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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Passos, o Coelho, prometeu ou previu a chegada do Diabo para abater o governo atual



por estatuadesal
(Dieter Dillinger, in Facebook, 25/07/2017)
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Todos pensámos que se referia a uma nova crise financeira, um resgate, um aumento do desemprego, uma queda do PIB. Mas, nada disso, o Diabo veio através de uma caixa de fósforos. Talvez, por isso, admito que o incêndio de Pedrógão Grande surgiu a pedido de um mandatário do Diabo (Passos, o Coelho) para incendiar a Pátria de todos os portugueses que ele julgava ser só dele e que lha roubaram na Assembleia da República.
Nunca o clima esteve tão bom para o diabo aparecer com as vestes do inferno dos pecadores, o fogo, e o pecador para o Coelho é, naturalmente, António Costa que se atreveu a governar e a iniciar um processo de recuperação da economia nacional e dos rendimentos dos portugueses.
A Joana Marques Vidal agarrou-se logo a esse diabo e fez aquilo que nunca tinha feito, nem com os mortos da legionela, colocou-o em segredo de justiça e alimenta assim a polémica nefasta para quem não tem culpa nenhuma.
Sim, desde que eu era criança, há muitas décadas atrás, vi pessoalmente fogos e um até junto a uma casa de campo/praia da família.
A Joana com o seu "segredo de justiça" permite que os pasquins digam que morreu muita gente mais, como se o número divulgado não fosse já se si dramático. Um só morto seria demais quanto mais os sessenta e tal.
Cristas quer mais mortos, revelando ser mulher de nenhuma cabeça. Joana Marques Vidal fecha-se em copas e não deixa divulgar os nomes dos mortos como se as vítimas que todos lamentamos tivessem alguma culpa no cartório.
Mesmo que, por acaso, um incendiário tivesse sido apanhado pelas chamas que ateou não vale a pena não divulgar o seu nome porque os procuradores da Joana e a PJ provavelmente nunca chegarão a saber quem foi.
Claro que a ministra mostra-se pouco enérgica perante a Joana Marques Vidal.
O combate aos incêndios é tarefa do Governo e o pagamento de indemnizações que passa pela identificação dos pobres falecidos, tal como o apoio psicológico aos familiares.
Nada disso é da conta da Joana, mas sim da Constança Urbano de Sousa. Não acredito que haja algo que permita à Joana Marques Vidal intrometer-se de tal maneira naquilo que é o trabalho de gestão do Governo.
Compete à Joana encontrar quem acendeu aquilo, mas é óbvio que os mortos não devem ter sido. Ela sabe que só pode ter sido gente da oposição e, por isso, mantém um segredo de justiça que não tem explicação.
De resto, Joana é a pior magistrada de sempre que a democracia teve, não só no sentido do direito como também no caráter da pessoa. Pior que ela, talvez o pai que condenava gente com as falsas provas apresentadas pela pide.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

O perdão imaginário



por estatuadesal
(João Galamba, in Expresso Diário, 24/07/2017)
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Quando não se tem argumentos, inventa-se. A mais recente invenção é a de um alegado perdão à banca, que a UTAO estimou ter causado um rombo aos contribuintes no valor de 633 milhões, resultante da reestruturação do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução (FdR).
É verdade que a UTAO calculou o valor atualizado líquido (VAL) do empréstimo do Estado ao FdR. E também é verdade que, no cenário central, a UTAO estima que o novo empréstimo tem um VAL negativo de 633 milhões. Acontece que isto não constitui nenhum perdão aos bancos, nem é um rombo no défice, por queda da receita, no valor de 633 milhões de euros.

Os necrófagos



por estatuadesal
(Por Estátua de Sal, 24/07/2017)
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A direita alimenta-se de cadáveres. É necrófaga. Alimenta-se de fogo, é pirófaga. Alimenta-se de sangue, tem laivos de vampiro. Andam ululantes à procura de mais mortos na tragédia do Pedrogão. Uivam pedindo que mais fogos e desgraças se abatam sobre o país. Esta gente é um bando de canalhas à solta. São capazes de vender a mãe em troca de mais faíscas, de mais raios e mais coriscos.
O seu bando de jornaleiros das televisões querem mais cadáveres. Se calhar para os mostrar em directo, como fez a outra, a Judite, desvendando perante os olhos do público a sua falta de humanidade e de decoro, a sua abjecção ambulante.
As Cristas, os Passos, os Montenegros, os Hugos, todos eles cavalgam a onda. O Balsemão, que já viu qual vai ser o destino do seu grupo de comunicação social depois de ver o que se está a passar com a TVI, também quer mais mortos e transformou a pouca decência que ainda restava ao Expresso no grau zero do jornalismo, na edição do último fim de semana. Todos querem mais mortos e mais sangue.
Mais que a miséria económica que os anos da troika nos trouxeram, essa nefasta gestão do país que a direita produziu, trouxe-nos a miséria moral. E se a miséria económica está a ser revertida por este governo, conduzindo o país a taxas de crescimento económico que nunca ocorreram neste século, a miséria moral dessa gentalha, essa, não há crescimento que a reverta.

