necessita jamais serão feitas. E sem outro PSD, António Costa não tem com quem conversar à direita e fica ainda mais refém da esquerda. O facto de Passos não entender isto não é teimosia. É suicídio.
´
Ovar, 14 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Cara por cara, não gostamos da sua (estatuadesal)

 

(Por Estátua de Sal, 26/04/2017)
jpc
Estive a ver o debate quinzenal na Assembleia da República e fiquei com um sentimento de alguma perplexidade. Explico. Nas interpelações ao Governo, na pessoa de António Costa, as questões mais críticas e melhor articuladas sobre as políticas do governo vieram do PCP e do BE, que apoiam o governo, e não do PSD nem do CDS. Quer dizer, a oposição da direita é um flop, um bluff, não consegue dizer nada de substantivo que vá além do episódio de circunstância. Quais as razões?
António Costa é um hábil político. No que toca às questões de fundo, que derivam da condução das políticas económicas de acordo com as regras europeias quanto ao déficit, Costa assumiu a agenda da direita, quer ser cumpridor, e mostrar que o consegue ser com mais eficácia e melhores resultados. Até ao momento tem conseguido atingir tal objectivo. Logo, como pode a direita, neste tema, criticar o governo? Fica sem discurso e limita-se a trazer ao debate pormenores de somenos que não atrasam nem adiantam coisa alguma. E mesmo aí tem pouca ou nenhuma legitimidade para criticar as opções do governo que permitiram ao país atingir o déficit mais baixo de sempre, na medida em que, se as alternativas da direita fossem melhores, então teriam dado resultado durante os quatro anos que governaram o que na verdade não aconteceu. Assim sendo, o que lhes resta para criticar, já que não podem defender - apesar de ser o que pensam -, que repor salários e pensões tem sido uma política errada, sob pena de serem penalizados eleitoralmente mais do que o que já foram? Só lhes resta dizer que o déficit de 2% não foi de 2% ou que é sol de pouca dura, ou que foi conseguido à custa da redução do investimento público, ou que os serviços públicos estão depauperados, ou que o diabo ainda não veio, porque teve uma avaria na viatura demoníaca, mas que já chamou a OK TELESEGUROS e a Marta já providenciou uma viatura de substituição e chegará dentro de momentos.
Em suma, a direita não é capaz de fazer oposição eficaz a António Costa porque teria que fazer oposição a si própria, no que às políticas europeias concerne. Também não pode criticar a política de rendimentos frontalmente porque tal seria um suicídio eleitoral. Resta-lhes dizer que executariam melhor as mesmas políticas. Mas com o péssimo currículo que apresentam e que deriva dos quatro anos da sua malfadada governação, caem no ridículo e são facilmente alvo de chacota,  hoje já até para sectores tradicionalmente seus apoiantes, como franjas significativas do empresariado.
É por isso que as críticas mais contundentes, e de fundo, partem do BE e do PCP. Elas vão ao cerne do problema do país que é a dívida, a necessidade de a financiar a custos mais baixos, e simultaneamente crescer economicamente sem basear esse crescimento em salários mais baixos, maior exploração dos trabalhadores, tornando Portugal numa espécie de Singapura da Europa, como era o sonho de Passos Coelho.
António Costa nunca defendeu nem defenderá esse modelo de crescimento - e a esquerda sabe-o -, mas é um gradualista e um táctico. Um pequeno país não pode isolado pretender alterar as regras europeias na actual correlação de forças a nível político na Europa. Seria uma luta de David contra Golias de mais que provável insucesso. Mas a esquerda também sabe isso mesmo, ainda que não possa, nem deva, abdicar do seu discurso próprio, nem que seja para manter viva a chama da sua militância.
É por isso que as críticas da esquerda ao governo, sendo as mais contundentes, não põem em causa a coesão parlamentar da Geringonça, para desespero da direita que tudo faz para enfatizar tais criticas, tentando desse modo criar brechas na muralha. Se o objectivo da esquerda é colocar no debate o problema da dívida e desafiar os ditames do Tratado Orçamental, retirar o apoio a este governo em nada contribuiria para esse desiderato. Apenas mudariam os rostos de quem iria cumprir essas mesmas regras mas dando ao mesmo tempo prevalência às políticas de ataque aos rendimentos do trabalho.
Ao menos com António Costa ainda a esquerda pode negociar e obter ganhos de causa, por limitados que possam ser.
O que Jerónimo e Catarina deveriam dizer a Passos, quando ele lhes aponta a contradição de criticarem um governo ao qual dão suporte seria só isto: políticas, políticas, caras à parte. E cara por cara não gostamos da sua.
 