É preciso queimar os jornalistas?



por estatuadesal
(António Guerreiro, in Público, 21/07/2017)
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Numa das suas edições da semana passada, o jornal francês Libération ocupou a primeira página com uma questão provocatória, colocada a propósito de um debate sobre o jornalismo que decorreu na cidade de Autun: Faut-il brûler les journalistes?, “é necessário queimar os jornalistas?”. E fazia um diagnóstico da situação, enumerando algumas razões fundamentais que levaram ao descrédito em que caiu uma profissão outrora respeitada, bem patente numa série de neologismos insultuosos que os franceses inventaram para nomear os jornalistas: merdias, journalops, presstiputes. E as figuras mediáticas que estão sempre na televisão, em debates e como comentadores, são chamados panélistes (porque integram “painéis”). Este ambiente onde se cultiva a suspeita e o desprezo pelo jornalismo e pelo sistema mediático, muito especialmente pela numerosa oligarquia que tem a seu cargo o comentário político e o editorialismo, está instalado em Portugal. A diferença em relação à França é que por cá os jornalistas não ousam colocar a questão publicamente e assimilaram com força de lei este mandamento: “Não farás auto-crítica: o jornalismo é ofício de auto-celebração”. É hoje bem visível que a insurreição contra o poder jornalístico, a que o Libération se referia, está bem activa em Portugal e não consiste apenas numa atitude arrogante das elites intelectuais. Mas a situação portuguesa tem as suas especificidade: sobre a ausência ou a rarefacção de alguns géneros jornalísticos tradicionais, ergueu-se a opinião e o comentário políticos, uma multidão de gente que transita da esfera política para o jornalismo e vice-versa, e começa o dia no jornal, passa à tarde pela rádio e está à noite na televisão. Este sistema conduz ao discurso histérico e à ausência de diversidade intelectual, muitas vezes confundido com a falta de pluralismo político, mas mais grave do que este porque está muito mais naturalizado e dissimulado. E é, além disso, responsável por uma esterilização da esfera pública mediática.

domingo, 23 de julho de 2017

Porquê? Porque ele adora



por estatuadesal
(Por Penélope, in Blog AspirinaB, 20/07/2017)
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Viva o Populismo - In Blog 77 Colinas

Passos testa em Loures as hipóteses de um Geert Wilders português.
Em 2011, Passos apresentou-se a eleições com um discurso por muitos considerado novo e fresco: ia acabar com a preguiça, com a dependência do Estado, com a intromissão do Estado na Economia, com as gorduras do Estado, com a ditadura do ensino público e da saúde pública e demais “frescuras” que, a par com mentiras descaradas como a não necessidade de cortar salários nem pensões face a um pedido de resgate por ele desejado, apesar da situação financeira nacional bem conhecida, convenceu demasiados incautos a votarem nele. Acresceu a esta estratégia o desgaste do adversário através da campanha ad hominem mais agressiva de que há memória, aqui com a ajuda dos amigos do CDS e da Justiça. Pois bem, ganhou. Manteve depois, no governo, a linguagem acusatória da preguiça (esquecendo e fazendo demasiada gente esquecer que ele próprio é um exemplo de chupismo que o deveria manter tímido, no mínimo, no desafio aos portugueses para que se desenvencilhassem, trabalhando mais, de preferência indo embora). Enfim. Quanto ao Estado na economia, viram-se e veem-se cada vez mais os extraordinários benefícios para os clientes das vendas que fez das maiores empresas e o parco contributo dessas vendas para a resolução dos problemas financeiros do país. As gorduras foram afinal um colossal aumento de impostos. Além disso, por alegadamente não querer saber dos bancos (sendo ele o Estado), nem dos privados nem do público, passou várias pesadas facturas aos portugueses cujo interesse dizia defender.

Semanada



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 23/07/2017)
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A semana termina da melhor forma para Passos Coelho, depois de não se terem concretizado os aparentemente desejados suicídios em massa de Pedrógão Grande, eis que é encontrada mais uma vítima, ainda que apenas estatística. Pela forma como o PSD reagiu até se fica com a impressão de que se procuram o maior número possível de vítimas, como se a vida dos portugueses que faleceram fosse convertível em votos em Passos Coelho. O líder do PSD chegou a anunciar a vinda do diabo, afinal foram os cavaleiros do apocalipse que apareceram sob a forma de dirigentes do PSD. Como é costume a Catarina Martins também não resistiu a servir-nos com as suas postinhas de pescada.
Compreende-se o desespero da direita, há que aderir ao luto das vítimas dos incêndios para que os portugueses não discutam temas que a incomodam, como os bons resultados económicos ou as várias investigações por suspeitas de corrupção que envolvem figuras autárquicas do PSD.
Os portugueses podem ir mais uma vez para suas férias descansados, não voltarão a ter de ouvir as comunicações dramáticas de Cavaco, nem correm o risco de se cruzar com o seu jipe a abarrotar de processos, não serão surpreendidos com a resolução de mais um banco enquanto o primeiro-ministro anda com os burrinhos na areia, os funcionários públicos e os pensionistas voltam a ter o subsídio de férias.
A normalidade tem o seu preço e se não fosse o oportunismo dos andam em busca de vítimas esta semana quase não teria nada para encher jornais e televisões, a única notícia foi a escassez de sardinha na nossa costa, com os cientistas a alertar para a necessidade de suspender a sua captura. Mas o país pode estar descansado porque só comerá sardinha fresca, Ana Paula Vitorino, ministra do Mar, assegurou que há sardinha quanto baste, nem que seja a comprada em Vigo ou em Isla Cristina e depois é vendida como sendo de Matosinhos ou de Olhão.