Ovar, 26 de abril de 2017
Álvaro Teixeira

segunda-feira, 24 de abril de 2017

O POPULISMO À PORTUGUESA! (estatuadesal)

 

(Joaquim Vassalo Abreu, 20/04/2017)
portas_feiras
O Paulinho das Feiras

 
Remetendo-me apenas para a história pós 25 de Abril de 74, o “Populismo”, agora tão em voga como modo de, aproveitando o cansaço provocado pelas políticas seguidas durante anos e anos por arcos de governação e alternância de pessoas e partidos, que não de políticas, chamar a si os descontentes, os desintegrados, os alheados, os desinformados, os desesperançados, os amuados, os transtornados, os desempregados e os não filiados, oferecendo-lhes soluções fáceis e às vezes até radicais, nunca teve grande “pasto” nesta terra! E não tem ainda…
Os fenómenos estão aí, à frente dos nossos olhos e ouvidos, com protagonistas reclamando uma superioridade moral que nem de perto nem de longe possuem, e diferentes meios que fatalmente não terão também, que apelam às pessoas, as atrás referidas, para a experimentação de algo novo e diferente, algo que os políticos “corruptos” da alternância já não lhes conseguem oferecer.  De modo parecido com as “seitas” religiosas e as “igrejas” redentoras que prometem céus…a troco do dízimo…Ou virgens sem conta num outro mundo…
No entanto o “Populismo” sempre foi uma forma usada para alavancar “massas” descontentes e que não querem revoluções. Chame-se ele “Peronismo”, “Caudilhismo” ou outros “ismos” mas, em Portugal, isso nunca teve grande “chão”, pese o Salazarismo, para se afirmar, impor, crescer ou florescer.
Mas, se repararmos, tentativas não faltaram e não vou sequer falar do PRD, que foi um epifenómeno. Logo a seguir ao 25 de Abril os então fundadores do agora PSD logo apelidaram o seu novo partido de PPD: Partido Popular Democrático! Popular por opção e Democrático porque tinha que ser. Mas, Freitas do Amaral e Amaro da Costa, vendo o “Popular” já reclamado, decidiu que o seu partido seria do Centro, Democrático, claro, mas Social! E rigorosamente ao centro, como as próprias setas o indicavam. Mas também Democrata e Cristão como filosofia agregadora e diferenciadora.
É claro que os nomes pouco significam e os espaços situados entre a direita e o centro, principalmente este, disputados por três partidos (CDS, PPD e PS), começou a ser o objecto de todas as disputas pelo que, carecendo a situação de alguma definição, o PPD abandonou o “Popular” e tornou-se PSD (Partido Social Democrata), para disputar esse centro com o PS. Mas o CDS, de imediato, abandonou a Democracia Cristã, e os Democratas Cristãos o CDS, e tornou-se ele mesmo num Partido “Popular”, para disputar, além desse famigerado centro, também a direita, mais ou menos órfã.
E foi aqui que, depois de vários líderes e de um indefinido Manuel Monteiro, irrompeu o “Popular”, o “Popularucho”, o nosso “camaleão”, o nosso “Peppe Grillo” também, o nosso Paulo de Sacadura Cabral e Portas.
Que, ao mesmo tempo que se reclamava defensor intrépido dos “feirantes”, dos “retirantes”, dos “Antigos Combatentes” e do espírito da Ordem e da Grei, também se afirmava o defensor do “contribuintes”, dos “reformados”, dos afamados e dos não afamados, dos lavradores, das donas de casa e ainda de todos os habitantes nocturnos do Parque Eduardo VII…e sei eu lá que mais…
Aliás, os seus mais diversificados adereços capilares assim o indicavam: um boné para ir ter com os lavradores, uma boina para falar com os Antigos Combatentes, um boné tipo “americano” para ir falar com os contribuintes, um chapéu de abas para falar com os reformados e uma peruca para…
Mas este era um “populismo” bacoco, pois se notava na perfeição que a cara não batia com a careta, a figura não condizia com o personagem e a “bota” não batia com a “perdigota”! O Poder é um afrodisíaco tal que faz da sua tentação uma sublimação ainda maior, mesmo que em tempos de crise, não servindo esta como anestesiante desse fervor e entusiasmo. Esse sim, o Poder, é o sítio revigorador de todo o “Populismo”, ou o seu contrário! E assim sucedeu e o  nosso “Peppe Grillo” deu de “frosques”, pôs-se no “piro”… Mas para paragens que, além de afrodisíacas, são também paradisíacas…
E, finalmente, enquanto por cá um anti populista conseguiu erguer uma simbólica barreira a esses movimentos tão em voga por este Europa e pelo mundo fora, testando, com êxito, o nunca testado, a sua, dele Paulo Portas, sucessora, apostada em ultrapassar pela curva direita o seu antigo mas adormecido Ex chefe ( o do Pin) ela tenta ressuscitar o seu “Portismo”, ao qual eu chamo de “Populismo à Portuguesa”.
E, a verdade seja dita, vendo o outro a dormir a sesta à espera do dia em que lhe saia o Totoloto, ela resolve concorrer a Lisboa. Ele entreabre os olhos, olha para o relógio e diz: ainda é cedo! Então ela desata a prometer fim de “taxas e taxinhas”, mais impostos e coimas, mais….até que o outro, ainda sonâmbulo diz: já devem ser horas, vou acordar! Mas repara então que, enquanto dormitava, a fulana escaqueirou todo o seu sonho. Que lhe restava agora prometer? Só lhe restava apresentar uma “Treza” que, além de “tesa”, também é Leal e Coelho. Tudo bem, mas ela? Nada!
E, aproveitando o estado de hibernação colectivo dos seus Ex aliados, socorrendo-se da ideia do PRESI…a D. Maria de Assumpção de Oliveira Cristas Machado e Uber, profere a tonitruante e definitiva promessa: com ela…”adios” aos “Sem Abrigos”….Brilhantérrimo!!!
Mas estou um pouco preocupado: que irá agora a “Treza” prometer?
É que eu aposto que o PP já é CDS outra vez! Porque não o PSD voltar a chamar-se PPD?
Passos, é só uma ideia, eu sei, é só mais uma, sei também, mas é de graça, como todas as outras que lhe dei e que o Senhor mandou pra canto. Então está aí o “Populismo” à frente dos seus olhos e o Senhor não os abre? Qualquer dia vai tarde…
Já prometeu tudo em 2011? Como o percebo…eu também estaria descoroçoado!
 
Ovar, 24 de abril de 2017
Álvaro Teixeira

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Rui Rio não faria melhor

 


miguel guedes
 
Após a apresentação pública do candidato do PSD à Autarquia do Porto, tudo indicava que assistíramos a uma encenação particular com notas de autor e requintes de estratégica malvadez. Rui Rio não faria melhor. Promovendo ou apoiando um candidato convenientemente inexistente aos olhos da opinião pública, o PSD de Rio afluiu em peso para uma iniciática demonstração sobre a falta de peso específico do candidato Álvaro Santos Almeida (ASA). Uma apresentação sem candidato. Qualquer notícia que tenha reproduzido uma ou duas frases de ASA terá pecado manifestamente por excesso. Rui Rio não usou da palavra (não se comprometendo em demasia, exercício de estilo que demarca o autor da criação), acomodou-se na cadeira ao lado de Passos Coelho (solidariedade institucional com o líder, motivando aplausos) e reafirmou (antes da chegada de Passos) que concorrerá à liderança do partido caso não surja uma alternativa credível que permita ao PSD mobilizar o eleitorado. Num par de horas, sempre a somar pontos.
Até ao KO. O momento zen no pleno da roleta programada acontece quando Rio assiste e resiste - sem riso aparente - ao momento em que Passos Coelho assegura que "o Porto está parado há quatro anos", vivendo da "herança que foi recebida e do adiamento" numa altura em que "nada se passa". Ainda não há delegados eleitos para o Congresso, Rio não foi eleito líder do partido, ASA ainda não é deputado da nação ou cargo análogo pela mão-promessa do criador, mas já Passos assina mais uma metáfora da vida para aqueles que não entendem ter morrido politicamente de forma nada prematura. O lado risível da declaração não se confina aos seus termos. É quase cândida a forma como Passos não aceita que o país tenha mudado sem ele. É quase infantil como Passos definha na liderança do partido à espera que os adversários internos - que agora elogia pela caução positiva do passado - lhe façam a trama.
Passos Coelho comporta-se como um candidato a monarca sem reino que não resiste a cumprir o protocolo de Estado. Intrigante como não assinou, a bem da simetria, a Petição que defende a "Inclusão do Duque de Bragança na Lei do Protocolo de Estado". Por absurdo, seria bem menos risível do que as suas declarações sobre a herança duma cidade que ainda há dois anos via bem governada. Com boa parte da Direita militante reunida à volta da memória que honra a descendência e representação dos reis de Portugal, a ausência do líder do PSD faz-se notar. É que a descendência no mais-representativo-partido-da-oposição-apesar-das-sondagens já é um processo degenerativo: não há memória de uma coisa assim.
O autor escreve segundo a antiga ortografia
* MÚSICO E ADVOGADO
 
Ovar, 12 de abril de 2017
Álvaro Teixeira

sábado, 8 de abril de 2017

O problema não são as autárquicas, é a condução política do PSD (estatuadesal)

 