sábado, 22 de julho de 2017

Um virtuoso do racismo



por estatuadesal
(Francisco Louçã, in Público, 22/07/2017)
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A propósito das declarações homofóbicas de Gentil Martins, médico, ou das declarações xenófobas de André Ventura, dirigente e candidato do PSD em Loures, houve quem ensaiasse uma fuga indiscreta com um protesto contra o “politicamente correcto”, uma espécie de censura que intimidaria a liberdade de expressão dos coitadinhos. Aceitar essa discussão admitiria que se trate de um simples problema de linguagem, quando é uma questão de atitude social e de discriminação que fere porque pretende ferir. Lastimo esse nevoeiro, tanto mais que se conhece bem como os termos mobilizam os significados: se hoje ninguém usa a sério uma expressão do tipo “fazer judiarias”, é simplesmente porque sabemos o que foi a perseguição a judeus ao longo de séculos e que culminou nos tempos da nossa perigosa civilização.
A linguagem deste caso só é interessante porque o dirigente do PSD, tendo provocado uma tempestade política, veio reafirmar a sua posição, amparado pelo apoio de Passos Coelho e da chefatura laranja. Ou seja, fez questão de manter as suas palavras e de as realçar com mais boçalidades (desejar que o primeiro-ministro vá de férias para sempre, o que é que isso quer dizer?). Ele, doutorado em Direito e professor universitário, quer fazer-se notar por ser boçal. É o estilo que faz a sua candidatura, é aí que joga o seu destino. Ele quer ser conhecido no país pelo modo Trump.
A sua defesa pelo PSD é um risco político. O CDS, que agradece esta possibilidade de se apresentar mais o centro, foge da aliança. Mas até se poderia explicar que, na dúvida, os partidos tendem a defender-se: o autarca socialista de Loures, antes da eleição de Bernardino Soares do PCP, já tinha dado alguns passos no mesmo caminho, e o presidente de junta de Cabeço Gordo, do PCP, impediu o funeral de um cigano na sua terra usando qualquer pretexto (e foi defendido pelo partido).
No entanto, o caso de Ventura é de outra dimensão. Fazer-se amado pela extrema-direita (“é um dos nossos”, diz com orgulho o PNR) é um sinal político, aliás prejudicial do ponto de vista eleitoral, mas acho que há muito mais nesta história.
Ventura é um produto de outra escola: do partido, certamente, admito que até dessas juventudes onde se aprende a matreirice e o carreirismo, mas o que determina a sua pose é a televisão e o comentário desportivo onde iniciou a sua carreira pública. É na pesporrência, na ligeireza, no fanatismo que determina os lugares da normalidade no comentário desportivo (há excepções), que Ventura aprendeu a lançar achas para a fogueira.
Como os dirigentes dos clubes, Ventura percebeu que, para ser notícia, é preciso saber ser detestável. O facínora é quem vence na comunicação clubística. E o futebol é um bom caminho para a política (esta semana abri a televisão e vi um debate entre apoiantes dos três maiores clubes, dois deles eram dirigentes do CDS, que sabem por onde vai a sua carreira).
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Que a grande maioria dos ciganos trabalhe e não depende de prestações sociais (vd. o gráfico), que importa isso para Ventura? Ele já se colocou no mapa nacional, graças à sua exibição xenófoba. Sairá depressa, é certo, a sua derrota nas eleições em Loures é inexorável, mas ele pensa em outros voos. Para isso, só precisa de ficar agarrado a um clube de futebol numa televisão perto de si e ir proferindo uns dislates ofensivos, para que alguém vá reagindo e se fale dele.

A Altice não é flor que se cheire



por estatuadesal
(Nicolau Santos, in Expresso, 22/07/2017)
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A preocupação do primeiro-ministro e dos partidos de esquerda com o destino da PT vem tarde. Com efeito, a Altice comprou a PT Portugal por €5,7 mil milhões aos brasileiros da Oi em 2015. Foi um negócio entre empresas estrangeiras. Sim, a operação teve a bênção do Governo de então, mas o Estado português não pode vir agora colocá-la em causa. E quando a Altice avança para a compra da TVI, detida pela Prisa, é de um negócio entre duas empresas europeias que se trata.
A preocupação com a PT vem tarde. A compra foi em 2015. E o nome vai mudar para Altice. A PT, como a conhecemos, já não existe
Dito isto, há ou não razões de preocupação? Há e são muitas. Desde logo pelo perfil do fundador e presidente da Altice, Patrick Drahi, que tem nacionalidade israelita, francesa e portuguesa. Quando comprou a Cabovisão em 2015, a sua primeira aquisição em Portugal, disse: “Não gosto de pagar salários. Pago o menos possível.”
E um excelente trabalho publicado esta semana na revista “Visão” diz que ele “trata as pessoas com desprezo desde o primeiro dia”. Poderiam ser só palavras do próprio ou de quem não gosta dele. Mas não são. Na Cabovisão, na ONI e depois na PT, as empresas que já comprou em Portugal, a Altice tem-se comportado como um típico raider financeiro: lança de imediato um ultimato aos fornecedores, impondo-lhes uma descida drástica no preço dos serviços que fornecem (no caso da PT, o corte foi de 30%); e faz despedimentos coletivos ou cria situações de enorme desconforto aos trabalhadores (retirada de benefícios sociais e de fringe benefits, cortes de parte dos salários, eliminação de postos de chefia, colocação noutras empresas do grupo ou associadas) que levam muitos deles a demitir-se. A estratégia tem um único objetivo: obter rapidamente cash pelo corte dos custos para fazer face à montanha de endividamento do grupo, que ascende a €82,1 mil milhões (!). É que Drahi faz aquisições atrás de aquisições, mas com base no dinheiro dos bancos (a quem deve perto de €50 mil milhões), uma corrida que tem tanto de embriagadora como de perigosa. Drahi discorda, claro: “Se parar com o meu desenvolvimento ‘bulímico’, por assim dizer, dentro de cinco anos não terei dívidas. E depois? Isso seria idiota porque durante cinco anos não teria registado crescimento”, disse na Assembleia Nacional francesa.
O que Drahi pretende é desenvolver um grupo multinacional de telecomunicações e media, para combater gigantes como a Google, Facebook, Amazon, WhatsApp e Yahoo, que utilizam sem pagar os suportes digitais construídos e pagos pelas telecoms e os conteúdos produzidos pelos media. Só que esta estratégia de integração já foi tentada e correu mal em todo o mundo. Com Drahi vai correr bem? Logo veremos. Mas quando se começa a pagar mais pelo que se compra do que aquilo que vale (caso da TVI), isso é sinal senão de desespero, pelo menos de fuga para a frente, que costuma acabar sempre mal.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

O PSD e a questão cigana



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 21/07/2017)
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Em Portugal não há extrema-direita, as dezenas de milhares de pessoas que sustentavam o antigo regime converteram-se num ápice em social-democratas  liderados por aqueles que eram a ala liberal de um partido fascista e chegaram ao desplante de pedir a adesão à Internacional socialista. Em Portugal todos adoramos os ciganos, os indianos, os chineses e os africanos, pensamos maravilhas de todos eles. Já nem vale a pena entrar noutros domínios das desigualdades.
No caso da Le Pen de Loures o problema poderia ter sido sanado rapidamente, o candidato pedia desculpa e o presidente do partido demarcava-se claramente do candidato. O Ventura ainda ensaiou um esclarecimento, mas quando percebeu que Passos o apoiava e que o seu populismo criava um ambiente aparentemente favorável à sua candidatura, rapidamente retrocedeu e insistiu no seu discurso como se em Portugal existisse uma questão judaica. Toda uma etnia que vivia de forma parasitária e que se comportava à margem da lei.
Ventura tem um mérito, pela primeira vez um político da extrema-direita assume claramente ao que vem e quais são as suas ideias, desencadeando, como disse o próprio, um movimento de apoio local e nacional em torno da sua candidatura. Não tenho dúvidas de que Ventura fala verdade quando diz que sente um grande apoio. Se defendesse que os gays deviam ser capados ou que Portugal devia exigir às ex-colónias que indemnizassem todos os que perderam as suas propriedades coloniais teria ainda mais apoio; afinal num programa de televisão que escolhia o maior português de sempre o eleito foi Salazar.
Dantes os ciganos eram proibidos de pernoitar em muitos concelhos do país, agora são detestados por receberem os apoios sociais que mais de um milhão de portugueses recebem, dantes eram ladrões, agora são gatunos malcheiroso. O mesmo partido que na minha junta de freguesia dá apoios financeiros extras para ganhar os votos de uma importante comunidade cigana com peso para inclinar a balança eleitoral, assume onde lhe convém um discurso que pressupõe que tem uma agenda condicionada por aquilo que parece ser uma questão cigana.
Passos protegeu o seu candidato de Loures; se as sondagens naquele concelho favorecerem esta opção, não me admiraria que escolhesse Loures para encerrar a campanha eleitoral e elegesse a questão cigana como a bandeira autárquica de um partido que entrou em decadência moral. Depois de se ter aproveitado dos que morreram em Pedrógão Grande e da forma oportunista como abordou o assalto a Tancos é de esperar tudo de um politico desesperado e sem escrúpulos na hora de conseguir votos.

Imprensa e os “Truques”: um poder de pés de barro, em crise e acossado


(Daniel Oliveira in Expresso Diário, 21/07/2017)
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Caro Daniel Oliveira
O teu texto aponta sintomas mas não vai ás causas do mal. Quanto maior for a concentração da riqueza nas mãos de uma minoria a nível global, fenómeno que é cada mais intenso, menos lugar haverá para a existência de instâncias independentes, sejam partidos ou outras formas de representação política, sejam meios de comunicação social. A razão é simples: numa economia de mercado só há concorrência quando o número de compradores e de vendedores for suficientemente grande (atomicidade) para que nenhum deles possa determinar o funcionamento do mercado, nomeadamente dos preços. Se concentramos o poder de compra, logo de financiamento, nas mãos de uma minoria, qualquer instância de mediação fica subordinada a essa minoria. Só há orgãos de comunicação social com alguma independência quando a sua sustentação depende de um conjunto de leitores tão diverso e alargado que nenhum grupo lhes poderá determinar a orientação, já que têm que atender a um conjunto amplo e multifacetado de destinatários. Com o incremento da desigualdade na repartição do rendimento, o público leitor capaz de ser o sustentáculo dos meios de comunicação social é cada vez menor, para já não falar das mutações tecnológicas.
Mas há uma questão que ignoras e que também justifica a reacção exarcebada da comunicação social contra as redes sociais e contra a internet. Durante décadas a comunicação social foi usada de forma oculta para manipular a opinião pública, e nem sempre de forma ingénua (vide a grande mentira sobre a guerra do Iraque e as armas químicas do Sadam).
Ou seja, a comunicação social "respeitável", tinha o monopólio das "fake news", e também elas faziam parte do seu "core business". Neste momento perdeu esse monopólio. E quando se passa de monopólio para um mercado de concorrência, o trauma é sempre enorme.
Estátua de Sal, 21/07/2017

O humor de Marcelo e a saudação a Cavaco Silva



por estatuadesal
(Por Carlos Esperança, in Facebook, 20/07/2017)
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Marcelo tem um humor refinado e desconcertante. Nem sempre a sua pontaria é tão certeira como a que dispara ósculos para anelões episcopais, com particular acuidade para o do papa, onde, à precisão, acrescenta abundante secreção de saliva pia, em pleno alvo.
A atribuição do mais alto grau da Ordem da Liberdade a Cavaco Silva foi o mais alto e refinado momento de humor. Parecia o Pedro dos Leitões a condecorar um vegetariano, e houve quem não lhe apreciasse o humor… negro!
Não se pode negar a quem tem manifestado notável sentido de Estado, e a quem o País deve parte do ambiente descontraído que o ressentido antecessor perturbou até ao último dia, que continue a brindar-nos com inofensivos rasgos de sofisticado humor.
Ao saudar Cavaco Silva "de forma muito especial e calorosa", pelo 30.º aniversário da primeira maioria absoluta monopartidária da democracia portuguesa, conquistada pelo PSD a 19 e julho de 1987, humilha Passos Coelho e sabe que o País não corre o risco de voltar a ver Cavaco nem como vogal de uma Junta de Freguesia.
Com este ato de humor, Marcelo há de ter-se divertido, por ter sido ele próprio o criador de Cavaco, na Figueira da Foz, e sabe que a sua popularidade se deve também à comparação com o inculto e rancoroso antecessor.
E foi o único a lembrar-se do defunto político!