(José Pacheco Pereira, in Sábado, 07/04/2017)
Ilustração Susana Villar
1. Um dos aspectos mais vivos e dinâmicos do PSD sempre foi a sua actuação autárquica. O PSD tem obra em muitas autarquias, tem e teve excelentes autarcas e tem uma cultura de serviço nas autarquias que, no seu conjunto, o tornam um grande partido autárquico. Tem e teve também gente menos honesta, más escolhas e maus autarcas, e erros de gestão, como se passa com o PS. Mas, quando olhamos para o PSD nos dias de hoje é nas autarquias que ainda sobrevive o PSD de ontem. Muitas vezes sitiado, maltratado, desprezado, mas está lá com gente que conseguiu nestes anos do lixo manter uma relação dedicada e socialmente comprometida com os seus fregueses e munícipes. Nunca embarcaram no projecto de engenharia social do "ajustamento" e desconfiaram, e muito, do vezo anti-social de muitas medidas que eles sabiam muito bem vinham mais das ideias do grupo de Passos, do que eram exigidas, como hoje se diz falsificando a história, pela troika e aplicadas a contragosto. Eles também "ajustaram", mas há uma enorme diferença entre o modo como o fizeram, mantendo preocupações sociais que não existiam no Governo PSD-CDS. Resistiram à forte guinada para a direita do PSD. Mantiveram por isso uma relação com as suas terras e as suas gentes que foi rompida no topo do PSD e que cada vez mais divorciado está do comum das pessoas, como se vê consistentemente nas sondagens.
2. Onde isso não aconteceu foi em Lisboa e no Porto e nas grandes cidades, onde a vida política tem, além de factores locais, elementos nacionais e onde pesa em primeiro lugar o "estado" nacional do PSD. Esta circunstância não era inelutável, mas exigia que houvesse candidatos excepcionais, mobilizadores por si mesmos, alargando o espaço partidário, e com uma relação tida como muito próxima das gentes e dos locais por onde concorrem. Ora, a crise nacional do PSD e o crescente aparelhismo que já vem muito de trás, seca tudo por onde passa e afasta os melhores, estiola as opções e não torna desejável concorrer pelo partido. Há gente muito capaz de ser um excelente candidato por Lisboa ou Porto, com as características de moderação, conhecimento e dedicação pela sua cidade, situados num espaço "central" entre o antigo PSD e o PS que considera que concorrer nos dias de hoje pelo PSD é pestífero. A história do Porto e de Sintra em 2013 é exemplar, com o aparelho do PSD a escolher candidatos pela fidelidade a Passos ou, pior ainda, a por interesses de carreira e ambição, e a abandonar um candidato que seria natural na sua área política como era Rui Moreira. O voluntarismo dos candidatos de Lisboa e do Porto, já que em Sintra o PSD teve que sofrer o vexame de aceitar que concorresse o candidato de 2013 que expulsou, não consegue resolver a ecologia nacional hostil.
3. Se o PSD autárquico ainda tem muitos traços do PSD dos "fundadores", social-democrata, moderado, dedicado à justiça social, com obra feita, o seu grande inimigo é o PSD nacional, em particular a direcção política de Passos Coelho, mas também a sua corte no partido, gente muito diferente dos self -made men do passado, ou dos profissionais com prestígio que moldaram o PSD em tempos idos, muitos com uma cultura alheia ao PSD e comprometidos com vários interesses, a começar pela gestão da sua carreira, que são o lastro que tem que trazer atrás de si. O PSD ganhou as eleições em 2015, não me esqueço disso, nem me esqueço que o programa eleitoral tinha muitas das "reversões" que agora se atacam no PS, mas tem-nas perdido todos os dias.
Na verdade, como Portas intuiu quando se demitiu, o PSD e o CDS não voltam ao poder a não ser que tenham uma maioria absoluta, tão firme é a frente de rejeição que criaram nos anos da troika. Porque, se é verdade que o PSD ganhou, perdeu-as com idêntica legitimidade porque existia uma outra solução maioritária que até agora tem funcionado sem os cataclismos que foram previstos.
4. Porque é que o PSD começou a perder terreno, e muito, logo a seguir? Porque a condução política de Passos apontava, e aponta, num único sentido: a queda do Governo PS com um novo resgate e as sanções da Europa. Sempre disse que esta análise não é desprovida de alguma racionalidade – as bases do "sucesso" do PS são frágeis –, mas, o tempo e o modo como tem sido conduzida dá do PSD a imagem de que deseja tal crise e, na verdade, deseja-a. Ora, isso é mortífero para Passos e para o PSD, porque ninguém, a não ser os radicais à volta de Passos e a direita revanchista que o acompanha, aceita uma tese de quanto pior melhor.
5. E depois há um outro factor, a situação da Banca, que torna Passos e o PSD profundamente antipáticos em termos políticos, sem que haja por trás qualquer mérito em não se ser popular por se ser verdadeiro. Aqui é ao contrário, não só não se é verdadeiro, como atacar o PS pelo que se está a passar na Banca, é disparar contra si próprio, porque todos o problemas que o novo governo, mal, menos bem ou bem, está a resolver têm génese nas políticas do governo Passos, Portas e Maria Luís, por acção e omissão. É por isso que todas vezes que Passos abre a boca com arrogância para perguntar porque é que se vendeu assim o Novo Banco, a pergunta dá a volta à sala e volta-se para ele e diz "é preciso ter topete". Quem paga o "topete" são os candidatos autárquicos.
 