A comparação desleal entre Marcelo e governo


por estatuadesal
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 20/07/2017)
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Como diria Herman José, as dinâmicas mediáticas são como os interruptores: umas vezes para cima outras vezes para baixo. E se há um mês e meio o Super Mário fazia as maravilhas dos jornalistas, que se ririam de quem não vaticinasse todos os sucessos para este governo, agora não há nada que não confirme a dinâmica do desastre. Até outra coisa voltar fazer mudar o tom. Sendo certo, isso nem António Costa ignora, que Pedrógão deixará marca permanente, mesmo que ela não seja eleitoral, é sempre bom relativizar este mundo muito próprio em que vivem jornalistas, comentadores e políticos. As sondagens conhecidas recordam isso mesmo.
A última novidade é o facto do Presidente da República ter respondido a uma carta de uma sobrevivente de Pedrógão, que justamente se queixava de várias falhas do Estado, e o governo não o ter feito. Na SIC, Clara de Sousa até perguntou a Pedro Marques se o executivo não se sentia “humilhado”. A partir disto construiu-se uma nova narrativa, diferente daquela que punha o Presidente a reboque do governo, sempre pronto para aparar os seus golpes: num mar de incompetência que assola, como nunca antes aconteceu, o Estado, há um Presidente absolutamente excecional. Uma ilha de competência e sensibilidade.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Seguranças privados a defender quartéis: a “contenção” que privatiza o Estado



por estatuadesal
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 19/07/2017)
Autor
  Daniel Oliveira

A polémica em torno de Tancos trouxe para a imprensa uma informação que, apesar de ser pública há bastantes anos, nunca mereceu qualquer debate político: as Forças Armadas contratam empresas privadas para garantir a segurança de instalações militares tão sensíveis como o quartel-general da força naval da NATO. Para além do absurdo de termos as Forças Armadas a contratar empresas para fazer aquilo que é supostamente a sua especialidade, este facto levanta evidentes problemas à segurança nacional e até à soberania do Estado. Se andarmos por muitos serviços públicos reparamos, aliás, que temos estas empresas de segurança a cumprirem cada vez mais funções, incluindo atendimento ao público. Mas saber que também cumprem funções militares deveria ser um sinal de alerta para começar um verdadeiro debate nacional.
Segundo a Associação Nacional de Sargentos, há uma relação direta e temporal entre a contratação de empresas de segurança privada e as políticas de “contenção de despesa” que têm sido aplicadas no Estado. Trata-se de uma privatização encapotada de funções de soberania. Sempre que falamos de privatizações dos serviços públicos imaginamos um processo formal, como foi a privatização dos aeroportos, do monopólio da distribuição de eletricidade (REN) ou dos Correios. Mas há uma privatização lenta e invisível conseguida por via das regras orçamentais que levam a formas menos pesadas (e com menos garantias) de contratação de serviços ou a Parcerias Público-Privado que entregam a privados o esforço do investimento.
Como se vê pela contratação de empresas para garantir a segurança de instalações militares por falta de recursos próprios das Forças Armadas, a privatização de todas as funções do Estado está inscrita no DNA das chamadas "reformas estruturais" e da "contenção orçamental"
Esta privatização invisível das funções do Estado não tem nem terá limites e levará, na prática, ao fim de um Estado autónomo dos negócios privados. Da Segurança Social (vejam "I, Daniel Blake") à educação (foi esse o debate em torno dos colégios com contratos de associação), da saúde às prisões (existem nos EUA). Até acabarmos por, de uma vez por todas, privatizar a democracia.
Muitos preferem discutir este caminho concentrando o debate na corrupção. É o mais fácil. Sendo um assunto relevante, a corrupção é uma consequência: a tomada do Estado pelo poder económico não podia, pela sua natureza, deixar de promover a compra dos decisores políticos. Mas, como se vê pela contratação de empresas privadas para garantir a segurança de instalações militares por falta de recursos próprios das Forças Armadas, esta privatização não resulta apenas de decisões circunstanciais erradas. Ela está inscrita no DNA das chamadas "reformas estruturais" e da "contenção orçamental".
Seguranças privados a guardar quartéis é apenas o inicio deste novo mundo em que todas as funções do Estado serão entregues a empresas. Não é preciso que ninguém o decida. Basta tirar ao Estado todos os instrumentos para garantir o seu funcionamento. O saque vem depois.

terça-feira, 18 de julho de 2017

As desventuras do Ventura


por estatuadesal
(Por Estátua de Sal, 18/07/2017)
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Passos Coelho não acerta uma. Com alguma pompa e circunstância escolheu como cabeça da lista de candidatos à câmara de Loures para as próximas eleições autárquicas, um tal Ventura, de seu nome André, acreditando que o ungido seria uma mais-valia eleitoral de peso.
Sendo o Ventura comentador residente da CMTV, onde discorre lesto sobre bola, política e justiça, e fazendo parte da seita dos especialistas em Sócrates no caso Marquês; sendo o Ventura um jurista poliglota, de pena fácil, tão fácil que até consegue escrever livros em parceria com essa sumidade da CMTV que é a taróloga Maya (Ver aqui), Passos deve ter achado que o reinado do camarada Bernardino em Loures estaria próximo do fim.
Ora, o Ventura, não desiludiu e começou a campanha em grande força e estilo. Veio dizer, alto e bom som, que não gosta de ciganos. Que as comunidades ciganas são um problema para os municípios, mormente para Loures, e que os ciganos vivem essencialmente à custa do Estado. Foi sucesso imediato. O Ventura, que só era conhecido no grupo dos fiéis da CMTV passou a ser conhecido do país, ainda que o seja pelos piores motivos. É a escola do Correio da Manhã a funcionar: todos os motivos são bons, mesmo os mais torpes, desde que vendam ou façam vender.
Ficámos a saber que, o PSD de Passos Coelho, agora também patrocina candidatos racistas e xenófobos. A sociedade portuguesa, onde o único partido de extrema-direita, o PNR, não tem qualquer expressão, ficou agora a saber que o principal partido da oposição também perfilha os valores da extrema-direita.
Passos Coelho conseguiu ultrapassar Assunção Cristas pela direita, pois o CDS já retirou o seu apoio ao personagem (Ver aqui).
É esta a gente de Passos e na qual ele vê mais-valias. Diz então o Ventura que os ciganos vivem essencialmente à custa do Estado, e apresenta isso como algo censurável e que convém discutir.
Pois é, ó Ventura, se forem os ciganos a viver à custa do Estado é mau. Mas se forem os bancos e os banqueiros a viver à custa do Estado e dos contribuintes já é bom, não é? E se forem as sociedades de advogados que vivem à custa da consultoria e pareceres que dão ao Estado também já é bom, não é? E se for a EDP a viver das rendas excessivas à custa do Estado, também já é bom, não é? E se forem as empresas que têm PPP's com o Estado e que vivem à custa dele também já é bom, não é?
Para o Ventura, para Passos Coelho e para outra canalha do mesma estirpe, o Estado deve deixar de apoiar os ciganos e todos os que vivem à custa do Estado, como os velhos, os pensionistas, os desempregados, os deficientes, as crianças e os doentes.
Mas vê lá se és coerente, ó Ventura, também vives à custa do Estado. Se o dono do Correio da Manhã pagasse o que deve ao Estado (Ver aqui) se calhar não teria dinheiro para te pagar a ti pela verborreia que debitas na CMTV.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

A estratégia de jogador compulsivo da Altice



por estatuadesal
(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 17/07/2017)
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Caro Nicolau
Dois reparos: 1) Essa de que António Costa não devia ter criticado a Altice, é um tiro no teu próprio texto e nos argumentos que avanças. Perante um desenlace que será - segundo tudo indica, e até pelos dados que apresentas - contrário ao interesse nacional, deve um primeiro ministro calar-se e agir de acordo com o "politicamente correcto"? Penso que não. Para primeiro ministro castrador do interesse nacional já nos bastou Passos Coelho, de triste memória. 2) E se, de facto, tudo isto começou "várias jogadas atrás", a última jogada, aquela que faz transbordar o copo, é sempre a mais decisiva. E essa foi da autoria de Passos quando entregou, a troco de nada, a golden share que o Estado detinha na PT. Se a golden share hoje existisse, o Estado tinha um mecanismo directo de intervenção na empresa, em termos de decisões estratégicas, e nada disto estaria a acontecer.
Estátua de Sal, 17/07/2017

A compra da TVI pela Altice era um negócio há muito anunciado. A espanhola Prisa, dona da TVI, estava há muito pressionadrása para vender um dos seus melhores activos, sobretudo após ter falhado a alienação da editora Santillana; e a Altice, com uma dívida brutal às costas, estava desejosa de comprar a televisão líder de audiências no mercado português. Para fazer o quê, eis a questão.
A estratégia da Altice é uma fuga em frente, típica dos jogadores compulsivos e esperando que a estratégia resulte: compra, compra, compra com base numa montanha de dívida que se vai acumulando de ano para ano, ultrapassando já os €50 mil milhões. E depois, como está fortemente pressionada pelos credores e pelos accionistas para apresentar resultados, entra a matar em tudo o que compra, intimidando fornecedores, clientes e trabalhadores.
Em Portugal, foi exatamente isso que a Altice fez na Cabovisão e na PT, em que impôs de imediato uma redução de 30% nos preços dos fornecedores – e quem não quis ficou sem o cliente; e criou de imediato o desconforto no limite da legalidade para obrigar os trabalhadores a aceitarem a rescisão dos contratos de trabalho, a diminuição dos “fringe benefict” e a passagem para outras empresas da Altice ou de accionistas da PT, sob o argumento da “agilização” das relações laborais.
A Altice, como todos os operadores nas áreas das telecomunicações, está a ter rendimentos decrescentes no seu negócio central – e definiu a integração vertical no setor dos media como a forma de compensar essa quebra. Acontece que já houve várias tentativas de integração das telcos com os media em anos não muito distantes e as coisas não correram bem, tendo regredido a esmagadora maioria das experiências. Aconteceu nos Estados Unidos, mas também na Europa. Em Espanha, a Telefonica avançou para a Endemol e não correu bem. A própria PT lançou um canal de televisão, o Canal Lisboa, e acabou por vendê-lo ao Grupo Impresa, tornando-se o embrião da SIC Notícias; e também comprou o Grupo Lusomundo e igualmente não correu bem.
Assim como a Cimpor foi destruída, a PT está na mesma senda, a começar pela mudança de nome. E ninguém vai travar esse caminho, que foi traçado várias jogadas atrás.
É claro que pode sempre acontecer que resulte. E é verdade que tanto as telcos como os media estão a perder dinheiro para os grandes agregadores de conteúdos, como o Google, Facebook, Whatsapp, Instagram ou Apple, que andam em cima das redes que outros construíram e pagaram sem ter de despender nada por isso ou que utilizam conteúdos que outros produzem sem também nada pagar.
Logo, alguma coisa tem de ser feita. Mas a estratégia da Altice é não só muito arriscada (a integração vertical de telcos e conteúdos não deu bons resultados anteriormente) como híper-agressiva, porque precisa de fazer muito dinheiro rapidamente. Daí a forma abrasiva como trata fornecedores, clientes e trabalhadores.
Na compra da TVI, as coisas não começam bem. O preço anunciado (€440 milhões) é claramente acima do que os analistas consideram que o canal de televisão vale. Há uns anos, a Ongoing pagou 27 milhões pelo Semanário e Diário Económico. Queria fazer jornalismo? Não, queria utilizá-los para ter influência e alavancar outros negócios. Acabou como se sabe: num valente estoiro. A Altice não é a Ongoing mas a compra da TVI não é porque Patrick Drahi, o multimilionário francês que fundou o grupo, queira desenvolver o jornalismo independente. Mas a estratégia de integração vertical do grupo de comunicações e de empresas de conteúdos, assente numa enorme alavancagem, é tão arriscada que um pequeno solavanco pode deitá-la por terra.
É neste quadro que se pode entender as críticas de António Costa à Altice, embora seja completamente despropositado fazê-las em público e ainda por cima na Assembleia da República. Além do mais, as preocupações do primeiro-ministro não chegarão para travar o negócio. Se alguém o pode fazer é a ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), a Autoridade da Concorrência ou a Comissão Europeia. Uma coisa é certa: a PT, tal como era, já não existe, depois de ter saído do mercado brasileiro na sequência da compra da Vivo pela Telefonica e do colapso do investimento que fez na Oi. Mas mesmo a PT que ainda existe vai desaparecer, sendo substituída pelo nome Altice (o que também vai acontecer a outra marca que os portugueses bem conhecem, a Meo). Ah, e porque a PT e a Meo vão ser obrigadas a mudar de nome para Altice, vão ter de pagar a essa mesmíssima Altice entre 50 a 70 milhões de euros anuais para usarem o novo nome (que o acionista as obriga a usar). Ou seja, mais uma maneira de desnatar e tirar rapidamente todo o dinheiro que for possível da PT.
Sim, assim como a Cimpor foi destruída, a PT está na mesma senda, a começar pela mudança de nome. E ninguém vai travar esse caminho, que foi traçado várias jogadas atrás.