Ovar, 8 de Abril de 2017
Álvaro Teixeira

terça-feira, 4 de abril de 2017

LEVAR PASSOS “À SÉRIA”? (estatuadesal)

 

(Joaquim Vassalo Abreu, in 03/04/2017)
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Passos Coelho

 
Eu já há uns tempos atrás publiquei aqui um texto, a que chamei “LEVAR PORTUGAL A SÉRIO “,   (Ver aqui), mais propriamente no dia 13 de Dezembro de 2016, de modo que voltar ao mesmo tema, só por razão muito substantiva ou então para fazer assim uma espécie de actualização, o que é o caso.
Mas porque volto? É que eu pensava que ele, o nosso Senhor dos Passos (ouvi dizer que estamos na Quaresma) já tivesse feito um “upgrade” ao slogan e o tivesse mudado para, no mínimo “Levar o PSD a sério” pois, desde os seus muito seus aos seus pouco seus, uns fingem que o levam a sério e outros já nem sequer o fingem…
Mas, tenho observado que, sempre que fala, principalmente na sede, que deveria ser local sagrado e de culto, lá aparece por trás dele a fatal frase. Mais propriamente um pregão ou um slogan que, da sua eficácia, deve ter sido objecto dos mais aturados estudos, de marketing e até de sociologia, pois foi levado a sério. E até testado, pois o deve ter sido, por exemplo numa daquelas universidades de verão, por aqueles jovens todos de atestado na mão, a gritarem, virados para o seu chefe: “Levar Portugal a Sério!”, “Levar Portugal a Sério!”…muitas vezes, claro, e com os dois dedos virados em frente, para o seu “Herr”. Mas que quer aquilo dizer, afinal? Para quem será o recado?
A sério: eu até acredito que “Levar algo a sério”, “Levar alguém a sério” ou mesmo “Um tipo levar-se a sério” ou, finalmente, “Que o levem a sério ou seja levado a sério”, seja um desejo, uma vontade, um anseio de futuro, uma realização até e até aí tudo bem. Mas, hoje por hoje, continuar a colocar lá no meio “PORTUGAL”, sendo absurdo, ridículo e totalmente desfasado da realidade, a menos que seja mesmo uma autocrítica introspecção, podendo ser aquele desejo o de “Levar o PSD a sério”, seja simplesmente um apelo, pungente mesmo, a que “Levem Passos a sério” ou “séria”, tanto faz!
Porque só assim poderá ser! Pois pensem comigo: se tivessem escrito uma frase mais afirmativa, tipo “Nós Levamos Portugal a Sério”, a gente até se poderia rir a bandeiras despregadas, fazer piadas, glosar com a coisa, fazer ainda mais trocadilhos do que os que eu faço até, mas quando colocam o vago, incerto e evasivo “Levar”, eles querem dizer o quê? “Levar” o quê ou quem? E já agora: “Para onde?”. É que “Levar Portugal”, só se for Atlântico adentro, como na “Jangada de Pedra” do Saramago, agora “A Sério?”. É que se temos que o levar a sério, ou mais a sério, é porque ele é um pouco estouvado e brincalhão, pouco atento e fixo, mais outras coisas mais e tem que ser posto na ordem…para ser levado a sério, não será?
De modo que, ultrapassado este patético jogo de palavras, que de tão parvo nem posso sequer afirmar ser um jogo, a pergunta final, aquela que estará no cerne da manutenção do referido slogan, de o facto de Passos, julgando-se no seu bandado “pin” ele mesmo Portugal, se queixar de o Governo não o “levar a sério” e não responder às suas pertinentes e acutilantes perguntas.
Assim como que dizendo ao Governo: “O Sr. (o Sr. Costa bem entendido), não perde uma oportunidade de me achincalhar (a ele, Portugal, claro também), e isso é ignóbil, vergonhoso e só mostra que não “levam Portugal” (o seu “pin”, bem entendido) a sério”.
Só lhe faltou dizer: nós fomos os únicos que levamos Portugal a sério, os únicos que poderão fazer voltar a seriedade a Portugal e expurgar dele todos os que não são sérios… “Levem-me, portanto, a sério”.
Só que, por muito que se leve a sério, e pese a sua seriedade, que não ponho aqui nem em lado nenhum em causa, isso não basta para que seja levado a sério. E é-o cada vez menos, dizem as sondagens e cada vez mais.
E ontem diverti-me ao ouvi-lo “exigir” do Governo saber todos os pormenores da venda do Novo Banco e o porquê de o Estado ter ficado com 25% e ter sido “vendado”, como alguém dizia, ele que, ele sim, o venderia pelo preço que custou e não faltavam compradores…Eram dezassete, dizia ele a 27/08/2015 e a ANGBANG oferecia 2.000 milhões, lembram-se? E havia a APPOLO, depois a FOSUN até que, até que não restou nenhum! Até que o seu Tedx, o Monteiro, lá arranjou um…uma STAR!
O Costa vai-lhe dizer: Ó Sr. Deputado Passos Coelho, a sério, quer que lhe faça um desenho?
Nota Final : Eu, como sei que o Costa não tem grande queda pró desenho, mandei-lhe um SMS e disse-lhe: António, deixa isso pra lá, eu faço-te o desenho, ok? Ah! E mando um prá “Catrineta” também, tá? A sério, António!