domingo, 16 de julho de 2017

Semanada



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 16/07/2017)
PRIVATIZAÇÕES

(Depois de vender a PT, de ter dado a Golden share de borla, agora vem defender os seus amigos da Altice, contra os trabalhadores e a favor dos despedimentos. Como é que esta alimária ainda consegue ter audiência no país?
Estátua de Sal, 16/07/2017)

A direita usou a alcunha dada à maioria parlamentar por Vasco Pulido Valente, um comentador da direita conservadora que detesta governos que não sejam de direita. Paulo Portas aproveitou-se e apelidou o governo. A esquerda gostou da alcunha e fez à provocação de Paulo Portas o que os ratos fazem ao veneno, aproveitou-se da ideia e tirou partido dela. Passos Coelho ainda se referiu à gerigonça no seu discurso policopiado no debate do estado da nação, mas Montenegro parece que quer tirar esta alcunha, agora o governo passou a ser um tuc tuc.
Passos Coelho e Assunção Cristas sentiram-se muito incomodados porque António Costa decidiu criticar o desempenho das infraestruturas da Altice que suportam o SIRESP, parece que um governante não pode criticar uma empresa, é um pecado mortal. Mas chamar clientelas a funcionários públicos e pensionistas, alcunhar os portugueses de piegas, falar mal do Estado e das suas instituição quase todos os dias ou difamar a CGD não faz mal.
A preocupação com Tancos e com Pedrógrão está a esmorecer na direita, até porque para além dos que se "suicidaram" por causa do governo, não estamos perante vítimas do governo.
A nova grande batalha de Passos é a Altice, só porque o primeiro-ministro se queixou da qualidade dos seus serviços. Compreende-se o empenho de Passos em defender a Altice, foi o seu governo que apadrinhou o negócio com a PT e a possibilidade de controlar uma boa parte da comunicação social dá alento a Passos. Passos está preocupado com o que Costa disse ou está "feito" com a Altice?
A direita tem novo candidato à sua liderança, para além da Assunção Cristas. Montenegro declarou o seu empenho na candidatura de Passos Coelho a primeiro-ministro nas próximas legislativas. Isso significa que o apoia até àquelas legislações, depois vai aparecer como alguém que nunca combateu o PSD e candidatar-se-á à liderança do PSD no dia seguinte às legislativas.

PASSOS, O MAGNÂNIMO EXPEDITO



por estatuadesal
(Por José Gabriel, in Facebook, 15/07/2017)
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O tempo de antena do PSD na RTP 3 - também designado, eufemisticamente, por Jornal das 12 - teve o privilégio de um triplo aparecimento do pin-dérico ex-primeiro ministro. Um dos quais surpreendendo (?) uma conversa privada passada tida , a dado passo, à mesa do Passos. Os outros dois, tiveram a forma de homilias. Para pessoas com dificuldade de compreensão das palavras do oficiante, comentadores sortidos zurziram, em sortidos estilos, o governo e os seus apoiantes. Não houve especial atenção à verdade ou à simples decência, mas a isso estamos habituados.
Das excitadas jaculatórias que enfeitaram os pouco imaginativos discursos do Passos, relevam as censuras à demora do governo na entrega dos milhões de euros - 13, segundo ele - às vítimas dos recentes incêndios. Passos não explica como faria as coisas mais lestamente, mas podemos imaginar. Posta de parte a hipótese de lançar as notas de avião, seria encontrada solução mais séria - estrutural, diria ele - caso, ó inclemência, fosse primeiro ministro. Era assim, acho eu:
- Nomeava-se uma comissão que, de pronto, escolheria as devidas sub-comissões.
- Logo de seguida, seriam decididas as pingues remunerações dos comissários, distribuídos os cartões de crédito de fundos ilimitados e deliberada a marca dos carros - já que submarinos não teriam, aqui, serventia - a comprar para todos estes elementos - com a austera limitação a duas marcas, BMW e Mercedes.
- Como as comissões não poderiam trabalhar no café e deveriam manter a independência, breve seriam inauguradas as instalações onde as actividades decorreriam, de uma qualidade consentânea com as altas funções humanitárias em causa.
- Uma vez que ambos os partidos da defunta PAF teriam membros nestas comissões, forçoso seria distribuir aos respectivos partidos a justa retribuição financeira pela cedência dos seus qualificados quadros.
- Logo depois - tudo isto se processaria num breve lapso de tempo - seria estabelecido com uma empresa privada acima de qualquer suspeita o protocolo de sub-concessão das funções distributivas no terreno, contrato esse previamente preparado por um estudo levado a cabo por uma outra empresa não menos privada.
Todo este processo seria supervisionado por uma competente e honestíssima sociedade de advogados a qual, para que se mantivesse o indispensável enlace institucional, não deixaria de incluir alguns deputados próximos do suposto primeiro ministro Passos Coelho.
- Todos estes e os mais actos cumpridos, não deixariam de, rapidamente, ser distribuídos os 13 milhões de euros. Não chegariam às vítimas, claro, mas o trabalho seria ágil, competente e proveitoso. Não se pode ter tudo...

sábado, 15 de julho de 2017

Tremam de aborrecimento: vamos para a silly season em plena estagnação política



por estatuadesal
(José Pacheco Pereira, in Público, 15/07/2017)
Autor
                 Pacheco Pereira
Caro Pacheco Pereira,
Essa de dizeres que o "país está estagnado" é uma forma sibilina de dizer que só uma solução, "bloco central" pode ser fautora de mudanças de fundo. Na verdade, devias dizer que, no actual quadro económico-financeiro e tendo em conta a arquitectura jurídico-institucional do Euro e do quadro europeu, quaisquer mudanças de fundo tem que passar pela benção de Bruxelas e de Frankfurt. E por isso, qualquer governo, seja ele qual for, desde que não ponha em causa esse quadro, só pode "navegar à vista". Os portugueses já perceberam isso e preferem um governo que lute no quadro da nossa soberania limitada, do que um governo que se renda e seja conivente com os ocupantes. É por isso, sobretudo, que a Geringonça está e estará de pedra e cal, mais por isso do que pelo facto de os seus actores e encontrarem numa espécie de equilíbrio de Nash, que tu descreves, apesar de não nomeares o conceito.
Estátua de Sal, 15/07/2017)

Às vezes acontece que as coisas param, o que não é muito normal. Mas a verdade é que, no plano estritamente político, o país está parado, para não dizer estagnado. Esta linha flat não se estende para tudo, bem pelo contrário. No plano económico, social, cultural, e outros mesmos de intersecção entre a política e a sociedade, algumas coisas estão a mudar, mas a estagnação política reduz o ritmo de tudo. O que é que eu quero dizer quando afirmo que em matéria política tudo está parado? Que não estão em curso factores de mudança no plano político, nem no lado do Governo, nem da oposição, que permitam sair da estagnação. Podem acontecer amanhã — sei bem que a história faz-se por surpresas imprevisíveis —, mas não existem hoje.
Explico-me. Do lado do Governo, três partidos convergem numa solução política sui generis, mas muito estável. Há uma razão para essa estabilidade: o facto de esta aliança político-parlamentar-governativa ser vantajosa para todos os seus parceiros e nenhum achar que fora dela teria mais vantagens. Não há no PS, nem no BE, nem no PCP nenhum movimento interior que conteste a aliança actual. No PS, a oposição que veio do sector de António José Seguro está limitada a meia dúzia de vozes que se manifestam sempre que alguma coisa corre mal ao Governo e a António Costa, mas fala muito sozinha. Do lado do interior do PS está tudo morto, como, aliás, é normal que aconteça em partidos deste tipo quando estão no poder.

Outros tempos



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 15/07/2017)
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Quando a PT era PT e tentou comprar a TVI caiu o Carmo e a Trindade, até deu direito aos zelosos inquéritos policiais com grande destaque nos órgão oficiosos do MP. Agora que a TVI24 vai ser comprada pelos saloios franceses e afrancesados endinheirados não há comentários, dizem que é o mercado. Desta vez não há perseguições nem inquéritos judiciais, estão todos felizes porque os montanheiros da Altice vão fazer na Media Capital o que estão a fazer na PT.
Mas neste país com elevada densidade de idiotas há quem dê crédito à declaração dos montanheiros que dizem que a Media Capital vai concorrer com o Facebook e com a Google. Até fazem lembrar o Passos Coelho quando foi ao Japão declarar que em breve Portugal iria ser um dos países mais competitivos do mundo.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Sondagem – Portugueses não querem demissões de Constança Urbano de Sousa e Azeredo Lopes



por estatuadesal
(Mariana Lima Cunha, In Expresso Diário, 14/07/2017)
ministros

A direita não consegue estar de acordo com o país. Quer demissões e os portugueses não querem. Quer novos ministros e os portugueses não querem. Diz mal do governo e a maioria do país não diz. Ataca a Geringonça e a maioria do país bate palmas a Costa. Em suma, com esta oposição António Costa pode dormir descansado por muitos berros que a direita dê em toda a comunicação social que domina e controla, mesmo a pública como a RTP, e a qual usa e da qual abusa de forma cada vez mais descarada.
Estátua de Sal, 14/07/2017

Apesar de acreditarem que o Governo sai fragilizado dos casos de Pedrógão Grande e Tancos, os portugueses não acham que os ministros da Administração Interna e da Defesa devessem ter saído na sequência das duas crises, mostra o barómetro da Eurosondagem para o Expresso e a SIC.
Os portugueses não queriam que a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e o ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, se demitissem na sequência dos incêndios de Pedrógão Grande e do furto de material militar em Tancos, mostram os resultados de um estudo de opinião conduzido pela Eurosondagem para o Expresso e a SIC nos dias 10, 11 e 12 de julho.
Apesar de os dois casos terem valido duras críticas ao Governo e marcado o tom do debate do Estado da Nação nesta quarta-feira, para os inquiridos as demissões não se justificavam: 47% acham que Constança Urbano de Sousa não deveria ter-se demitido após os incêndios, e só 33,7% preferiam que o tivesse feito. No caso de Azeredo Lopes, 43% acham que o ministro não deveria ter pedido a demissão, e 36,9% discordam.
Mas a opinião dos portugueses sobre a forma como o Governo geriu e como sai destas semanas de crises sucessivas não é linear: mesmo assim, a maioria (55,2%) acredita que o Executivo liderado por Costa “ficou fragilizado na sequência dos incêndios e do furto de armamento” e 52,4% afirmam mesmo que o primeiro-ministro deve remodelar o Governo.
Note-se que o trabalho de campo foi feito no início desta semana, quando já eram conhecidos os pedidos de exoneração dos secretários de Estado dos Assuntos Fiscais (Fernando Rocha Andrade), Internacionalização (Jorge Costa Oliveira) e Indústria (João Vasconcelos) no âmbito do 'Galpgate' e a intenção do primeiro-ministro de mexer no Governo, mas sem tocar nos ministros.