Ovar, 4 de Abril de 2017
Álvaro Teixeira

quarta-feira, 22 de março de 2017

Como se chama um conjunto de Coelhos? (estatuadesal)

 

(Pedro Santos Guerreiro, in Expresso, 18/03/2017)


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A escolha de Teresa Leal Coelho para Lisboa é uma excelente notícia. Para o PS e para o CDS. Passos Coelho pode começar a escrever dois discursos: um de derrota, outro de saída
Pedro Passos Coelho está de parabéns, escolheu a melhor das suas alternativas: ele não tinha mais alternativas. Foi à praça dos fiéis disponíveis e só lá estava Teresa Leal Coelho. A abnegação pelo seu amigo é bonita mas o sacrifício dela será o dele. É um nome tão fraco para a Câmara de Lisboa que não concorre contra Medina, concorre contra Cristas. Passos já corre não por gosto, corre por desgosto. Pode correr tão mal que as eleições podem matar dois Coelhos de uma cajadada. Então, Passos perde primeiro o partido, depois o partido perde-o a ele. Vai dar dó. Já dá.
Teresa é leal a Coelho mas, como vereadora da Câmara, não se lhe conhece uma ideia sobre a cidade, não se lhe reconhece um ato de oposição, não se lhe conta a presença em mais do que um quinto das reuniões. Na relação com o partido, é uma formiga política, no formigueiro descontrolado em que se transformou o PSD. Vai receber um programa para a cidade escrito por um velho crítico, José Eduardo Martins, que deve acreditar tanto nela como numa pedra que flutue; vai ter uma concelhia liderada por novo adversário, Mauro Xavier, que só não lhe atira a pedra porque... bom, talvez atire.
Com esta (quinta ou sexta ou décima sétima, nem se sabe bem) escolha, o PSD dá a bandeja a Assunção Cristas e a Fernando Medina. Assunção até foi inteligente, criticando Passos a propósito da banca porque já está em pré-campanha; Medina nem precisou de ser inteligente, bastou-lhe a burrice alheia. Os dois, que nunca antes foram a eleições, têm estrada livre para ganhar: ele, a Câmara; ela, a emancipação no partido. Bastará ter mais do que os 7,5% que Portas teve no passado em Lisboa. Se acontece o delírio de ultrapassar Leal Coelho, será a vergonha acabada.
É por isso que na capital não se joga apenas a probabilidade de derrota de Teresa, mas também a possibilidade de derrota de Pedro. O PSD já recuou nos objetivos, já não quer ter mais câmaras do que o PS, apenas mais votos do que nas autárquicas anteriores. Agora condói-se neste não ir a jogo nas grandes cidades, essenciais para as legislativas seguintes.
As autárquicas são em outubro, o congresso do PSD em janeiro. Da janela da sede, Passos já vê os amoladores de facas entrarem. Enquanto isto, António Costa ri-se às gargalhadas debaixo de uma almofada, para não estragar o desarranjinho.
Teresa e Paulo resistirão até ao fim, mas já não têm muitas cartas na mão. Jogam ao solitário, enquanto nas salas ao lado se joga à lerpa. Como se chama um conjunto de Coelhos? Pouca gente sabe que a resposta rima com banhada mas toda a gente sabe agora que a resposta não é PSD.
 
Ovar, 22 de março de 2017
Álvaro Teixeira

quarta-feira, 8 de março de 2017

A tourada (estátuadesal)

 

(Por Estátua de Sal, 08/03/2017)
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          Passos, o bandarilheiro
O Pan e outros grupos de cidadãos, preocupam-se com a defesa dos animais e com o sofrimento dos touros e propõem e defendem que se acabem com as touradas por estas serem uma manifestação de selvajaria primária. O tema gera sempre alguma controvérsia, porque há sempre argumentos para todos os gostos e as touradas ainda vão perdurando, para mal dos touros.
E de tal forma perduram que hoje a tourada saiu, levada em ombros pelo PSD, do Campo Pequeno para a Assembleia da República. Foi no debate quinzenal com o primeiro ministro, ao qual assisti na íntegra nas televisões. O que se passou então?
Pedro Passos Coelho considerou ser um insulto pessoal que António Costa tivesse ligado a não divulgação da lista de transferências para offshores - da lavra até ver, de Paulo Núncio -, e do não escrutínio fiscal de parte dessas transferências, a uma falha da sua governação. Pelo que se insurgiu por Costa não lhe apresentar desculpas. Costa retorquiu que o insultado tinha sido ele, que foi caracterizado por Passos como sendo vil, reles e soez, logo ele sim, teria que receber um pedido de desculpas. Tudo isto, num ambiente de grande pateada e sururu, com a bancada do PSD em alvoroço, mais parecendo uma turma de putos imberbes da escola primária em desatino completo.
E as duas faenas seguintes foram de almanaque. Coelho pede a palavra para defesa da honra.  E que disse Coelho? Nada de jeito. Que criticar politicamente a sua péssima governação é um ataque à honra. Extraordinário. A minha pergunta é como é que se pode defender aquilo que não se tem. O Coelho parecia o D. Quixote a terçar armas em prol de moinhos de vento. Quer Passos convencer-nos que roubou os portugueses, cortou salários e pensões, e que o fez com muita honra. Lindo. É como um carteirista dizer que nos roubou a carteira e que se nos insurgirmos e o criticarmos estamos a atacar a sua honra de bom profissional do ramo. Perante este mundo bizarro e deprimente que a direita serve em directo ao país na Assembleia da República, acho mais urgente varrer de vez Passos da cena política, do que acabar com as touradas, desculpem-me lá os touros.
De seguida veio Montenegro, e também pede a palavra para defesa da honra, não dele próprio, mas da bancada do PSD que ele dirige, porque Costa tinha dito que os deputados do PSD andam ressabiados. Eu esta, confesso, deve ir para os anais. A honra da bancada não sei bem o que seja, já que eu julgava que a honra seria um atributo pessoal, do carácter e da personalidade de cada um e não um atributo colegial. Mas enfim. E que diz Montenegro em sua defesa? Nada de jeito. Conclui apenas que o primeiro ministro é mal educado. Sim, com todas as letras, Montenegro chamou mal educado ao primeiro ministro.
Costa, o único a quem já chamaram, mentiroso, vil, soez e agora mal educado, e que nunca ripostou de forma sequer aproximada a tais mimos, vejam bem, tem uma paciência de santo para conseguir aturar a cáfila que (des)governou o país durante quatro anos. Quando a direita acha que criticar as suas políticas é um ataque à honra e quando acha que atacar a honra de terceiros é um ataque às políticas, estamos perante um caso de doença aguda do foro psiquiátrico a necessitar de internamento urgente. Transfira-se pois a bancada do PSD em peso, de São Bento para o Júlio de Matos.
A direita anda, portanto, perdida nas sua diarreia mental. Depois de ter feito penar os portugueses ainda queria que o país lhe agradecesse pelos sofrimentos. Queria, e julgava que tinha a seus pés, um país de masoquistas e de bois mansos, que depois das bandarilhas no lombo ainda iria lamber a ponta da espada de Passos Coelho envergando traje de luzes, e armado em grande toureiro.
Enganou-se. Os portugueses recusaram os ferros de Passos Coelho e fizeram-no morder o pó da arena. E o personagem, mesmo perante todas as evidências, ainda continua a não querer acreditar que foi corneado pelo país e que só lhe resta ser levado em maca para fora do palco para ser tratado urgentemente.
 
Ovar, 8 de março de 2017
Álvaro Teixeira

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

As lágrimas furtivas de Fernandes

 

(José Soeiro in Expresso Diário, 24/02/2017)
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José Manuel Fernandes, que se celebrizou nos tempos em que, enquanto diretor do Público, fez dos editoriais do jornal uma apologia da ocupação e da guerra de Bush Jr. (quem não se lembra da revelação sobre “a lágrima furtiva” de comoção que lhe rolou pelo rosto quando a invasão se consumou?), vive agora numa irritação permanente, de que nos vai dando conta a partir do cantinho do Observador onde se refugiou.
O pobre cronista sente-se perseguido por tudo. São os cartazes do Bloco contra a precariedade que é obrigado a ver de cada vez que entra em Lisboa. É Catarina Martins que lhe entra pela casa adentro a falar do tema “todos os dias”, quando não mesmo “todas as horas”. É o PS que, depois da auspiciosa Terceira Via na Europa, estaria agora “colonizado pelas ideias radicais” dos bloquistas. E é até a Direita, que teria deixado de ser uma reserva de bom senso: apesar de votar contra as medidas de combate à precariedade, o que esta aponta ao Governo é o defeito de este não ter ainda diminuído a precariedade tanto quanto apregoou. “Porque não se calam com isso dos precários?”, pergunta Fernandes em tom de desespero. O Universo está de pernas para o ar e o cronista sente-se abandonado por toda a gente, não há sequer PSD e CDS que lhe valham. O vírus do esquerdismo invadiu todos os cérebros e o mundo conspira contra ele: “a linguagem que utilizamos todos os dias está corrompida, foi contaminada pela ideologia de bloquistas e comunistas e nem demos por isso”.
O tom é apocalíptico, mas tem o mérito de denunciar como o campo político a que Fernandes pertence se sente derrotado. Durante anos, apresentaram a precarização como uma fatalidade que liberta e como um imperativo para combater a “segmentação do mercado de trabalho”. A solução da Direita era arrasar com os direitos laborais de todos e promover uma harmonização no retrocesso: “o nosso problema não é acabar com o trabalho precário – é tornar menos definitivos todos os restantes contratos de trabalho. O problema está a ser colocado de pernas para o ar”, explica o cronista, desconsolado. Só que essa ideia, que a Direita política e académica tentou vulgarizar, foi derrotada na sociedade portuguesa. Ninguém a deseja. Surpresa das surpresas, as pessoas compreenderam que era uma trapaça que só tinha um efeito: comprimir salários, instalar a insegurança no quotidiano, promover uma competição que mais não era que uma domesticação pelo medo, tornar a vida uma aflição permanente. E, facto incontestável, a precarização só produziu desemprego: mais de 60% dos pedidos de subsídio de desemprego resultaram da cessação de um contrato a prazo. A realidade não para de fazer desfeitas aos nossos liberais.
Com uma maioria negociada à esquerda e uma Direita em retirada, Fernandes agarra-se à única tábua de salvação que parece ter encontrado no caminho: a OCDE e os seus relatórios.
É certo que a OCDE continua a combinar uma recolha interessante de dados com o seu pressuposto de sempre, que é a ideologia da flexibilização laboral como solução para o mundo do trabalho. Sugere aliás o que a Direita portuguesa não tem coragem de verbalizar: acabar com os limites ao despedimento que estão na própria Constituição e demolir a contratação coletiva. Só que até a OCDE reconhece que a precarização real foi tão longe em Portugal, nomeadamente por via da transgressão à lei, que no meio do relatório lá vai dizendo que a fiscalização do trabalho devia ser reforçada. Correndo o risco de agravar o estado de exasperação de Fernandes, não resisto a dar-lhe mais esta má notícia, que uma leitura menos atenta do relatório pode ter deixado escapar: mesmo a OCDE, que é o que se sabe, considera excessivo o recurso dos patrões portugueses aos contratos a prazo e sugere que se agravem as contribuições para a segurança social dos empregadores que recorrem a esta modalidade precária de emprego.
O último ano e meio, é certo, não tem sido um paraíso e muitos problemas estruturais do país e do seu atraso económico mantêm-se: salários médios muito baixos, níveis inadmissíveis de precariedade, uma percentagem insustentável de desempregados sem apoio, o fardo da dívida a impedir um investimento público consistente capaz de promover mais emprego. Mas uma coisa é certa: a ideologia da precarização foi derrotada no campo das ideias.
A solução da Direita, que era responder à precariedade abolindo os direitos do trabalho, não tem adeptos entre o povo. É isso que a deixa com os nervos à flor da pele. Agora, é a hora da Esquerda. Por mais que Fernandes desespere, o combate à precariedade é mesmo para continuar. Por isso, meu caro José Manuel, vai ouvir falar muito dele, porque está ainda a dar os primeiros passos. O melhor é ir-se habituando.
 
Ovar 26 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Contar zeros para adormecer

 

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 24/02/2017)
 
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Foi uma espécie de virar de mesa. Quando o PSD e o CDS tentavam prolongar a novela das SMS de Domingues e Centeno, surge a notícia de que houve vinte declarações de IRS que não foram fiscalizadas, e transferidas para "offshores", no valor de dez mil milhões de euros entre 2011 e 2015. Este: "Vinte declarações no valor de dez mil milhões de euros" faz-me largar de imediato o cadáver das SMS da CGD e começar salivar de curiosidade: vinte declarações, de quem são?! Tenho mais curiosidade em saber o que raio se passou aqui do que conhecer as SMS do Domingues e do Centeno mesmo que incluíssem "nudes" da Monica Bellucci.
O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, veio dizer que não teve conhecimento de falhas no tratamento dado pelo Fisco a transferências relativas a "offshores". Já foi assim com a lista VIP das Finanças. Núncio não fazia ideia de nada. Na altura, quem se demitiu foi o director-geral da Autoridade Tributária. A lista era VIP, mas demitiu-se o mexilhão. Tenho a teoria de que o problema do Núncio foi ter andado a sortear carros. O pessoal das finanças não lhe passa cartão porque pensam que ele tem a sagacidade de uma apresentadora do Euromilhões.
Neste momento, já surge a hipótese de ter sido "um erro informático das Finanças". Tinham demasiados zeros e a máquina das finanças só está afinada para menos. Foi feita para estar de olho, e apitar desalmadamente, em contas com dois zeros. Curioso que os alarmes soavam quando alguém espreitava as finanças dos VIP, mas adormecia com declarações de mil milhões. Provavelmente, o sistema informático adormece a contar zeros.
O CDS, partido dos contribuintes, reagiu de imediato a este escândalo, Cristas veio dizer: "O Governo plantou notícias para vir aqui fazer o número." E que número, Dona Cristas, 10 mil milhões. Na SIC Notícias, João Vieira Pereira não pôs de parte a hipótese de notícias plantadas pelo jornal Público, dizendo que esta notícia deu jeito ao Centeno e que não sabe se foi propositado e que "não sou de teorias de conspiração, mas...".
Resumindo, o jornalista do canal e jornal, que não revela quem são os jornalistas avençados do BES, porque são inocentes até prova em contrário, diz que coiso e tal, os seus colegas do Público, se calhar, plantaram notícias para ajudar o Governo. É também o mesmo canal onde Marques Mendes debita recados e notícias falsas ao domingo e onde andam a explorar as SMS do Centeno até ao tutano "porque é o que nós queremos ver".
Não sei quem é o "nós". Por mim, só queria ver tanta dedicação aos avençados dos Panama/BES como às SMS. E troco ver a declaração de rendimentos do Domingues por ver a parte da massa que fugiu voltar a casa. Eu sei, sou um anjinho, mas tenho esperanças de que o Lobo Xavier também tenha cópias de SMS com esta temática.


26 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira